quinta-feira, novembro 17, 2005

Distribuição de bens

Defenda-se, então, a distribuição equitativa de toda a riqueza e bens mundiais. Que fazer com todos os bens cujo número é inferior à população humana? A sua distribuição é impossível. Pode fazer-se uma de três coisas: destruí-los, para que ninguém os possua a mais que os outros; ou construir mais, para que todos os possuam por igual; ou torná-los propriedade comum, para usufruto geral.
A segunda hipótese parece-me impossível por duas razões: é uma tarefa hercúlea fazer equivaler a manufactura seja lá do que fôr à velocidade de crescimento da população humana; em segundo lugar, quero ver alguém dar-se a esse trabalho se não fôr para melhorar o seu nível de vida, algo impossível quando se quer que todas pessoas tenham exactamente as mesmas coisas.
A terceira hipótese levaria a comportamentos competitivos que a distribuição de bens pretende eliminar. Ou alguém acha que, nos depósitos onde se guardariam os bens comuns, ninguém teria em ideia chegar antes dos outros todos para escolher o melhor, ou simplesmente usar os bens, em número insuficiente para satisfazer toda a gente? Ou que estalariam conflitos pessoais por alguém alegar que precisa mais que o outro. Podia tentar regular-se. Mas quem faria o serviço sem recompensa?
Sendo assim defendo a destruição.
E sem necessidade de produzir, o dinheiro deixaria de ter valor. Nem a troca directa valeria a pena, já que desiquilibraria as posses entre os negociantes.
A humanidade estagna. A sociedade desmorona-se.
E recomeça tudo de novo, em economia selvagem e solidariedade individual. Até nascer um novo Karl Marx (que viveu sempre às custas dos outros).
Por mim, tudo bem.
(Este exercício mental tem por princípio que ninguém teria vontade de deturpar a ordem mundial em favor próprio, que o Homem não é ambicioso...)
(Bem sei que exagerei, mas é isso que faz uma caricatura)

2 comentários:

Gonçalo Taipa Teixeira disse...

Abtúrsio: Cabe-te a ti, e a mais ninguém, ajudar. Se toda a gente ajudar por si (e não decidir pelos outros), imagina a fome que não se mata! Mas o facto de haver um estado que me escolhe as obras de caridade, perco vontade, e liquidez, para fazer caridade por mim.
Além disso, os problemas de que falas, devem-se a pessoas de má índole ou mal formadas, e não com um mau sistema. (Ou não achas ue na distribuição de bens não tem o mesmo problema, o "chico-espertismo"?)

Gonçalo Taipa Teixeira disse...

A "obra" inclui dar dinheiro ou bens sem retorno a outros estados.
O estado não é uma ONG. O estado pode ajudar, sempre com contrapartidas.