segunda-feira, setembro 29, 2008

Tolerância e tal

Hoje em dia ensina-se às nossas crianças que tolerar é aceitar aquilo de que não gostamos nos outros. Não temos que aceitar nada que não queremos o não gostamos nos outros, por mais infundada ou estapafúrdia seja a razão. Tolerar é não interferir negativamente na vida alheia, por mais repugnante que nos seja o hábito, o credo, a ideologia, a estupidez ou outra coisa qualquer, incluindo uma característica física.
Se um indivíduo odeia pessoas que coçam a virilha, tem todo o direito a fazê-lo, e ser-lhes-á tolerante enquanto não pretender bani-los da sociedade. Terá sempre o direito a banir esse hábito da sua casa. Nesse caso mantém a sua intolerância em casa, fazendo uso da tolerância fora dela.
Ser tolerante também é admitir que os outros possam ser intolerantes em relação a nós. Desde que não interfiram com a minha liberdade de continuar a fazer, dizer ou ser aquilo que tanto os chateia, eu tolero-lhes a intolerância.

Ainda nada

Continuo sem rede. E, neste caso, cedo às mariquices da segurança e evito aventurar-me sem a dita cuja. Não é o medo da queda que me inibe a verborreia: é a preguiça. (Ora contem lá os acentos e cedilhas neste texto... Irra!)

quarta-feira, setembro 24, 2008

Ainda sem rede global

Acabado de chegar ao Reino Unido para voltar a labutar pela aprovação dos professores, e tendo em conta que mudei de morada outra vez, ainda não tenho acesso à rede global em casa. Tenho que me contentar com a caminhada, curtinha, até esta sala onde me encontro, uma das duas que a University of Glamorgan disponibiliza para os alunos neste campus de Trefforest. Como será correcto assumir, os teclados são feitos para a escrita anglófona, o que me obriga a escrever códigos de html cada vez que pretendo inserir um acento ou cedilha nas palavras que aqui uso.
Por estas razões, e prometo que mais nenhuma, vejo a minha vontade de escrever no Strix aluco um pouco diminuida. Se existe alguma alma a quem este facto perturbe, nada mais posso fazer senão pedir mil perdões. Assim é a vida...!

domingo, setembro 14, 2008

O trabalho do vizinho...

Num destes programas televisivos que simulam uma discussão democrática com a participação de comuns cidadãos que telefonam a distribuir bitaites, ouvi algo que me deixou perplexo. Falava-se sobre a falta de médicos nos hospitais do estado e o conflito entre a prática privada e o serviço público. Quando um médico de trinta e poucos anos telefona e se defende dizendo que ganha muito mais trabalhando no privado, os participantes seguintes caíram-lhe em cima. Uma senhora insultou-o, que devia ter vergonha. Um antigo combatente comparou o seu serviço em prol da nação (palavras dele) ao médico, conferindo à profissão médica contornos de trabalho em nome de uma causa superior a que o indivíduo se entrega de corpo e alma, abdicando das suas necessidades pessoais.
Tenho más notícias para estes senhores. O médico é uma pessoa normal, com necessidades e desejos comuns à maioria da população. O trabalho de um médico pertence-lhe e ele tem o direito de o vender a quem quiser e pelo preço que bem entender. Ele escolhe seguir um código deontológico, mas isso não dá o direito a seja quem for exigir-lhe que trabalhe em prol de um abstracto bem comum.
Pensam, estes senhores, que o trabalho alheio lhes pertence. É a mentalidade opressiva do PRaEC (Processo Revolucionário ainda Em Curso).

Já está.

Já está. A minha irmã já é uma mulher casada, e eu um jovem trintão que se arrepende de não ter dançado ainda mais.

sexta-feira, setembro 12, 2008

Cuidado com os burocratas!

