Esclareci, no "post" anterior, o meu conceito de raça humana, que considero apenas definivel do ponto de vista cultural. Aí as diferenças são flagrantes, mas de foro unicamente ontogénico (de desenvolvimento), sendo o genético - onde as diferenças não são significativas - como um monte de barro que o meio molda. Na ontogenia interessam, portanto, coisas como a educação (familiar e populacional) ou até o ecossistema do local onde o indivíduo estudado cresce. Se ele crescer num ambiente de guerra, por exemplo, vai ser uma pessoa diferente de um clone seu (genéticamente idêntico) que cresceu em tempo de paz.
Inerente à espécie humana, está uma xenofobia latente, que emerge sempre que o indivíduo se vê confrontado com algo a que não está habituado, e tem diferentes níveis de reacção conforme as diferenças e/ou os estímulos anteriores de cada um. A somar a isto temos as ideias pré-concebidas: Se cresci a ouvir histórias (ou estórias) de ciganos enganadores e assassinos por dá cá aquela palha, e ainda por cima, em quase todos os contactos que tive com pessoas dessa cultura parecem confirmar essas histórias, é natural que me sinta pouco seguro na presença deles. É verdade que também eles partem do princípio de que eu não confio neles, e por isso me hostilizam mais. Em ambos os casos podemos ver racismo. Se calhar nem eu, nem o cigano que me hostiliza temos culpa, foi-nos incutido.
Mas não é a isso que eu chamo racismo. Chamo racismo a todos os actos de discriminação que prejudiquem um indivíduo ou grupo, tendo apenas como base as características físicas normalmente associadas às "raças".
É racismo obrigar os empregadores a um número mínimo de indivíduos de minorias rácicas, por exemplo. Prejudica os que não fazem parte das minorias, além de não fazer sentido, por não fazer sentido falar-se em raças humanas.
Do ponto de vista cultural, por outro lado, faz todo o sentido que os empregadores prefiram este ou aquele tipo. Só no emprego estatal é que não se deve ter em conta nada para além do currículo. O empregador privado, em caso de dúvida (empate, ou algo próximo, curricular), tem todo o direito a escolher quem prefere. Quem corre o risco é ele.
Sei que o que aqui escrevo não é politicamente correcto, nem foi essa a minha intenção. Não pensem que não sou generoso, ou que sou insensível, apenas acho que a emoção (como a pena) não tem nada que se intrometer nas discussões racionais. Eu sou solidário, ou não, por decisão minha, e ninguém tem nada com isso.
É que há por aí muito anti-racista que o é por imagem, ficando "bem" na fotografia.
Eu sou anti-racismo, por que admito que tanto o mal, como a solução, começam em mim.