quarta-feira, agosto 27, 2008

Neste país pacato e desarmado

É proibido, neste nosso país pacato, andar armado sem passar pelo rigoroso escrutínio dos burocratas que decerto nos lêem na face as intenções. Eles decidem se eu sou uma pessoa a quem se pode permitir possuir uma arma, e mesmo assim não posso possuir qualquer uma. Tem que ser uma arma mais modesta, que não faça muitos estragos. E demora muito tempo a autorização pelo técnico burocrata que tudo sabe.
Isto tudo para que eu, cidadão cumpridor da lei que nunca comprará uma arma no mercado negro, não desate por aí a assaltar bancos, balcões dos CTT, transportes de valores ou bombas de gasolina. Tudo para que eu, cidadão que se submeterá ao castigo da burocracia se quiser comprar uma arma, não use uma arma automática para ameaçar, ferir ou matar os outros cidadãos cumpridores.
Podemos estar seguros, portanto, que neste país de brandos costumes, nenhum cidadão cumpridor da lei terá uma arma sem que o omnisciente estado o saiba, e não poderá por isso usá-la para fins mais mal-intencionados.
É por isso que vivemos num país onde não há assaltos à mão armada, nem se abrem noticiários com tiroteios e reféns de arma apontada à cabeça. Graças ao estado.

2 comentários:

O Peregrino disse...

E mais seguros estaremos agora com a figura omnipresente do Santo Secretário Geral da Segurança Interna que, podendo mandar até no Procurador Geral da República e restantes dirigentes policiais e respondendo apenas perante o Senhor Primeiro Ministro, nos livrará mesmo das garras das máfias judiciais, com os seus juízes e leis. Quem precisa de lei, quando o Grande Irmão pode decidir o certo e o errado?
Avé Grande Irmão! Avé St. Secretário da Segurança!

O Peregrino disse...

"a Comissão Independente dos Juízes fala de normas "só possíveis em regimes totalitários": "Nem Salazar nem o Marquês de Pombal concentraram tantos poderes nas suas mãos", acusou." (JN)

Nada mais a dizer, não é?