Hoje foi dia de contas aos acidentes de trabalho por parte da comunicação social televisionada. Pelo menos aquela que eu vi. Esta repentina preocupação faz eriçar os meus cabelos do pescoço. Adivinha-se uma reacção por parte dos burocratas. Há quem não espere outra coisa, para contrariar as estatísticas. Porque as estatísticas são mais importantes que as pessoas, e um governo (conjunto de burocratas e reguladores, fãs incondicionais da engenharia social, que se revezam nas cadeiras de projectistas-mor da nação) pode perder votos se aquelas estatísticas, que reduzem um indivíduo a uma massa disforme de números, não derem a impressão de que este mundo anda perto da perfeição. Enquanto a liberdade definha em nome de uma sociedade desinfectada e livre de azares, aselhices e idiotices.
É de esperar que se legisle e regulamente, de forma a que os trabalhadores tenham cada vez menos liberdade de escolha em troca de segurança que, devidamente informados, os próprios podem zelar. Mas é mais fácil manter as ovelhas no curral que informá-las dos perigos e potenciais consequências de sair do curral. Para além de que há sempre uma ovelha negra ou duas que, apesar da informação, escolhem arriscar sair do curral e correr riscos. São ameaças para as estatísticas perfeitas.
Meus caros burocratas, engenheiros sociais e seus incondicionais seguidores: o mundo não é um local perfeito. "Shit happens". A minha liberdade, tal como a de cada um de vocês, é mais preciosa que as estatísticas. Mesmo aquelas que estão contra mim.

Isto dá trabalho

Depois de alguns problemas com a a recepção de rede em casa, eis-me de volta.
Acordado a estas horas, sim, num esforço de ajudar a minha irmã a dar os últimos retoques na organização do seu casamento. Isto dá trabalho, garanto-vos. E cansa de várias maneiras diferentes. Desde o esperado cansaço físico até ao cansaço psicológico causado pelo stress por que passo enquanto assisto, sem me meter para bem da minha saúde mental, nas batalhas de vontades, opiniões e dicas.

quarta-feira, setembro 10, 2008

Quadros electrónicos, e interactivos, e tal

Anunciam-se quadros especiais e outras coisas fantásticas como solução para combater o insucesso escolar. Quando eu andava na escola não havia nada disso. Deve ser por isso que sou um analfabeto. Talvez deva processar o estado por isso.
Tenho que concordar que é bom para os alunos ter contacto com as novas tecnologias desde tenra idade, mas não se pense que é por isso que estas gerações serão mais inteligentes ou terão maior capacidade de aprendizagem. Nem é só porque o estado deseja combater estatísticas, em vez de deixar o indivíduo desenvolver-se livremente na sociedade, ou não, que as crianças deste país vão aprender mais e melhor.

terça-feira, setembro 09, 2008

Boas notícias, Sócrates, pá!

Pelos vistos, este ano houve menos chumbos nos ensinos básico e secundário em relação à última década. São, obviamente, boas notícias para Sócrates. O facilitismo começa a dar os frutos de curto prazo. A longo prazo também não interessa; não é Sócrates quem vai ter de lidar com os futuros mimados no mercado de trabalho.
Além do mais, Sócrates ficará contente em fazer ver a todos quantos o criticaram e apontaram o dedo, de que é realmente possível obter-se um título académico com pouco ou nenhum esforço.

