terça-feira, maio 30, 2006

Não é fácil ser solidário...

"Cavaco Silva quer "insuflar um novo espírito de solidariedade" na sociedade". Muito bem. Comece-se por aliviar a contribuição social dos cidadãos, para que estes tenham disponibilidade financeira para serem solidários por iniciativa própria.
Ao cobrar-se elevadas taxas sociais aos contribuintes, para que o Estado pratique a solidariedade por eles, retiramos-lhes a obrigação moral e os meios para ajudar o próximo. A iniciativa privada é abafada e tornada redundante (talvez não do ponto de vista social, mas do psicológico) pela obra de caridade gigantesca, ainda por cima injusta e ineficaz, a que chamam de Estado Social.
Enquanto se cobrarem elevadas taxas sociais, quem tem obrigação moral para fazer solidariedade é o Estado. Eu dou, ou não dou, a minha quota?

segunda-feira, maio 29, 2006

Farmácias de quem...?

Escrevi um comentário a este post no blogue "Impressões de um Boticário de Província", e achei que o devia publicar aqui. São palavras minhas, é a minha opinião, e aqui está:
Começo por dizer não me atrapalha em nada a liberalização das farmácias, sem restrição nenhuma. O responsável pela receita do medicamento é o médico, e o auto-medicado que use e abuse de medicamento cuja venda não exige receita médica é, por princípio, maior e vacinado.Tanto quanto sei, as faculdades de farmácia não formam logistas, mas farmacêuticos: técnicos cuja função é fazer os medicamentos. Ou há alguma cadeira de "Atendimento ao Público" naquele curso que eu desconheço?

O Português dos lusos cidadãos

Não sou, nem de perto, nem de longe, um especialista da língua portuguesa, mas esforço-me por não deixar que a interpretação daquilo que escrevo ou digo fique por mentes alheias. Além disso uso e abuso de dicionários e exponho frequentemente dúvidas que tenha a quem sabe ou pode vir a saber mais facilmente. Não gosto de dar erros, nem em Português, nem em qualquer outro idioma em que me veja obrigado a falar ou escrever.
Mas nem todos são assim, incluindo pessoas com maior responsabilidade que eu na correcta difusão da língua materna, como jornalistas e comentadores, incluindo os desportivos. São frequentes os atropelos ao português em revistas, jornais e até nos discursos (escritos, porque quando se dizem coisas de cabeça, há erros que se admitem) dos nossos dirigentes políticos.
O Aves Raras mostra aqui um erro que altera o sentido da frase. Mas outros se lêem e ouvem no barulho informativo, ou que pretende ser informativo, deste país. São, por exemplo, as revistas côr-de-rosa com os seus "fulano e fulana tal casaram" sem responder à pergunta óbvia, "casaram quem?". Casaram os filhos? Ou casaram-se...?
Há erros admissíveis na linguagem oral, muito poucos na palavra escrita, mas não parece haver um esforço real. Esforço...

sábado, maio 27, 2006

Como?

"Ministério propõe que pais participem na avaliação dos professores". É que os pais só conhecem os professores pelo que os filhos lhes dizem, e às vezes nem isso...!

Definições fluidas

Quando Ferreira Leite e Bagão Félix decidiam vender património do estado, subindo as receitas do estado e suprimindo as despesas de manutenção desse património, eram medidas extraordinárias. Os então Ministros das Finanças admitiam esta designação. A oposição de então dizia que eram meios de disfarçar o défice real.
Agora que o governo de Sócrates anuncia medidas semelhantes, não são medidas extraordinárias: são medidas de alienamento de património desnecessário, aumentando as receitas e poupando gastos na manutenção do património vendável.
É difícil compreender o português destes políticos nacionais, se as definições estão sempre a mudar!

quinta-feira, maio 25, 2006

Às custas dos outros

Apesar de sair beneficiado com esta iniciativa como consumidor que sou destes bens, não considero leal da parte do governo. Aliviar o custo de vida dos Portugueses às custas das empresas, impondo-lhes limites à cobrança, é um acto desonesto. Experimentem abrir esses mercados à concorrência. A relação preço/serviços prestados melhora logo!
Naquela peça jornalística pode ler-se umas declarações de um deputado, Renato Sampaio, que me deram arrepios na espinha... "Os telemóveis e a Internet passaram a ser essenciais para as pessoas terem uma boa qualidade de vida. Devem ser considerados serviços públicos, que o Estado concessiona a empresas, que têm a obrigação de prestar um bom serviço", diz este deputado. As empresas que prestam aqueles serviços, ou quaisquer outros, são serviços prestados ao público, ao consumidor, e não devem ter o peso da manápula do estado em cima. Têm, é verdade, a obrigação de prestar um bom serviço, não porque o estado assim o impõe, mas porque a sua sobrevivência no mercado assim o exige.

