Há, finalmente em Portugal, uma proposta para construir uma central de energia nuclear de fissão (convém separar por causa do inovador projecto da energia nuclear de fusão). Mais económica, pois produz mais energia por esforço de construção e manutenção, e mais limpa. Sei perfeitamente que é difícil, para quem não conhece bem o assunto, perceber a vantagem ecológica deste tipo de energia, em grande parte por causa do acidente de Chernobyl, ainda presente na memória colectiva mundial. Esse infeliz acontecimento deveu-se a uma manutenção muitíssimo deficiente e já muito antiga, isto é, aquela central estava há muito tempo practicamente ao abandono.
Os impactos ambientais têm várias variantes. O impacto ambiental certo de uma central nuclear é muitíssimo baixo. Fica-se pela construção (é limitado no tempo, obviamente), pelo vapor de água que sai das suas chaminés e pelos resíduos de baixa radioactividade, que são em quantidades muito menores do que pensa a opinião pública. Em contraste, uma central hidroeléctrica (a barragem) tem um nível de impacto ambiental certo muito mais elevado. A sua construção é muito mais intrusiva que a da nuclear, e depois de construída altera por completo o ecossistema. Por um lado temos um rio cujo caudal fica drasticamente reduzido, e por outro, onde havia um rio, há agora um lago. E produz menos energia...
O único factor de impacto ambiental em que a energia nuclear fica a perder em relação à hidroeléctrica, é no caso de acidente. Mesmo aí, a probabilidade de ocorrer um acidente que cause as consequências vistas em Chernobyl, numa central minimamente bem cuidada são ínfimas, muito menores que as probabilidades de uma barragem ceder ao peso da água...
Bem pesadas as consequências, dêem-me uma ou duas centrais nucleares e deitem abaixo as barragens deste país (excepção feita àquelas absolutamente necessárias para reter recursos hídricos)!
5 comentários:
Primeiro as auto-estradas, agora as barragens?? Tu persegues-me!!!
;)
Em todo o caso, o projecto no quel estou inserido neste momento tem um propósito misto de aproveitamento hídrico e hidroeléctrico (este último sem grande significado, tendo em conta que a dimensão do grupo). O projecto da EDIA (é a empresa responsável pela coordenação do desenvolvimento do empreendimento "Alqueva) é bastante interessante, englobando canais de rega e barragens deste género. A situação aqui no ALentejo é dramática e, em algns casos, confesso que impacte ambiental não pode ser um entrave (não digo que tenha que ser ignorado) porque, precisamente, não há muitas soluções.
E se a situação económica do nosso País fosse outra, de certeza que as outras duas barragens previstas ao longo do Guadiana já teriam arrancado.
Já agora, fomos obrigados, POR QUESTÕES AMBIENTAIS, a construir uma galeria para abrigo de Quirópteros! Deves saber o que é...
Todas as barragens hidroeléctricas são usadas na regularização dos caudais hídricos, seja em amortecimento de cheias ou para assegurar caudais mínimos "ecológicos".
Há aproveitamentos que não têm capacidade de retenção-- microturbinas instaladas ao fim de grandes quedas (como as pipelines da Serra de Água ou Calheta, por exemplo), mas essas não são barragens.
O que acontece é que Portugal poderia ser autosuficiente em termos hídricos apenas com os rios portugueses, se bem geridos com construção de mais barragens.
Por muito que isto custe aos ecologistas, a alternativa é recebermos rios vindos de Espanha já reduzidos de caudal, precisando de tratamentos que consomem muita energia e têm impactes ambientais sérios, ou realizarmos transvases em condições extremas, ou gastarmos energia a des-salinizar água.
Independentemente do problema energético, precisamos de mais barragens. Considerando-o, também, porque é energia "limpa".
Peço desculpa, mas corrijo: a energia hidroeléctrica de barragem, pelo pesado impacto ambiental que acarreta (e falo só das barragens, porque as pipelines têm impacto mínimo), não pode ser considerada limpa. É verdade que é pouco ou nada poluente, mas o impacto ambiental não se mede só pela poluição...
Uma barragem no Douro Internacional, por exemplo, tem sempre fortes hipóteses de arruinar ecossistemas que suportam raras espécies avícolas que nidificam nas encostas. (Dou o exemplo da cegonha negra)
Pois mas sabes bem que a retenção, amortecimento de secas e regularização de caudais só por si ajudam a criar outros ecossistemas. Rios não represados têm sempre maior hipótese de sofrer cheias e secas. O sistema é demasiado complexo...
outros ecossistemas por troca com os anteriores... ERRO ecológico, e dos grandes! A nossa espécie prova o seu egoísmo dessa maneira...
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