A Joana, do Semiramis, tem o condão de me fazer espreitar todos os dias o que de novo poderá ter escrito. "Os Loucos do Pireu" é um dos meus mais recentes favoritos, até pelos comentários que suscitou. A falta de elegância e de educação de alguns contestatários ao que a autora daquele blogue escreve é demasiado evidente. Não que usem linguagem indecorosa, mas são pouco inteligentes em algumas respostas, sendo até intelectualmente desonestos, deturpando os significados de forma propositada (ou então demonstrando uma evidente carência na capacidade de interpretação de textos), e num tom que me pareceu irritado. Mas não é isso que quero discutir.
A Joana é insistentemente atacada por dizer que a esquerda tem o vício de reinvindicar a História (e eu junto-lhe a moral e as boas intenções) como sua. Não preciso de dizer que concordo. Até tenho exemplo familiar do que é lutar-se pelo que se acredita, sem alarde nem auto-glorificação.
Como toda a gente, tive dois avôs. Um Salazarista convicto que, mesmo depois do 25 de Abril não se disfarçou de revolucionário nem tinha vergonha de dizer que tinha apoiado António de Oliveira Salazar. O meu outro avô, que fez parte da comissão instaladora do PSD de Vila do Conde (facto, para a maioria dos Portugueses, denunciador de um homem de centro-direita), também teve a sua quota na luta contra o regime do Estado Novo, tendo passado até pela cadeia. Fez parte do MUD (se não me engano), até este movimento ter sido invadido por militantes de extrema esquerda (Mário Soares era um deles). Nunca o ouvi gabar-se de boca cheia de ser pai da Pátria. Defendeu a causa em que acreditava, e isso bastou-lhe. Eu soube da maior parte das histórias pela sua filha (minha mãe) depois da sua morte.
Ambos acreditavam em algo de que nunca tiveram vergonha nem quiseram capitalizar. Tanto quanto sei, nunca se deram mal apesar das posições divergentes.
1 comentário:
muito bem!! :D
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