terça-feira, maio 31, 2005

Pois...

Até João Cravinho acha esquisito... Ou está com inveja...?

O Presidente da República pede muito...

Pelos vistos, o nosso PR ainda acredita que os Portugueses são capazes de mostrar qualquer tipo de patriotismo, além daquele que envolveu a selecção nacional de futebol durante o Euro 2004. Até mesmo esse patriotismo de varanda, da boca para fora, só existiu porque a selecção fez boa figura.
Os Portugueses são, regra geral, egoístas. Sem orgulho nenhum na História do país, nem interesse em assegurar um bom futuro à nação.Sem benefícios pessoais, o Português em geral só consegue dizer mal do próprio país, e nada quer fazer para o melhorar.

segunda-feira, maio 30, 2005

O terceiro do dia!

É o terceiro post do dia... Mas tinha que o fazer. Por descargo de consciência, e para que não me acusem de só dizer mal do governo, queria só dizer que me agrada muito a ideia de acabar com a caixa das aposentações, e o consequente fim da reforma doce para os funcionários do estado. Vão ficar com a mesma reforma que todos os outros.
Os outros, os trabalhadores do sector privado, que têm que trabalhar a sério para manter o emprego, e ainda mais para subir na carreira. Não digo que TODOS os funcionários do estado são calões, mas podem sê-lo. São praticamente intocáveis.
Meus amigos... vai doer.

Afinal há dinheiro!

Segundo o Diário Económico, o Governo planeia mudar os gestores das empresas públicas, incluindo pôr o Dr Nuno Cardoso na Águas de Portugal. Os outros gestores são assim tão maus? Se assim não fôr, não se pode alegar justa causa no despedimento, o que implica chorudas indemnizações.
Para um estado à beira da falência são favores um bocado caros, digo eu...

E as "bolas", onde estão?

Desde quinta, 26 de Maio que nada escrevo. Estive, no meio da ramagem de um qualquer sobreiro deste país, à espera de ver coragem nos pequenos roedores que se dizem responsáveis pela condução da nação. Vi um único corajoso de "bolas" de ferro: Cadilhe. Não sei se tem razão ou não, mas não é qualquer um que aponta o dedo daquela maneira à instituição (aparentemente férrea) Aníbal Cavaco Silva, principalmente quando era ele o Ministro das Finanças. Foi, talvez, menos corajoso nessa época, já que podia ter batido o pé ao Professor.
Muito pouca coragem, para não dizer vergonha na cara, teve o compincha Coelho, ao aproveitar-se do que disse Cadilhe para limpar por completo as culpas dos Governos seguintes (vamos no 5º!)na criação, e manutenção, do famigerado monstro. Os DOIS Governos de Guterres (com Coelho na caçarola) que se seguiram (duraram um mandato e meio, mais ou menos), assim como os dois Governos PSD\PP (que só duraram, em conjunto, pouco mais que meio mandato), podiam ter resolvido o problema. Não houve "bolas"!
Hoje, com o problema sobejamente conhecido, e com a fabricada (e desnecessária) autorização moral do Governador do Banco de Portugal, o Governo do Engenheiro com nome de filósofo não demonstra ter as "bolas" no sítio. Não tem coragem de admitir o erro conjuntural (estou a ser bonzinho) das SCUT's, então aumenta o imposto sobre os combustíveis para cobrir esses aspiradores de orçamentos. Para piorar as coisas, sabendo que o aumento dos combustíveis faz subir os preços em geral, o homem carrega 2 pontos percentuais no IVA. Alguém duvida que isto vai potenciar aquela subida de preços, além de fazer aumentar a vontade de fuga aos impostos?
Falta de "bolas", porque num país à beira da falência, e em que as vendas de carros de luxo têm aumentado, o Governo parece tremer perante a ideia de aumentar o IA para essa classe de veículos. Não acredito que quem compra um carro por 250000 euros, não o compra se este custar mais 12500 euros (assumindo uma taxa de 5%). É mais fácil atacar nos impostos que não atingem ninguém em particular. Concordo com o aumento das taxas sobre o álcool e o tabaco, mas, mais uma vez, parece-me uma escolha fácil, uma vez que quem reclamar muito pode ser facilmente chamado de bêbado ou à atenção de que fumar faz mal à saúde de quem fuma e não só.
Resumindo, atira-se às cegas ou na direcção de quem não consegue apoio moral para se defender.
Post Scriptum: Tirar algumas regalias aos governantes é uma atitude que serve de exemplo, é verdade. Mas é, também, uma forma de adiar os inevitáveis emagrecimentos da máquina do estado. Ser funcionário do estado devia ser um previlégio difícil de alcançar, e não um direito adquirido ou uma plataforma de apoio para se viver na mediocridade.

