O AA, do A Arte da Fuga, transcreve um parágrafo do texto "Tabaco e Fascismo Hipocondríaco" do Henrique Raposo n'O Acidental. Li o texto todo, mas foi realmente o excerto que o António escolheu que me fez escrever este "post". "Quando anularem o tabaco, estes tipos, que transformam o ser-se hipocondríaco num acto ideológico, vão atacar outros supostos vícios. O café, talvez. Dirão: “o café acelera a válvula XPTO”. " é onde a porca torce o rabo. E porquê? Porque o vício do tabaco não é comparável com o do café, para usar o exemplo ali descrito, porque o consumo do café só diz respeito a quem o bebe, enquanto que o fumador, o fumador inconsciente e mal educado (porque os há bem educados e respeitadores), impõe o seu vício a todos quantos se encontrem na sua vizinhança. Os direitos individuais do fumador acabam (ou deviam acabar) quando começa o meu direito a não fumar.
É óbvio que não defendo, e contrariarei da melhor forma que me for possível, que se despeçam pessoas pela sua condição de fumador, nem que me obriguem a ser vegetariano. Mas o vegetariano que se senta ao meu lado só me incomóda se me criticar por eu não o ser, enquanto que o fumador me incomoda por fumar.
Decerto o Henrique Raposo não defenderá que eu ande com uma máscara filtradora no bolso, para a eventualidade de encontrar a meu lado, na fila de uma qualquer repartição pública, um desses fumadores que não conseguem estar mais que dois minutos sem chuchar num cigarro aceso.
3 comentários:
Gonçalo,
Que as liberdades de uns sejam limitadas pelos direitos dos outros é um princípio básico.
Mas levares essa ideia ao extremo proibes o fumo a menos de x metros de terceiros.
O que está em causa é a proibição de uma prática dentro de estabelecimentos privados.
Se não quiseres encher-te de fumo, não vais a esses estabelecimentos e eles perdem clientela. Fá-lo-ás se entenderes que o que perdes pelo fumeiro não compensa o que ganhas pela diversão ou seja lá o que for.
Alegar "falhas de mercado" é entrar no esquema socialista e estatista que justifica qualquer excesso.
Sem intervenção ao longo de décadas, os sítios começam a ser mais clean e a ter melhor extracção de fumo, etc. É um erro pensar que a higiente foi criada pelo Estado.
Imagina que tu _queres_ fazer um estabelecimento onde se fume. "Neste estabelecimento fuma-se, quem entrar está avisado". Não podes. É isto o fascismo da hipocondria politicamente correcta.
Como proibes, proibes que os estabelecimentos onde se fuma tenham as hipóteses de melhorarem, servindo melhor fumadores e não fumadores. Chama-se a isto interromper o progresso porque alegadamente temos condições para viver hoje um Mundo Novo.
É um pouco a história dos tremoços e dos galheteiros: o que está aqui não é a saúde pública. É uma inquisição para tornar a sociedade asséptica, é uma questão de poder da burocracia. É uma questão de ideologia.
Olha, deixo-te mais uma referência: A nation of ratfinks do mises.org.
Complementando: a mesma ideologia serve para te queixares de "concorrência desleal", "dumping", "fair trade" etc. Estão a "prejudicar-te"...
Continuo a dizer que a questão do cigarro não é igual à do café... Nem de perto.
Se bem entendo, dizes que devo levar a minha queixa ao dono do estabelecimento, em vez de pedir ao estado que legisle. Não me incomoda nada. É, aliás, o que eu vou fazendo. Isso e pedir ao fumador que apague ou afaste cigarro de mim.
O meu maior problema com o post do HR está naquela comparação dos vícios do tabaco e do café.
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