Há, finalmente em Portugal, uma proposta para construir uma central de energia nuclear de fissão (convém separar por causa do inovador projecto da energia nuclear de fusão). Mais económica, pois produz mais energia por esforço de construção e manutenção, e mais limpa. Sei perfeitamente que é difícil, para quem não conhece bem o assunto, perceber a vantagem ecológica deste tipo de energia, em grande parte por causa do acidente de Chernobyl, ainda presente na memória colectiva mundial. Esse infeliz acontecimento deveu-se a uma manutenção muitíssimo deficiente e já muito antiga, isto é, aquela central estava há muito tempo practicamente ao abandono.
Os impactos ambientais têm várias variantes. O impacto ambiental certo de uma central nuclear é muitíssimo baixo. Fica-se pela construção (é limitado no tempo, obviamente), pelo vapor de água que sai das suas chaminés e pelos resíduos de baixa radioactividade, que são em quantidades muito menores do que pensa a opinião pública. Em contraste, uma central hidroeléctrica (a barragem) tem um nível de impacto ambiental certo muito mais elevado. A sua construção é muito mais intrusiva que a da nuclear, e depois de construída altera por completo o ecossistema. Por um lado temos um rio cujo caudal fica drasticamente reduzido, e por outro, onde havia um rio, há agora um lago. E produz menos energia...
O único factor de impacto ambiental em que a energia nuclear fica a perder em relação à hidroeléctrica, é no caso de acidente. Mesmo aí, a probabilidade de ocorrer um acidente que cause as consequências vistas em Chernobyl, numa central minimamente bem cuidada são ínfimas, muito menores que as probabilidades de uma barragem ceder ao peso da água...
Bem pesadas as consequências, dêem-me uma ou duas centrais nucleares e deitem abaixo as barragens deste país (excepção feita àquelas absolutamente necessárias para reter recursos hídricos)!