quinta-feira, maio 26, 2005

Missão na Assembleia da República

Fui ontem à Assembleia da República. Não fui assistir ao debate mensal do Primeiro Ministro, nem tão pouco vi o interior do hemiciclo. Fui lá em missão: entregar um abaixo assinado e esclarecer os partidos com assento parlamentar acerca da necessária protecção da Barrinha de Esmoriz\Lagoa de Paramos. Fui eu e mais dois colegas representar a FAPAS (Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens), entidade que fez um estudo de inventariação das espécies existentes (eu colaborei especificamente com os mamíferos) na Barrinha. Inseridos no Movimento Salvem a Barrinha, os Escuteiros de Esmoriz e a associação Palheiro Amarelo, também de Esmoriz, foram os nossos companheiros de pressão política.
A protecção da Barrinha no panorama nacional é importante, uma vez que esta lagoa costeira é o vértice de três autarquias (Ovar, Espinho e Santa Maria da Feira) que não se entendem: quando uma autarquia consegue para as descargar de efluentes poluentes, uma das, ou as duas outras continuam a permitir essas descargas.
Com uma importância ecológica grande, por ser a única lagoa costeira a norte da Ria de Aveiro, uma Barrinha limpa tem bastante interesse económico, já que pode ser, como já foi, um importante viveiro das espécies piscatórias da zona, para além de ser um local de grande potêncial turístico.
Quanto à política do dia de ontem (25 de Maio), notei um padrão nas respostas dos partidos que nos receberam: o PP evitou-nos, e o BE não nos recebeu depois de ter dito por fax que o faria. Mesmi assim, verifiquei que o PS tem forte interesse na protecção da Barrinha (fomos recebidos por 5 deputados que se revesaram, e um deles até nos pagou o almoço no refeitório da assembleia) que prometeram fazer pressão junto do governo (!), e até quer fazer passar uma lei de protecção de toda a costa nacional (não me parece difícil para o partido que tem maioria absoluta), e quis lembrar-nos que os dois governos anteriores podiam ter resolvido o problem. O deputado do PSD garantiu-nos que tem um forte interesse pessoal no assunto, já que é natural de um concelho vizinho e fazia lá praia quando era criança, e que ia fazer pressão no sentido de fazer ouvir o abaixo assinado, e sem querer atirar culpas de um lado para o outro, lembrou que, quando veio dinheiro dos fundos europeus para a limpeza da Barrinha (que nunca aconteceu e os fundos foram devolvidos!) era Ministro do Ambiente o actual Primeiro. Repito, sem querer atirar as culpas de um lado para o outro.
O deputado do PCP, que foi o que mais interrogou os representantes do FAPAS, mostrando algum interesse na protecção da natureza, e não só no aspecto turístico da coisa, garantiu-nos que se pudesse, o partido já teria feito aprovar a legislação necessária, mas que é um partido com poucos deputados, mas que ia propôr um decreto para dar poder decisório ao parlamento acerca das áreas protegidas... Com "Os Verdes", mais do mesmo: partido só com dois deputados, se dependesse de deles já estava feito...
Resumindo, se é partido com responsabilidades governamentais, vão tentar, e a culpa é dos anteriores. Se o partido é pequeno, então já estaria feito se deles dependesse.
Isto da política parlamentar é, no máximo, giro. De eficaz ou responsável parece ter pouco.

segunda-feira, maio 23, 2005

Autorização para "desprometer"

O Governador do Banco de Portugal, Vitor Constâncio, autorizou o actual governo a contrariar as suas promessas pré e pós eleitorais. Felizmente, digo eu. É, por isso, provável que este governo siga as linhas dos governos anteriores (PSD\PP), principalmente do de Durão Barroso, dando razão à "famigerada" Manuela Ferreira Leite.
Vitor Constâncio sugere aumento dos impostos (Sócrates tinha dito que não), congelamento dos ordenados da função pública (acção tomada pelos governos anteriores, muito criticada pelo actual Primeiro Ministro).
Começo a pensar que a comissão de Constâncio não foi mais que uma desculpabilização deste governo para fazer o que deve ser feito, contra a vontade de quem acreditou nas suas intenções de governo, e lhes deu o voto. Confesso que já tinha pensado nisso, mas preferi dar o benefício da dúvida.
Mesmo assim fico contente se fizerem aquilo que o Governador sugere.

