Devo dizer que não li o "Código DaVinci", mas fui desafiado, num estabelecimento que também vende livros, a dar uma vista de olhos ao manuscrito. Uma coisa, logo no início, me saltou à vista: Brown abre o livro apresentado-nos três factos. Não sei para que é que se abre uma obra de ficção com factos, a não ser para dizer ao leitor mais crédulo que tudo o resto é mentira, ou para dar um ar real à obra. Se a verdadeira é esta segunda hipótese, trata-se de uma grande manobra de desonestidade intelectual. Admitamos que não é assim, até para conservar saudável o ambiente desta conversa.
Um facto é, regra geral, algo tido como dificilmente refutável, pouco discutível. Ora, um dos factos apresentados pelo autor do best seller, é o de que no principio do século XI foi fundada uma seita dentro da Opus Day, chamada Preorado do Sião. Já tinha ouvido um declarado membro da Opus Day afirmar que tal seita nunca existiu, mas tenho sempre tendência para desconfiar do que se diz existir ou não pelas bandas de organizações semi-secretas. Depois vi o documentário referido no meu anterior post, no qual essa questão é discutida, e descobri que, afinal, existe muita discussão à volta daquele tema. Houve até um momento em que um dos autores do livro "Holly Graal, Holly Blood", de onde Dan Brown tirou o seu facto, confessa não ter quaiquer provas que corroborem a sua teoria, que é um palpite, um exercício divinatório. E chama-lhe o autor do "Código" um facto.
Não quero com isto dizer que a teoria seja falsa por estas tropelias, mas que não ganha nada com isto, antes pelo contrário. Honestidade acima de tudo.
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