sexta-feira, agosto 29, 2008

Engolir o sapo

Zuerst die Fuesse de Martin Kippenberger

Este é o sapo da discórdia. Anda a causar alvoroço nas cabeças do Vaticano e até já houve quem fizesse greve de fome para isto não fosse posto em exibição.
Quer o Vaticano que esta peça seja escondida do olho público por ser ofensiva ao olho Cristão, apesar de só representarem o olho Católico. Fazem lembrar os Ayatolas com as caricaturas de Maomet...
Mas o Papa deve saber que, segundo a Bíblia, Deus deu ao Homem a liberdade para pecar. Segundo o mesmo livro, Deus mandou Cristo lembrar aos homens de que cada um deles é livre de pecar ou não dentro da sua consciência. Sendo assim, os paramentados senhores do Vaticano deviam ser os primeiros a dizer que, apesar de não acharem piada nenhuma ao grotesco príncipe-sapo crucificado, cabe ao indivíduo a decisão de ver, ou não, o alvo da crítica.
Critiquem. Boicotem. Insultem, até, o autor e o expositor apesar de não ser uma atitude muito Cristã, mas não me tirem a oportunidade de avaliar por mim até que ponto este objecto me ofende.
Digo já que, como Católico, não me ofende minimamente. Como alguém que gosta de algum humor rebelde, atribuo um sorrisito maroto à peça. Acho é que podia estar um bocadinho mais bem feito. É um bonequito feio: o ovo está suspenso na mão do sapo por artes mágicas? Um sapo tem dentes de vampiro? E era preciso os olhos assim tão assimétricos? Mas esta é a minha opinião e partilho-a convosco. Mas não a quero impor.
Acho que os senhores do Vaticano faziam melhor se engolissem o sapo.

6 comentários:

O Peregrino disse...

A peça chama-se "Primeiro os pés", e analiso a peça desta forma. O sapo, como nós, está preso à sua cruz, mas prefere que lhe soltem primeiro os pés para poder andar, ainda que ande com todo o peso da cruz às costas, do que as mãos, para não ter de largar os seus dois maiores vícios, ou símbolos icónicos: a Vida e a Bebida. O acabamento está grosseiro, e a figura ganha apenas com o escândalo que provoca, não lhe vendo eu qualquer beleza estética, mas enfim... gostos são gostos!

Quanto ao assunto do Vaticano, o senhor Ratzinger ainda não entendeu, na sua leitura diária do Livro, que "cada cabeça sua sentença". E que ao menos esta imagem leva as pessoas a pensar em Jesus, mal olham para ela; só por isso, a sua mostra já vale a pena!

O Peregrino disse...

Nem de propósito:

"A fotografia da actriz Carol Castro, seminua e com um rosário nas mãos, publicada na Playboy de Agosto, causou enorme polémica no Brasil: A Igreja recorreu aos tribunais mas a revista continua à venda." (JN)
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Gente/Interior.aspx?content_id=1006300


Preguem a Paz, o Bem e o Amor, gente! O resto daí virá!

Mim disse...

Eu também como católica... não me ofendi minimamente, aliás, tal como o peregrino disse, até é uma forma de nós chamar a razão à uma realidade... e essa sim bastante cristã, a de estarmos presos a "nossa" cruz!
Aliás, ninguém foi tão polémico e levantou tanto a ira dos seus chefes religiosos como o próprio Jesus, por isso até vejo isto com bons olhos.
Quanto à estética da coisa... vah, não é propriamente das coisas mais belas que já vi... mas com alguma imaginação, eu própria já fiz caretas dessas para fotos quando estou com os copos! lol :D
Gostei da caneca! ;)

Aves Raras disse...

Peregrino, essa interpretação parece-me muito interessante e ajustada.
Pessoalmente, e sendo eu católico não-praticante (se é que tal coisa faz sentido), a imagem não me ofende.

Anónimo disse...

Faz todo o sentido o que escreveste. Alias em termos religiosos, o que nos distingue uns aos outros é as atitudes tomadas usando o nosso livre arbitro. Mais que repudiar, falsos deuses, ou neste caso certas peças que poderão ter inspiração religiosa, e que podem levar a duvida acerca do seu intuito. De acordo com a bíblia os vendedores so foram expulsos do templo, pelo facto de não estarem a professar a fé mas sim a usarem indevidamente a casa de culto.
A repudia e não aceitação, no sentido da não explicação e do medo da interpretação pessoal, so leva á descrença, mais que medo na Fé dos outros a igreja deveria ser capaz de aceitar, explicar a luz dos ensinamentos, e incutir e aumentar a fé dos outros.
Estes casos de repudia da igreja, resultam apenas em publicidade gratuita e no aguçar da curiosidade, não fui a muito que um caso semelhante com uma obra também polémica como foi o Código da Vinci, que a atitude da igreja resultou num enorme sucesso comercial da obra.


ABRAÇO ABTURSIO

LAMENTO A AUSENCIA ALGO PROLONGADA DOS MEUS COMENTS

AA disse...

HEhehe por acaso estive para comentar a noticia mais ou menos nos mesmos moldes que tu :)