Não falando de futebol

A estupidez e a bestialidade ganharam. Ontem à noite, por terem ganho o título, alguns Benfiquistas foram celebrá-lo para Avenida da Liberdade. Podem alguns tê-lo feito por provocação, mas acredito que muitos, por serem portuenses, quiseram festejar da mesma forma que os adeptos do FCP o têm feito. Direito, aliás, que não se lhes pode negar. Sem saber perder, e sem ter mais nada que fazer que andar à cabeçada, alguns adeptos do FCP (e não todos, como alguns advogam. Eu não estava lá, por exemplo), resolveram lá ir estragar a festa.
São estas as bestas que teimam em sujar a imagem do adepto portista, e em cujos pequenos e pouco exercitados cérebros a cidade do Porto pertence ao FCP.
Só espero não voltar a ouvir frases do tipo "vocês só armam confusão!" da parte de adeptos dos outros clubes. É que eu detesto perder, mas desprezo os maus perdedores.
PS: Aos Benfiquistas: também desprezo maus ganhadores com falta de humildade. O Benfica é campeão nacional por defeito, admita-se (o que não abona nada em favor dos seus rivais)...

A arte de falar sem dizer nada

Acabei de ouvir um representante da UGT dizer é preciso revitalizar a economia. Interpelado pela jornalista a enumerar soluções, ao que este senhor responde: "é preciso tomar as medidas necessárias.", e não disse mais nada... a não ser que o Ministro da Economia é que sabe. Com uma sociedade civil como esta não vamos longe. Dizer mal sem apresentar alternativas é aquilo que eu chamo de desonestidade intelectual.

domingo, maio 22, 2005

Limpeza de matos

Com a aproximação do Verão, aumentam as notícias e anúncios de medidas de prevenção e combate aos incêndios. O risco de incêndios é maior este ano, já que pouco choveu quando devia e as matas nacionais estão algo secas. De entre as medidas que visam prevenir os fogos, há uma que me provoca alguma confusão. A “limpeza” dos matos. Não serão os matos parte do ecossistema que a sua limpeza pretende proteger? Ou será que a sua limpeza nada tem a haver com a protecção das matas? Não será tapar o sol com uma peneira conservar a ideia que, no meio de monoculturas de pinheiros e eucaliptos, ambas árvores bastante combustíveis (e até inflamáveis), são os matos os provocadores de incêndios?
Sou estudante de biologia, e aprendi, nesse curso e nas leituras que vou fazendo, que o fogo é benéfico para o ciclo de vida dos eucaliptos, tanto na sua reprodução, como na eliminação de espécies concorrentes. Para isso, quando arde, o eucalipto potencia o fogo com gases inflamáveis, acelerando a progressão de um incêndio. O pinheiro, por sua vez, é uma árvore de madeira seca que arde com facilidade, e as suas resinas são também bastante combustíveis.
Já as nossas matas autóctones, com os seus carvalhos, sobreiros, azinheiras e outras, formam matas cerradas, com matos e arbustos sempre verdes. Por isso ardem mais lentamente.
A limpeza as matas deve ser uma operação de retirada de lixos de origem humana, como garrafas, que podem provocar incêndios. Tirar os matos é contribuir para o empobrecimento de um ecossistema, além de ser um desperdício de recursos. Nunca vi ninguém querer reduzir a possibilidade de ter cancro nos pulmões, por exemplo, retirando um deles. Seria ridículo, e não serviria de nada. A continuar assim, pode ser que um dia estejamos a discutir cortar as manchas florestais como forma de prevenir incêndios.
Talvez seja altura de começar a pensar em evitar as monoculturas, ou até a plantação de árvores infestantes como os pinheiros e os eucaliptos, porque as nossas florestas nativas já sofrem pressão suficiente, não é preciso inventar mais formas de as extinguir do nosso país.

sexta-feira, maio 20, 2005

A Ministra da Cultura... e o IPPAR

Só quero dizer que subscrevo a 99% a opinião, mais informada que a minha, do Presidente da Junta de Freguesia de Ramalde, Manuel Maio, publicada no Comércio do Porto.
Para quem não quer acreditar no que eu digo há já algum tempo: ou a incompetência do IPPAR e da Ministra é colossal, ou há marosca no ar.

Notícias enganadoras e promessas...

Reparem neste título do Público. Fiquei logo com a impressão que o nosso Primero-Ministro tinha ido contra as suas promessas pós-eleitorais (sim, "pós", pois foi depois do ministro das finanças ter equacionado essa hipótese que José Sócrates veio dizer que não o faria), mas ao ler o artigo, vi que "o Público sabe"... não foi, portanto, o PM quem o disse.
Por outro lado, se o amigo Sócrates fizer aquilo com que até concordo (aumento dos impostos), estará a incorrer do mesmo defeito de que ele acusou os anteriores Governos: faltar à palavra.
Quero só acrescentar que a minha ideia de aumento de impostos não está nos imposto gerais, mas antes nas taxas de alguns produtos de consumo que considero luxos, como sejam o tabaco, o álcool e os carros de luxo e/ou grande cilindrada, por exemplo.