Parece que...

Em 1998 houve um Verão com especial afluência de turistas a Lisboa, ou pelo menos foi o que o governo de então declarou, por causa de um evento especial - a Exposição Mundial de Lisboa. Se bem me lembro, a gare do aeroporto de Lisboa ainda não era o que é hoje em dia (alguém me corrija, se me engano).
No princípio do Verão de 2004, outro evento trouxe uma enxurrada de turistas para o aeroporto de Lisboa - o Campeonato Europeu de Futebol. As queixas não foram assim tantas.
A ANA veio agora a público prever deficiências na capacidade do aeroporto de Lisboa para receber aviões e turistas este Verão. Não sei de nenhum evento da escala daqueles dois... Então porque será?
Ou os actuais responsáveis da ANA são incompetentes, pelo menos relativamente aos anteriores, ou a propaganda governamental em favor do novo aeroporto na Ota chegou a novos níveis.
É difícil sermos honestos quando o mau exemplo vem de cima...

terça-feira, maio 23, 2006

Bufar, ou não bufar...

No post anterior escrevi alguns exemplos, vagos e ilustrativos, daquilo que acho está nas mãos de cada um de nós fazer para que as coisas corram um pouco melhor neste país de tipos porreiros mas maledicentes.
Quis eu dizer, por exemplo, que quando vejo circular pela faculdade cópias de exames que os professores não queriam que circulassem, em vez de denunciar tiro fotocópias. Usufruo, também, de uma trafulhice. Devo dizer que não percebo porque raio os professores não disponibilizam os exames anteriores, a não ser por preguiça de fazer exames e perguntas novas. Mas serve este exemplo para ilustrar a falta de ética que, de uma forma ou outra, todos nós vamos mostrando.
Somos um povo que permite que um vizinho se glorifique com um esquema de fuga aos impostos sem ser sequer recriminado. Já nem falo de de denunciar, mas pelos menos reprovar-lhe o comportamento...! Em vez disso, ainda somos capazes de lhe pedir lições...
Assim não há fiscalização que aguente!

domingo, maio 21, 2006

Portugal dos Portugueses

Os governos, em Portugal, atropelam-se em demagogia. Nada fazem de real que torça vontades, ou mexa com tumores instalados. Mais vale levantar o mínimo de ondas, a ver se o barco do partido não capota. De quem é a culpa?
É tua, que és mal servido num restaurante e te limitas a ficar chateado e não dar gorgeta, em vez de escrever no livro de reclamações. É tua, que vês alguém atirar um papel para o chão, mesmo tendo uma papeleira a cinco passos de distância e te limitas a abanar a cabeça, em vez de interpelar o porco e avisá-lo de que deixou cair qualquer coisa. É tua, que reclamas em casa, com os teus amigos, contigo próprio, mas nunca com quem tem responsabilidade.
É tua, que ao veres que os os outros se dão bem com trafulhices, em vez da denúncia preferes seguir-lhes as pegadas. Tens os políticos e governantes que escolheste e mereces.


P.S.: Eu, infelizmente, incluo-me nalgumas destas culpas...

O outro festival

Acabou hoje o Congresso do PSD. Marques Mendes diz a plenos pulmões que é preciso emagrecer o Estado. Calha bem nesta época em que o combate à obesidade está na moda, mas é um discurso já sobejamente ouvido. Todos dizem, oposição ou governo, que há demasiados funcionários públicos, que os que existem estão mal aplicados aqui ou ali, mas ninguém assume o despedimento. "Rescisão amigável", como sugeriu, com pouca originalidade, Marques Mendes, não deixa de ser um despedimento sem justa causa. É só mais pacífico. É como o divórcio de mútuo acordo, versus o litigioso, ou até o divórcio unilateral que o BE andou por aí a sugerir.
Ninguém quer dizer claramente que a redução de funcionários públicos é urgente, e que mais vale mandar alguns (se calhar, muitos) arranjar trabalho para outro sítio (até porque muitos só têm emprego, falta-lhes o trabalho), ou até inventarem o seu próprio emprego. Seria perder votos. E enquanto o país político se reger meramente numa economia de votos e favores, nada de estruturante será realmente feito.
No ser individual há lugar para sentimentos. Numa empresa (como o Estado), não.

