terça-feira, agosto 05, 2008

Um novo rumo

Há alturas na vida de um homem em que uma atitude energética se torna essencial. Depois de me deixar enterrar numa lamacenta poça de auto-comiseração, resolvi levantar-me.
Decidido que estava a arriscar uma vida inteira numa mulher que conhecia há quase doze anos e com quem partilhei sonhos, esperanças e caminhos durante quase onze anos e meio, levei um evidente choque quando me vi sozinho num repente. Durante algum tempo limitei-me a pedir-lhe que reconsiderasse e quase lhe pedi que tivesse pena de mim. A verdade é que, por momentos, ela não sentiu mais nada por mim a não ser pena. Dizia-me que não, mas eu senti-o. E foi isso que me foi acordando e me fez levantar a cabeça, desimpedindo-me as vias respiratórias da fuligem escura em que a falta de amor-próprio se condensa.
E assim comecei por me orgulhar por estar vivo. A minha vida não acaba com esta relação. Eu não estou condenado à morte emocional só porque uma mulher em quem depositei a minha fé recusa retribuir a aposta. Cheguei à conclusão de que não preciso dela. Não preciso de nenhuma mulher.
Não quero, com isto, fazer o leitor acreditar que eu desisti das relações sentimentais com o sexo oposto. Longe disso. Eu quero, eu desejo, mas não preciso. E no caso desta mulher, gostaria muito que a relação resultasse num projecto de vida sólido. Estou até convencido de que ambos teríamos a ganhar com isso. Mas a realidade é que não posso obrigar ninguém a tomar as decisões que mais me agradam em detrimento do caminho que escolheram em vez de caminhar a meu lado.
Devo confessar, até, que compreendo a decisão. Estou fora de Portugal, embora contasse estar de volta de vez dentro de menos de um ano, e uma relação à distância é difícil. Este tipo de relação exige muita fé, trabalho e coragem, mais do que aquilo que eu ou outro qualquer tem direito a pedir.
Compreendo também que seja difícil para as exigentes mulheres que normalmente me agradam ver um futuro comigo. Tenho trinta e um anos e ainda é difícil para os outros ver um rumo na minha vida. Eu sei que existe e já o vejo. Tenho já a convicção de que a vida não me vai correr mal. Mas consigo perceber que outros tenham dificuldade em aceitar o meu desabrochar tardio.
Estou triste, é verdade, mas não estou derrotado.

1 comentário:

AA disse...

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