Demasiada confiança

A fiar na notícia do Público, o Governo quer deixar que os condutores Portugueses se responsabilizem pela resolução dos acidentes que não envolvam danos pessoais,ou indícios de crime e tal e tal, sem recorrer ás forças da ordem. Se necessário, dizem, recorrer-se-á às imagens das câmaras de vigilância das auto-estradas. Isto tem a boa intenção de libertar os efectivos policiais para os casos mais importantes.
Ora, sabemos que grande parte dos cidadãos Portugueses nunca admite a culpa nos acidentes, mesmo quando esta é evidente, nem existem câmaras em todos os kilómetros das estradas nacionais. Sendo assim, imaginem o agentes da autoridade a serem chamados ao local do acidente para resolver casos de pancadaria...

quinta-feira, maio 19, 2005

Novo link

É o link da tuna a que dediquei mais tempo, e para a qual contribui com uma letra... O repertório original não é lá muito vasto, mas é bastante alternativo!. A Vinicultuna de Biomédicas - tinto!
Também lá escreverei, prometo... ou ameaço!...

Poesia para todos

Como quem me conhece sabe, eu gosto muito de poesia. Pricipalmente de a escrever, mas também a leio. Ao ler um dos meus livros de poesia favoritos, o Orfeu Rebelde de Miguel Torga, dei comigo a ler um poema que todos devia-mos ter em mente quando nos desiludimos com seja lá o que fôr, e para que não nos afoguemos em auto-comiseração:
"Exortação
Não te escondas em vão
Por detrás do teu véu,
Rosto velado!
A luz suprema, o sol que se levanta
Deste lado,
Apenas desencanta
O que de si é já desencantado."
Miguel Torga, Orfeu Rebelde, pg 12

quarta-feira, maio 18, 2005

Evolução no Kansas

Ao ler, há pouco um post n'O Insurgente, segui um link que me pareceu interessante, por tratar de um assunto que me prende sempre a atenção, a evolução das espécies.
No Kansas (América profunda e ignorante) querem evitar a todo o custo que se ensine ciência na escola, a não ser que esta aponte para a prova da existência de Deus. Evolução das espécies... heresia! Criacionismo, sim!
Pois eu acho que se pode ver a evolução das espécies e da Terra a partir da religião, seguindo o sentido contrário a esses extremistas cegos. Vejamos: por definição, Deus é todo-poderoso. Estala um dedo e o Mundo nasce. Mas no Livro do Génesis está escrito que Ele o fez em sete dias. Se o fez em sete dias, é porque não estalou os dedos, foi (e é) um processo gradual. Mais ainda se pode ver a ordem da criação, suportada pelas actuais evidências científicas: luz, água, terra, plantas, animais, Homem, descanso. Só não gosto da separação animais-Homem, porque o Homo sapiens é um animal também, mas mesmo aí sabe-se que é uma das espécies mais recentes no nosso planeta, facto concordante com a ordem do Génesis.
Sendo assim,não vejo qual é o mal que cai sobre a minha crença em Deus, sendo eu, também um crente na Biologia e nas suas variadas teorias de evolução das espécies. São compativeis, e até concordantes em muitos aspectos.

Novos links

Repararam, concerteza, que pus duas novas entradas nos links. Um, o Pifolândia, é de um amigo. Li-o, curioso, e gostei dos primeiros posts, cheios de coração e alma.
O outro,
O Insurgente, é um blog que sigo há já algum tempo, e tenho gostado. Inteligente e pertinente, às vezes insurgente só por sê-lo.
Divirtam-se!

terça-feira, maio 17, 2005

Méritos alheios

Uma semana de antes do previsto, diz o actual Ministério da Educação... Será mérito próprio? Este Ministério tem 2 meses e já apresenta uma obra hercúlea, ou será que não? Não anunciou a anterior Minstra da Educação que as listas seriam publicadas cerca de um mês antes do previsto? Terá o actual ME deitado fora o trabalho já feito, e feito tudo de novo, em apenas dois meses? 'Tá bem...

domingo, maio 15, 2005

Afinal... é política, ou não?!

Foi-me chamada a atenção, pelo meu amigo AA do Arte da Fuga, para um documento que descreve a saga do túnel de Ceuta, publicado em post no blog Blasfémias... Aprecie-se!