Derrota do Festival

Ganhou o Hard Rock!!
Mas os meus favoritos, pelo gozo que deram, e com boa pontuação para quem foi sempre assobiado à entrada e à saída do palco, eram estes.
O Festival, com as suas bandinhas de meninas e meninos que só abanam as nádegas e os decotes, perdeu.
A propósito... Repararam em quem é que os Portugueses mais votaram? Uma loura de coxas à mostra, coladinha à Shakira... Só compreendo pelas coxas...

sexta-feira, maio 19, 2006

Cartéis, lobbys e coisas afins

Leia-se com atenção este texto do AA, no A Arte da Fuga.

Os palpites do Código

Devo dizer que não li o "Código DaVinci", mas fui desafiado, num estabelecimento que também vende livros, a dar uma vista de olhos ao manuscrito. Uma coisa, logo no início, me saltou à vista: Brown abre o livro apresentado-nos três factos. Não sei para que é que se abre uma obra de ficção com factos, a não ser para dizer ao leitor mais crédulo que tudo o resto é mentira, ou para dar um ar real à obra. Se a verdadeira é esta segunda hipótese, trata-se de uma grande manobra de desonestidade intelectual. Admitamos que não é assim, até para conservar saudável o ambiente desta conversa.
Um facto é, regra geral, algo tido como dificilmente refutável, pouco discutível. Ora, um dos factos apresentados pelo autor do best seller, é o de que no principio do século XI foi fundada uma seita dentro da Opus Day, chamada Preorado do Sião. Já tinha ouvido um declarado membro da Opus Day afirmar que tal seita nunca existiu, mas tenho sempre tendência para desconfiar do que se diz existir ou não pelas bandas de organizações semi-secretas. Depois vi o documentário referido no meu anterior post, no qual essa questão é discutida, e descobri que, afinal, existe muita discussão à volta daquele tema. Houve até um momento em que um dos autores do livro "Holly Graal, Holly Blood", de onde Dan Brown tirou o seu facto, confessa não ter quaiquer provas que corroborem a sua teoria, que é um palpite, um exercício divinatório. E chama-lhe o autor do "Código" um facto.
Não quero com isto dizer que a teoria seja falsa por estas tropelias, mas que não ganha nada com isto, antes pelo contrário. Honestidade acima de tudo.

quinta-feira, maio 18, 2006

O código dos palpites

Dan Brown escreveu um livro. Nele o autor explora uma teoria de um outro livro "Holly Graal, Holly Blood". Vi isto e outras coisas num documentário da BBC que acabou agora na 2:, em que o actor, que aqui serviu de apresentador (era o actor que fez de Baldrick nas quatro séries do Black Adder, mas não me lembro do nome), sai numa busca à verdade do livro.
Pelo que ouvi da própria boca do autor do livro, este foi escrito para revelar uma dolorosa cabala da Igreja para abafar a verdadeira história da vida de Cristo. Pôs-lhe uma capa de ficção em cima, e disparou uma data de hipóteses e palpites. Eu não o faria. Eu escreveria uma obra mais científica, mais consistente, sem misturar o sério com a fantasia, confundindo os leitores, que ficam sem saber onde acaba a ficção e onde começa a afirmação séria do autor.
Entre as várias afirmações, contradições, suspeitas, palpites e assumpções menos provadas, o Baldrick foi deixando cair as diferentes teorias por terra, entre embustes e afirmações sem nexo. Lá pelo meio, algumas coisas foram ficando na minha consciencia, jogando bilhar com os meus neurónios (algum uso têm que ter). A tese de que Maria Madalena seria o primeiro discípulo, muito próxima de Cristo, e que talvez tenham tido descendência em conjunto, não me assusta nem um pouco.
Cristo foi um activista dos direitos humanos, advogava contra a ordem social da época, e dar a uma mulher um lugar de destaque encaixa nesta lógica. Existe até a hipótese de que há um Evangelho segundo Maria, e que foi escondido, tal como a presença mais significativa de Maria Madalena na vida de Cristo, por não ser de fácil aceitação na altura uma mulher representar tal papel. Mas os defensores desta teoria vão mais longe e dizem que eles eram casados. Se assim fosse, qual seria o interesse em apagar um matrimónio da vida de Jesus? Não seria mais interessante tomá-lo como exemplo da família cristã? Se Cristo tivesse procriado com Madalena fora do casamento, aí sim, teríamos um escândalo digno de ser apagado pelos homens da época. Não afasto esta hipótese.
Mesmo assim, tendo estas hipóteses, e outras, em mãos, não me arrefece em nada a minha fé em Cristo e nos seus ensinamentos. A mensagem permanece, e é isso que me interessa.

quarta-feira, maio 17, 2006

Ditadura

O direito de propriedade desaparece aos poucos.