segunda-feira, setembro 08, 2008

Igualdade e o espírito humano

A igualdade de rolo compressor que pretende nivelar as vidas dos cidadãos, transformando os sonhos de cada um em algo de supérfluo e a evitar levantar acima do objectivo comum: A sociedade perfeita, na qual ninguém tem motivos de inveja do vizinho do lado.
Ora, se todos vivermos vidas miseráveis e sem objectivos próprios, é óbvio que ninguém deseja ter o que o outro tem. Ou seja, nada. Ou quase.
Mas é dessa inveja que nasce a ambição. E é através da ambição que o indivíduo evolui e se supera. Sem ambição, o indivíduo acomoda-se e estagna. Há invejas e ambições doentias, é verdade, mas nada é perfeito.
Esses senhores da burocracia em nome de uma igualdade forçada depressa se apercebem, no meio de todas as suas boas intenções, que a única maneira de criar a sociedade perfeita por eles imaginada, passa por suprimir as vontades e desejos individuais. Sendo assim, estes donos da razão alheia, cheios de visões e soluções para a vida dos outros, acabam por defender a igualdade moldada à força contra a liberdade e o livre arbítrio.
Além disso, o indivíduo ambicioso cria ambição à sua volta. Este indivíduo quer melhorar o seu estilo de vida, e por isso inova e quer melhorar-se a si próprio. O esforço que este faz acaba por arrastar outros com ele, seja por que trabalham para ou com ele, seja pelo exemplo que vêem nele. Mas os burocratas que tudo sabem cortam este progresso individual antes que infecte mais alguém. Tiram-lhe parte dos lucros em troca de serviços que ele não pediu, nem usa. Para que avance na sua demanda por melhores condições, vê-se este empreendedor obrigado a pagar autorizações para tudo e mais alguma coisa. Tudo isto em nome da igualdade.
Se eu não posso ter mais do que tenho, ou distinguir-me do meu vizinho pelo meu sucesso, então nem me vou esforçar. Se os mínimos para a sobrevivência me caem no colo, e a ambição de querer mais me é amputada em nome da igualdade, não me esforço.
Na constituição dos EUA escreveu-se que todos os homens nascem iguais. Isso é igualdade. Também lá está escrito que todos os homens têm direito à "pursuit of happiness". Repare-se que não diz que os homens têm direito à felicidade, antes a tentar lá chegar. Até porque quem já não tem objectivos a atingir, não pode ser feliz.

sábado, setembro 06, 2008

A igualdade entre os homens (continuação)


As pressões sociais (é comum classificar-se um vizinho que tem um pouco mais de sucesso de malandro ou aldrabão, quando não se usam termos piores) são alimentadas pelas invejas inerentes à natureza humana e pela retórica socialista, que em vez de tentar convencer o invejoso a converter esse sentimento negativo em ambição de fazer melhor, convence a população de que devem entregar toda a sua ambição ao bem comum. Existe uma cultura quase religiosa de que quem tem sucesso, o obtém através da exploração do próximo.
Mas esta igualdade de nivelamento forçado já se infiltrou nas nossas leis fundamentais. O politicamente correcto, que é o argumento mais usado para justificar a censura, assim obriga. Assim temos leis que dão mais direitos a certos grupos que a outros, com base em género, raça, inclinação sexual ou outra qualquer desculpa para reinvindicar discriminação positiva de tratamento. E falo do tratamento por parte das instituições estatais, que são as únicas que devem ser obrigadas a tratar todos os cidadãos por igual. Mas o que acontece com estas leis de equilíbrio forçado, é que os cidadãos do sexo masculino que fazem parte das maiorias raciais e não se desviam do padrão em termos de inclinação sexual, são negativamente discriminados em relação a todos os outros. Isto não é igualdade perante o estado. Há uns mais iguais que os outros, e sempre que se discrimina positivamente alguém em relação a outro, estamos a discriminar negativamente este último.
E mais ainda: estas leis não se limitam a criar discriminação por parte do estado. Elas obrigam também os privados às mesmas práticas desiguais. Os privados, que nem deviam ser obrigados a ser politicamente correctos pelo estado. Pressão social, através de pressão económica por parte da clientela, é uma coisa. Agora, retirar o direito a um privado de ser um idiota já é demais.
Igualdade entre os homens significa que não me podem impedir de ter acesso à vida em todas as opções que eu possa tomar por iniciativa própria, desde que as minhas opções não interfiram directamente com a mesma liberdade nos outros. Igualdade entre os homens não significa que se eu trabalhei para comprar um chapéu, tenha que partilhar o meu chapéu com o meu vizinho. Fá-lo-ei, se assim desejar.