sexta-feira, maio 13, 2005

O bem e o mal

A distinção entre “o bem e o mal” é um artifício da socialização. Não. Não é exclusivo do Homo sapiens. Aqueles que dizem que os animais são inferiores à nossa espécie por não distinguirem o bem do mal, estão a presumir que a sua noção de moral é hermética e irrefutável. Este princípio é uma boa base para o “racismo cultural”, já que, até entre diferentes culturas de (ou até entre indivíduos) Homo sapiens, a noção de bem e mal varia profundamente. Se, para a cultura judaico-cristã em que me incluo, é um crime hediondo ter relações com meninas de doze anos, noutras culturas é perfeitamente natural que uma rapariga se torne sexualmente activa a partir do momento em que tem a primeira menstruação. Quem tem razão?
Nos outros animais, essa distinção existe, mais nas espécies sociais. Só não podemos exigir que seja igual à nossa. A “moral” não passa de um conjunto de regras adquiridas que pretendem optimizar as relações de um grupo social. A distinção do bem e do mal é aprendida, não nasce connosco. “Faz aos outros como gostarias que te fizessem a ti”. É esta a regra da Natureza social.
A depreciação dos animais pela “falta de racionalidade”, ou por “não distinguirem o bem e o mal”, é uma falta de honestidade intelectual. Não será melhor admitirmos que os usamos e comemos, porque podemos? Porque isso melhora a nossa qualidade de vida? Isso não é mau: é como funciona a Natureza…! Só não há razão para os maltratarmos gratuitamente…
Esta é, obviamente, a minha opinião.

quarta-feira, maio 11, 2005

Animais ou objetos? (cont.)

Na continuação do post anterior, com o mesmo título, devo dizer que só os cientistas mais teimosos e receosos de serem acusados de antropomorfismo, assim como todos aqueles cujo interesse é manter o animal como um objecto, não atribuem a capacidade de raciocínio e até mesmo sentimentos aos animais. Até porque o local do nosso cérebro que responsabilizamos pelos nossos sentimentos está na parte mais primitiva deste, sugerindo que os sentimentos surgiram muito cedo na evolução dos animais com cérebro. O problema, do meu ponto de vista, vem de outro defeito de raciocínio contrário ao do antropomorfismo, o antropocentrismo. Se nos consideramos criaturas quase perfeitas, como é que podemos admitir que bestas cheias de defeitos e de fraca moral, que se limitam a existir, nos sejam próximas? Uma boa prova desta filosofia é o facto de já ter usado por diversas vezes neste texto a palavra “Humano”, sempre com o “H” grande, e o mesmo se aplica para “Homem”. A verdade é que os outros animais são mais honestos do que o mais honesto dos Homo sapiens que já passaram por algum processo de aprendizagem. Conhecendo o comportamento de um indivíduo não-Humano posso identificar com facilidade as suas intenções. O Homo sapiens mente até nos seus sentimentos, pelo menos a partir do momento em que aprende a fazê-lo. E são poucas as espécies capazes de destruir a vida a um indivíduo conspecífico, sendo o Homo sapiens e os seus primos Pan troglodytes os melhores exemplos dessa minoria.
Não digo que se deixe de matar animais não-Humanos para comer, isso é inerente à nossa condição de predadores. Nem que se deixe de matar ratos e insectos que nos invadam o território já que representam conflitos directos aos nossos interesses, individuais e colectivos, tal como o leão e a hiena matam as crias um do outro quando a oportunidade surge, eliminando futuros competidores. Mas as torturas de animais (Humanos ou não) por mero divertimento ou interesse económico são gratuitas e desnecessárias para o bem estar geral de espécie Humana.
Veja-se o exemplo dos touros na arena: não é possível negar que o animal está em agonia, de olhos esbugalhados, a salivar e a arfar de cansaço. Não existem dúvidas de que o seu sistema nervoso é muito semelhante ao nosso, cérebro incluído, não deixando muita margem para não acreditar que os touros sintam dor.
Poder-se–à defender o espectáculo da tourada considerando que é um ritual de predação Humano, mas será preciso “brincar com a comida” daquela maneira? Tanto quanto sei, são muito poucos os predadores que torturam a presa propositadamente, sendo que, além do Homem, só me vem à memória a orca (ou baleia assassina, Orcinus orca) que depois de apanhar uma foca ou um leão-marinho, atira a presa viva pelo ar agarrando-a de novo repetidas vezes. Este predador é tido como um dos animais mais inteligentes. Será que a crueldade é directamente proporcional à inteligência?

segunda-feira, maio 09, 2005

Animais ou objectos?