Vem aí

Vem aí o "O Código Da Vinci", o filme. Há já quem defenda o boicote, por ser um ataque à religião Cristã. Não é. O livro é uma obra de ficção, não um artigo histórico cientificamente tratado.
Não li o livro, vou ver o filme. Tenho curiosidade em ver qual é o grande interesse.

segunda-feira, maio 15, 2006

A justiça infanto-juvenil

Ao conduzir a minha fiel viatura, ouvindo rádio, aos saltos entre a BestRock, a RCP e a TSF, fui atingido por um iluminado rasgo de imbecilidade naquela última estação. Era uma promoção a um qualquer programa daquela rádio, que tinha por objectivo discutir a violência nas escolas. Ouvem-se dois excertos de relatos de professores: um que atingiu o limite da sanidade quando um aluno arrebentou os lábios a outro, e chegou a roupa ao pêlo ao primeiro; a outra descreve que foi atirada ao chão e pontapeada por uma aluna, tendo saído do encontro carinhoso com costelas partidas e vértebras deslocadas.
O terceiro excerto chocou-me mais que os anteriores, já que uma qualquer informada faz uma declaração que me deixou algo zonzo. Diz este ser superior que não acredita que uma criança ou um adolescente tenham reacções violentas como aquelas em relação a um professor que seja justo para com eles...
Devo deduzir, então, que esta senhora considera que antes dos dezoito anos, o ser humano é incapaz de ser injusto, logo, a injustiça tem que vir do adulto com personalidade totalmente formada.
Devo dizer que foram muitas as alturas em que me senti injustiçado, tanto no secundário como no liceu, mas nunca usei violência física contra os docentes. Aliás, olhando para trás, tenho noção de que muitas das vezes a injustiça partiu de mim (ou se calhar não, porque tinha menos de dezoito anos). Lembro-me da professora de francês do nono ano que me deu sempre três, tendo eu notas para cinco, e me chegou a confessar que o que ela queria era dar-me o dois, chumbar-me, porque não lhe caí no goto. Devo dizer que esta senhora teve um acidente (não fui eu!!) e não pôde acabar o terceiro período. A docente que a substituiu deu-me quatro, e explicou-me que não me podia dar o cinco porque não sabia porque é que a sua antecessora me dava o três...
É preciso ter sempre em conta que nem o professor nem o aluno são imunes a praticar injustiças, e que fazer declarações como aquela só serve para desculpabilizar os meninos, e dar ideia aos pais mais parvinhos de que o seu filho, que acabou de esfaquear o profe de matemática, teve alguma razão para o fazer... Não é este o futuro que pretendo.

quinta-feira, maio 11, 2006

Piada à Pátio das Cantigas

Tenho a dizer que estou em Queima...
_ Ai queima, queima!... Lá isso queima!

domingo, maio 07, 2006

Dia da Mãe

Depois de tantas gerações lutarem pela emancipação das mulheres, exigirem iguais direitos para os dois sexos, ficou esquecido um direito que à mulher sempre assistiu: o direito a ser mulher.
Tratam-se como tolas ou traidoras todas aquelas mulheres que escolhem ser donas de casa, mães a tempo inteiro, como se isso as diminuísse. Hoje em dia impõe-se às mulheres que sejam homens, como se a igualdade de direitos impusesse também a igualdade de personalidades ou biológica. Já pouco falta para se exigir aos indivíduos do sexo masculino que engravidem.
Os cérebros masculinos e femininos são diferentes, reagem de formas diferentes aos estímulos, assim como o resto do corpo comporta diferenças sexuais.
Que uma mulher deve usufruir dos mesmos direitos que o homem, não ponho em causa, e até defendo, mas daí a pressionar socialmente as mulheres serem iguais aos homens… Haja bom senso. Até parece que ser mulher é ser inferior.
Assumam-se as diferenças, equivalendo os direitos.

sábado, maio 06, 2006

"Eu não! Mas 'eles' são uns incompetentes!"

