quarta-feira, novembro 02, 2005

Os subúrbios parisienses

Os distúrbios que se perpetuam há já 5 dias no subúrbio parisiense de Clichy-sous-Bois, levantam muitas questões. Se esquecermos a esfarrapada desculpa das mortes de dois adolescentes que morreram electrocutados ao fugir da polícia (não deviam bater muito bem da bola), temos a desculpa que acabei de ouvir no Jornal da Tarde, na RTP: a inveja, por haver, ali perto, em Paris, bairros luxuosos que contrastam com os bairros sociais em que vivem estes delinquentes (peço desculpa aos mais sensíveis a chamar jovens que destroem e roubam propriedade alheia à mínima desculpa esfarrapada de delinquentes, mas não vejo que outra classificação lhes dar). Inveja, sim. Não existe outro sentimento ali.
Serão maltratados pela sociedade francesa? Pelo menos vivem em bairros sociais, em que, se bem entendo o conceito, pouco ou nada pagam pela habitação, enquanto que nos tais bairros luxuosos de Paris se pagam rendas astronómicas. São emigrantes ostracizados? Mas julguei que fugissem de condições piores... Se não melhoraram a sua vida, podem sempre voltar para trás, ou escolher outro país que lhes dê carros e casarões melhores. Afinal querem é ser ricos, instantâneamente e sem esforço.
Dirão os mais esquerdistas: a distribuição igualitária da riqueza resolveria todos os problemas sociais do Mundo. Balelas. Se assim fosse, os tais bairros luxuosos deixariam de existir, por falta de quem os pagasse. Se se conseguisse suprimir as ambições do ser humano, para que se contentasse em ter o mesmo que o vizinho, ter-se-ia conseguido travar a produção humana. Se não é para melhorar o meu nível vida pessoal, para que é que me esforço? O essêncial "chove"!
Tenham juízo!

5 comentários:

Gonçalo Taipa Teixeira disse...

E o operário investiu o quê na sua formação não especializada (partindo do princípio que falamos de trabalhadores não especializados)? Não será que o juíz, por exemplo, por ter investido tempo e dinheiro na sua formação, deve ter uma remuneração superior à do operário?

Elise disse...

solução dispendiosa: demolir os ghettos e espalhar as famílias por várias zonas do país.

bairros sociais são quase sempre um barril de pólvora.é o que dá concentrar milhares de famílias com comportamentos de risco num espaço reduzido, sem programas de prevenção ou intervenção.

No Insurgente está um artigo muito interessante que refere a "pobreza" em que vivem muitos muçulmanos na europa porque estes optam por não deixar as mulheres trabalharem.

em paris estamos a falar de ghettos onde a maioria é muçulmana.

depois, as comunidades esperam o discurso do coitadinho por parte das autoridades. não têm culpa, não sabiam, são vítimas, em vez de tentarem controlar os seus jovens e acabar com a delinquência.

è assim que os estereótipos se perpetuam. é assim que o muçulmano cumpridor e pacífico vai ser prejudicado.

desculpa, se divaguei.

Elise disse...

a mim o que me incomoda mais são os valores das reformas:

deveria haver um tecto máximo, medina carreira falou nisso:

ex- reforma minima 500 euros, e a reforma máxima 2500 euros.

Anónimo disse...

O meu comentario refere-se ao teu comentario e nao ao post em si.
È obvio que quem se esforça e investe numa formaçao deveria ter uma remuneraçao superior ao q nao fez "esforços"(n nos podemos esquecer tambem daqueles q n tiveram oportunidade). So que infelizmente no nosso pais está-se a tornar cada vez mais dificil fazer um "bom investimento"...( me diras tu que isso tem a ver com a politica de educaçao do nosso pais...é certo).E nao faltam pessoas qualificadas q ganham uma miseria...estamos a ficar sem classe media!

Gonçalo Taipa Teixeira disse...

Achas que eu não sou capaz de aprender a pintar em menos de um mês? Ou a carregar tijolos em menos de segundos? O meu pai (por exemplo, que é médico) é capaz disso tudo, mas o pintor não sabe fazer o que o meu pai faz... nem daqui a um ano!