Começo por pedir desculpa por ter aberto uma porta, neste blog, para o futebol... Não foi intencional.
Agora, para mudar de assunto, aqui vai a primeira parte de uma reflexão que as comunidades civil e científica deviam discutir mais abertamente. Continuarei este assunto noutro post:
Eu penso que o medo de ter que atribuir mais direitos aos animais, impede a sociedade Humana de olhar para os animais “irracionais” como seus semelhantes. Usei a expressão animais antes de usar, entre aspas, a palavra irracionais, exactamente porque, à luz dos actuais conhecimentos científicos, só faz sentido falar de seres irracionais quando não nos referimos a animais, e mesmo assim... Esta afirmação é tanto mais correcta quanto mais se sobe na escala de complexidade dos seres vivos.
Qualquer mamífero é, inequivocamente, um ser pensante, penso que poucos duvidam disto. Têm capacidade para decidir por uma acção em detrimento de outra. Em muitos estudos se pode encontrar até indícios de capacidade para raciocínios abstractos em pequena escala. Veja-se o exemplo da aranha-lobo que nem mamífero é, e é capaz de decidir qual o melhor percurso para chegar ao alimento, num labirinto em que ela só vê o isco a partir do local de partida. Ela consegue percorrer um caminho que memorizou, reconhecendo-o de diferentes ângulos à medida que avança. Defendem-se aqueles que querem os animais estupidificados, com os conceitos de ego e morte, afirmando que estes são exclusivos do Homo sapiens. Observando os meus amigos cães, consigo vê-los bem orgulhosos, vaidosos, envergonhados e amuados em inúmeras ocasiões. Pelo menos assim interpreto as suas posturas, sem receio de estar a cometer antropomorfismos, já que as posturas não são exactamente as mesmas. Também os nossos primos chimpanzés (Pan troglodytes) _ só não classifico como “irmãos” porque a nomenclatura científica os considera dentro do género Pan e não Homo, ou vice-versa, mas eles partilham cerca de 95% da nossa informação genética, não havendo animal mais próximo dos chimpanzés que o Homo sapiens _ demonstram reconhecer-se num espelho, ou até mesmo numa fotografia, usando mesmo o espelho para observar algum adereço que lhe ponhamos nas costas, por exemplo.
Também a morte é um conceito que os animais devem conhecer, uma vez que alguns até fazem luto, como os elefantes, por exemplo, que têm um ritual, já descrito, de luto pelos seus mortos. E o leão, que não larga a garganta da sua presa até ter certeza de que esta está morta, não precisará desse conceito?

domingo, maio 08, 2005

Parabéns, Luís Filipe Vieira!

Este senhor (E chamo-o assim porque a educação da minha mãe o obriga) desculpabilizou os adeptos do seu clube por agressões a toda e qualquer pessoa, em Penafiel. A culpa é do árbitro, diz ele. Já vi muita equipa ser prejudicada e ganhar na mesma... É uma questão de atitude.
Sendo assim, como sócio do Rio Ave Futebol Clube, já vi muitas arbitragens facciosas, principalmente em favor dos três "grandes", devo sentir-me autorizado a agredir árbitro, adeptos do outro clube, e por aí além...
Sorte a minha, não tive a mesma educação que esse indivíduo.
A culpa é dos responsáveis do Benfica que, além de justificarem o injustificável, anunciaram antes do tempo o campeonato do Benfica. Os adeptos acreditam (pelos menos os mais "ingénuos"), e depois, quendo vêem que a vitória da superliga já depende dos resultados dos outros, perdem a cabeça!
Arrisco a comparar a atitude de Luís Filipe Vieira com as dos ayatolas extremistas... "O caneco é nosso, e os benfiquistas têm a legitimidade de defender a honra da equipa à porrada".
(Devo dizer que, apesar de simpatizar com o FCPorto, meto o seu presidente dentro do mesmo saco que o alvo desta minha crítica. É só um bocadinho mais sorrateiro nas palavras)

Erros e mais erros...

O título deste blog estava incorrecto. A coruja do mato é denominada pelo mundo científico de Strix aluco, e não aluca como lá estava antes. Confesso que fui induzido em erro pela minha memória, e pela internet. Chamado à atenção por um biólogo do meu meu círculo mais íntimo de amizades, que trabalha principalmente com carnívoros (e as suas presas), fui verificar à literatura. Estava errado, admito-o. Já corrigi o erro, e sinto-me aliviado...

Para quem ainda tinha dúvidas

Em primeiro lugar... já tinha saudades de aqui opinar (palavra engraçada...), mas a queima causa diversos empecilhos ao desenvolvimento da actividade intelectual, por mais fraca que esta seja.
Mas o motivo que me faz aqui regressar, tem a haver com o Bloco de Esquerda, que sempre quis ser um partido de excepção, mas que nesta IV Convenção Nacional se assumiu, finalmente, como um partido igual aos outros. Mesmo assim, parecem não querer admiti-lo.
Fernando Rosas, pretenso historiador que se esquece, sempre cheio de conveniência, de certas partes da História, propôs uma moção, que acabou por vingar, para impôr sanções nos estatutos do partido. Rosas defende a proposta com a lei que, segundo citação sua no PÚBLICO, diz que "compete aos órgãos próprios de cada partido a aplicação de sanções disciplinares, sempre com garantias de audiência e defesa e possibilidade de reclamação e recurso".
Podia admitir, de uma vez por todas, que o seu Bloco já gastou todos os cartuchos de menino rebelde que só defende a moral acima de tudo, e a quem ninguém consegue tirar a razão... O Bloco cresceu´. É agora mais um partido (mais ao menos) adulto, com todos os vícios e defeitos que isso implica.

quinta-feira, maio 05, 2005

Outra vez a Igreja dos preservativos...