Há já quase um mês, penso eu, vi uma notícia do encerramento por falência de uma qualquer panificadora em Lisboa. Os trabalhadores da dita esbracejavam à porta, vociferando a quem passasse a incompetência do patrão. Perdiam o emprego, compreendo a exaltação, mas não compreendo as argumentações que roçavam a parvoíce.
Entre os bitaites que se ouviam, houve um que me saltou à consciência com maior violência, não pela parvoíce, mas pela idiotice que quase caiu na imbecilidade. Dizia uma trabalhadora daquela empresa que esta faliu por incompetência, que toda a gente precisa de pão, e que se ela abrisse ali uma padaria faria dinheiro... Então porque é que não abre!?!?
O equipamento está lá, provavelmente à venda por preço típico de falência, ela tem algum know how (em princípio), que pode ser completado pelos colegas que se queiram aventurar com ela. O financiamento não há-de ser assim tão difícil para um grupo tão competente.
Mas arriscar, assumir responsabilidades, isso ela não quer. Que venha o próximo incompetente e a contrate...

sexta-feira, maio 05, 2006

A evitar

Ler este artigo na secção de política do jornal local de Vila do Conde, Terras do Ave, da autoria do energúmeno, filho de Mefistófeles, criador deste antro imoral de maldade e sem coração, o blogue Strix aluco.

Momento eureka...?

Depois de tantas gerações a lutar pela emancipação da mulher, pela igualdade de direitos entre os sexos, parece que desapareceu o direito da mulher... ser mulher.

quarta-feira, maio 03, 2006

Desemprego

Existem, quanto a mim, duas formas de combater eficazmente o desemprego. Pelo pouco que me tem sido dado a perceber, podemos criar emprego artificialmente, através do Estado, ou criar condições para que o emprego surja por si, pela mão da sociedade civil.
Podemos escolher a via mais rápida, criando vagas suficientes para todos na estrutura do estado, ou até, radicalizando, nacionalizando as empresas que laboram por este país fora, e empregando mais do que o estritamente necessário para o funcionamente destas. Este método parece-me mais rápido mas, além de injusto para quem trabalhou uma vida inteira a criar uma mais valia sua e assim a perde, tornando-se empregado do Estado, é também prejudicial para os cofres públicos. Garantindo o Estado o rendimento de todos os seus cidadãos, produzam mais ou menos, se de todo,vai precisar de gastar mais. O excesso de mão-de-obra em cada função subiria os gastos da produção em causa, sendo assim ou os preços sobem, ou descem os salários, ou o Estado fixa os preços. Se os salários descem, desce o poder de compra. Se sobem os preços, desce o poder de compra. Se o Estado, dono da produção, mantém os preços artificialmente, mais cedo ou mais tarde tem que subir os impostos sobre os seus empregados, diminuindo o poder de compra. Corre-se até o risco de o Estado começar a pagar em géneros, numa espécie de economia de troca directa entre serviços, através de senhas, perdendo o cidadão comum a possibilidade de escolher o que fazer com o seu rendimento em total liberdade. É o fim do luxo (e não me refiro à mansão, à casa de férias ou ao topo de gama... Tudo o que não é essêncial à sobrevivência é um luxo. Veja-se a televisão, por exemplo).
Individualmente, e como nem todos trabalham por prazer mas sabem que não são despedidos, a produção desce. É possível que a descida de eficácia por indivíduo seja compensada pelo número de trabalhadores, mas aí voltamos ao número de salários por produto. Moralmente criam-se injustiças aqueles que pouco ou nada produzem terem os mesmos direitos e rendimentos que aqueles que efectivamente se esforçam. Dilui-se o mérito.
Se, por outro lado, se criarem condições à sociedade civil para que se mobilize por si e crie os seus próprios postos de emprego, demorará mais tempo. Há quem sugira incentivos pontuais para que grandes empresas estrangeiras se fixem no país, mas esta é sempre uma solução a prazo e que abre a porta à corrupção na luta pelos incentivos. Pessoalmente acredito que o incentivo real e permanente está na facilitação na criação de empresas e no alívio dos impostos sobre os lucros empresariais. Cobre-se, por exemplo, só pelos lucros pessoais. Assim o empresário prefere deixar o capital na empresa, baixando o seu rendimento individual e aumentando a capacidade de investimento da empresa. Com o aumento desta capacidade, potência-se a criação de mais emprego, o que pode gerar mais lucros pessoais taxáveis.
E se o Estado abdicar de alguns serviços que controla, deixaria de ter despesas com estes, abriria caminho a novas empresas, serviços e produtos mais consumer-friendly, e mais lucros individuais para taxar. Com essa eventual poupança o Estado poderia dedicar-se mais ainda (se por acaso já se dedica) à sua função de fiscalização.
Ainda tenho mais algumas sugestões que guardadei para outras ocasiões, pois o tempo é curto, e o texto já vai longo.

segunda-feira, maio 01, 2006

Dia do Trabalhador

Todos parecem advogar que o Dia do Trabalhador seja um dia de sindicatos e do proletariado, como se o patrão, o gerente ou até mesmo o governante não trabalhassem.