A igualdade entre os homens

A religião Cristã, na qual fui educado, apregoa a igualdade de todos perante Deus. Não quer isto dizer que na hora da morte não interesse o que se fez durante a vida. Esta igualdade não é como um rolo compressor que nos mantém a todos ao mesmo nível enquanto respiramos, tornando irrelevantes as nossas boas ou más acções. Esta igualdade refere-se apenas ao ponto de partida, à forma como os Cristãos acreditam que Deus nos avalia à partida e o modelo em que se baseia para nos julgar no purgatório.
Fora da religião, e neste país de mentes lavadas pelo PREC, também se confunde a igualdade com um rolo compressor. Existe, em Portugal, uma obsessão pelo direito à igualdade, o que não é mau só por si. O problema é que se confunde a definição de igualdade. Para os socialistas deste país (e não me refiro só aos partidos da nossa esquerda, mas antes a todos quantos defendem modelos de uniformização social), esta igualdade deve ser imposta, ao contrário de praticada.
Estes ditadores da boa vontade vêem o direito à igualdade como uma desculpa para uniformizar os seus cidadãos dentro de uma sociedade sem ambições individuais, mas antes possuidora de um objectivo colectivo. É assim que a aplicação desta definição de igualdade serve como desculpa para o tal rolo compressor que nivela os indivíduos por baixo e os quebra ao menor denominador comum. Assim se domam e moldam vontades, uma vez que o indivíduo que teria ambição de se esforçar por ser melhor é desmotivado quando se depara até com a depreciação que sofre por parte dos seus pares menos ambiciosos. E isto são só as pressões sociais.
(Continua)

quarta-feira, setembro 03, 2008

Wall.e tem que se lhe diga

No fim de tarde de hoje aproveitei que ia pôr o meu fato a lavar, já que a minha irmã se casa daqui a semana e meia e eu preciso de estar no meu melhor, e fui ver o filme Wall.e. Pode parecer estranho pensar "ah, vou ali à lavandaria e aproveito para dar um salto ao cinema", mas é preciso ver que eu não tenho horários no momento. Digamos que o tempo me vai sobrando, mesmo entre os vários projectos em que me tenho embrenhado. Mas vamos ao filme.
Não quero aqui fazer grandes considerações e ou críticas muito técnicas e cinematográficas. Quero só falar daquilo que me chamou mais a atenção e do que me interessa do ponto de vista da mensagem. O filme retrata uma sociedade em que os seres humanos não fazem nada mais senão consumir. E só há um fornecedor de serviços que trata do bem-estar dos seus consumidores em regime de monopólio, incluindo as decisões acerca das modas e gostos. Os cidadãos/consumidores desta grande nave espacial quase nem se mexem, obesos e rendidos a uma vida em que as máquinas fazem tudo por eles, incluindo ver. Sim, ver. Estas pessoas vivem em cadeiras reclináveis que os levam a todo o lado, com três ecrãs holográficos à frente da cara. Por estes ecrãs eles comunicam uns com os outros, vêem as novas modas e praticam desporto. Sim. Desporto. É óbvio que dão comandos a robots que fazem a parte física por eles. Estes seres humanos decidem muito pouco por si nem questionam nada do que é decidido pelo fornecedor de serviços. Estes seres vivos prescindiram da alma pela sobrevivência. E é o pequeno Wall.e quem causa distúrbios nesta sobrevivência e os faz ver que faz parte da natureza humana arriscar-se a viver ao invés de se resignar com a sobrevivência.
Esta é uma boa mensagem para todos quantos acreditam que a sociedade humana emana do estado, e se resignam à segurança da asa paternalista deste em troca de sobreviver. Pessoalmente não quero deixar que a minha alma fique obesa e inactiva. Quero viver.

Nota pessoal: A curta-metragem que antecede o filme é hilariante. A ver (sou mauzinho, não sou?).

segunda-feira, setembro 01, 2008

Manhosos

A Brigada de Trânsito da GNR resolveu colaborar com a festa de uma concentração de Tunning controlando todos os carros que lá entrassem. E multou todos pelas alterações feitas aos carros...
Não gosto, regra geral, daquela actividade. Se esses cidadãos querem alterar o seu automóvel ao seu mau gosto, eu não tenho nada a haver com isso. E não me parece que a imagem da BT ganhe muito com comportamento tão manhoso, nem com a colaboração com leis tão fascistas como estas.