Houve um comentário ao post "Igreja e preservativos", que me chamou a atenção (Abtúrsio). Desta vez não foi pela positiva. Meu caro, inquisição já não existe. Ninguém é castigado por usar o preservativo... Existem muitos grupos da sociedade civil que podem insistir no uso das borrachinhas, mas a igreja não é um deles.
Também não é responsabilidade de igreja educar o Mundo inteiro acerca dos métodos contraceptivos, uma vez que a igreja defende a relação sexual de exclusividade entre casais, e pretende que tenham filhos. Compete aos pais, à sociedade, eventualmente às escolas, fazer esse tipo de educação.
Pensemos doutra forma: vi na SICnotícias, um dia destes, um documentário da BBC filmado em Moçambique. Neste ouvi uma mulher dizer que apanhou o VIH do marido, que deu uma (ou mais) facadinha no casamento sem usar protecção (não, não me refiro ao capacete nem ao cinto de segurança), e que se a igreja não o condenasse, ele poderia tê-la usado. Tanto quanto sei, a igreja também condena as facadinhas no casamento, mas nem por isso o marido em questão deixou de as praticar... Se ele não usa o preservativo, num acto condenável pela igreja, só porque o Papa o proíbe, então não passa de um grandessíssimo hipócrita, ou de alguém muitíssimo mal informado.
Considero um apelo à hipocrisia exigir-se que a igreja publicite o uso de preservativos. É, além disso, uma atitude digna de Pilatos responsabilisar os outros, em vez da sociedade civil em geral.
Eu digo: usem o preservativo, protejam-se de tudo e mais alguma coisa! Mas isso sou eu... não é a igreja.

"Mea culpa" - O túnel de novo

Um grande amigo meu, uma das pessoas mais inteligentes que conheço, comentou o post anterior com uma pertinente questão em que eu já tinha pensado, mas escolhi não dar muita importância. Ele falou na dificuldade que as ambulâncias e outros veículos podem vir a ter em dar a volta depois de sair do túnel, virados de costas para o hospital. pode resolver com a permissão legal em fazer uma inversão de marcha no local. Esta solução parece simples, mas a rua em causa não é assim tão larga nem desprovida de tráfego, pelo que a solução de uma saída do túnel em curva (diminuindo a inclinação), dedicada só às urgências do hospital (sugerida, mas também esquecida por mim, pela minha amiga futura arquitecta paisagista) parece ser mais agradável. Mesmo assim surge o problema de fundos... A Câmara do Porto, como outras neste país, não nada em dinheiro.
Também me foi sugerida (não que eu tenha algum poder de decisão), pela mesma amiga, que se fizesse recuar a saída do túnel para a frente do Instituto de Medicina Legal... o que só faria aumentar a inclinação do túnel, por causa da maior proximidade dos estacionamentos da Praça Gomes Teixeira (dos leões).
Sei que existem problemas com qualquer um dos projectos, mas sei, também, que não existe discussão do assunto em via oficial.
Sempre fui a favor, mesmo nos assuntos do ambiente, que me são queridos, que sempre que se encontrasse um problema num projecto de obra pública, se apresentassem soluções alternativas, ou se apresentassem razões irrefutáveis para que nem se discutisse fazer a obra em questão. Raramente (muito, mesmo) vi isto ser feito em Portugal...

quarta-feira, maio 04, 2005

O túnel... outra vez

Soube ontem, numa discussão com uma futura arquitecta paisagista, simpatizante do PS, minha amiga, que o grave problema da saída do túnel infame está no muro de protecção da dita saída. parece que o muro vai tapar parte da fachada do edifício que é património da UNESCO. Realmente, pelo que tenho visto, estes muros de cerca de um metro de altura chegam a tapar fachadas inteiras, principalmente se olharmos de dentro do túnel...

terça-feira, maio 03, 2005

O túnel político


Era uma vez um projecto de fazer um túnel da Rua de Ceuta (é mais da Praça Dª Filipa de Lencastre) ao antigo Jardim do Carregal, na cidade do Porto. Chegado à Câmara da Invicta, Rui Rio reparou que, no dito projecto, o famoso buraco desembocava muito próximo da entrada das urgências do Hospital de Stº António. O actual Presidente da Câmara achou que esta situação podia causar problemas, por isso decidiu prolongar o túnel. Este prolongamento, até à Rua D. Manuel II, atira o buraco para a frente do Museu Soares dos Reis.
Heresia! Gritam os opositores de Rui Rio. Antes a morte! Choram os senhores do Instituto do Património Arquitectónico (ou qualquer coisa no género). Parem a matança! Ordenou a Ministra da Cultura. E a obra parou, embargada.
Agora temos, aqui no Porto, um estaleiro de obra parado, mesmo em frente ao dito Museu. E culpa, parece, é do Presidente da Câmara!
Aposto que se não estivéssemos em ano de eleições autárquicas este problema seria muito mais leve… Até porque ninguém com dois dedos de testa prefere prejudicar um serviço de urgência em favor de um museu que quase ninguém visita, desconfio. Estou no Porto há cerca de 10-11 anos, e nunca lá pus os pés, nem conheço mais de 3 a 4 pessoas que digam lá ter ido…
Fico com a impressão, com este e outros exemplos, de que o país está à mercê de políticas partidárias… Talvez seja de mim…!

segunda-feira, maio 02, 2005

Darwinismo

No dia 28 do mês de Abril, o autor do LÁPIS DE CÔR publicou, no seu blog, um excerto de um artigo da Nature que levantou algumas cabeças. Era sobre o conhecimento dos americanos acerca da teoria de Charles Darwin. Senti-me imediatamente desafiado a mandar postas de pescada, e falar sobre o que disse Darwin, o que hoje se "desdiz", e o que a opinião pública não compreende.
Sendo assim, tenho que começar por distinguir a primeira teoria da evolução a ser moldada pelo advento da paleontologia: a do catastrofismo de Cuvier. Este naturalista não viu outra explicação para os fósseis que não fosse a da existência de ciclos de catástrofes, com as quais Deus suprimia os Mundos anteriores para refazer tudo de novo. Seria uma espécie de sequência em que o Todo-Poderoso fez várias tentativas pra chegar à nossa perfeição (isto, na minha opinião, implica admitir que Deus não é perfeito, faz as coisas por tentativa e erro). A igreja da altura adorou esta teoria, porque lhes dava a força de um apocalipse cientificamente provado.
Com o aumento da caça ao fóssil, alguns cientistas começaram a interpretar uma sequência lógica entre as espécies encontradas. Nesta altura, Lamark achou por bem mandar a sua posta, argumentando, cheio de coragem, que o Mundo não era perfeito e que as espécies se adaptam ao meio em que vivem, em constante evolução. Lamark disse que as espécies se moldavam ao meio durante as suas vidas individuais, passando essas alterações à geração seguinte. Com a descoberta dos genes esta teoria teve o seu fim lógico. Também aqui a igreja quis intrometer-se, mas desta vez contrapondo que isso implica dizer que não somos perfeitos enquanto criaturas de Deus. (Eu diria exactamente o contrário, já que assim evitamos a extinção...)
Enquanto Lamark dizia que somos um produto do esforço ontogénico dos nossos progenitores, que nos adaptamos específicamente ao meio, Darwin descrevia as suas orquídeas. As orquídeas são plantas com flores altamente especializadas, das quais Darwin se serviu para introduzir os conceitos de evolução e selecção natural no meio cientifico (muito influenciado pela religião), de uma forma sorrateira. Darwin sugeriu que Lamark estivesse enganado na ordem dos eventos: não é o organismo que se molda ao meio, mas o meio que escolhe aqueles que nele se desenrrascam melhor. A herança de caracteres adquiridos de Lamark dá lugar à herança de caracteres vantajosos, previamente existentes.
Hoje em dia, até Darwin é contestado. Richard Dawkins é o autor da teoria do gene egoísta, que considera que os organismos não passam de caixas de tranporte de genes, sobre os quais actua a selecção natural. isto contraria Darwin porque tira a ênfase ao meio ambiente. Dawkins diz que até a nível molécular ocorre selecção, longe da influência da selecção ambiental.
Um senhor japonês, de cujo nome, infelizmente, nunca me lembro, também quis trocar as voltas ao que disse Darwin. A teoria do neutralismo diminui bastante a importância da selecção natural. Para o japonês (peço desculpa, não me lembro mesmo...!), a evolução ocorre lentamente devido a mutações perfeitamente aleatórias nos genomas das espécies, cujas traduções fenotípicas (ou traduções visíveis) só em casos extremos são seleccionadas. Confesso que esta é a minha teoria favorita, sendo a do gene egoista a que menos me agrada, por razões menos científicas que espirituais.
Já agora, alguma vez repararam que nos documentários se diz sempre "...o animal adaptou-se a este estilo de vida..."? Isto é Lamarkismo.
E assim me vou, que a Queima espera por mim!

Correu mal...

Fiz algo de mal com os meus links... sou um blogger recente, fresquinho, mas vou tentar corrigir o meu erro.