quarta-feira, novembro 30, 2005

O que é a cultura?

Já a ouvi definir como um conjunto de conhecimentos que adquirimos e guardamos na nossa memória. Considera-se como culto o indivíduo cujo conhecimento vai para além daquele necessário para exercer a sua profissão, tanto mais quanto maior for esse conhecimento, e quantas mais as áreas abrangidas por este. De qualquer forma, é unânime. Ninguém porá em dúvida este tipo de cultura, já que, por princípio, vem dos compêndios mais ou menos respeitados da História (aqui incluo todos os tipos de História e, se me é permitido, a antropologia), da geografia, outras áreas científicas.
Posso também interpretar a cultura como sendo o conjunto de tradições, obras e conceitos educacionais, específico para uma determinada população, definida pela própria, ou apenas pela geografia. É unânime. Culturalmente unânime. Pode até ser incluído no conceito anterior, com algum jeitinho.
O outro conceito é o de que cultura é gosto, arte. Não só a arte consagrada, mas a que isso aspira também. Não é, de forma alguma, unânime. Cada um considera algo como boa cultura, ou não, conforme os seus gostos pessoais.
E é aqui que chego à minha obscura intenção, já adivinhada pelo AA no seu segundo comentário ao texto anterior. O propósito de um Ministério da Cultura, e a cultura que sustenta.
Será mesmo necessário um Ministério? Uma Secretaria de Estado também pode sustentar os pretensos defensores da "cultura" Portuguesa. E para quê sustentar esses profetas do que é culturalmente aceite? Quais os critérios? Porque é que algumas formas de arte estão acima das leis de mercado, enquanto que outras dependem do seu sucesso comercial?
Vêem-se por aí peças de teatro e filmes que caem nas bilheteiras, sustentados pelo estado, enquanto que um músico ou um escritor só o é na medida em que a sua arte vende. E há música e literatura portuguesas para todos os gostos. Uns vendem mais que outros, e quem não consegue lucro, deixa de vender. Já os encenadores e realizadores, por exemplo, se persistem sem sucesso, é porque o povo é bronco, não entende a arte. Então o estado decide que o povo tem que pagar impostos para ser forçado a engulir a auto-proclamada arte.
Quando penso que paguei para que o João César Monteiro filmasse um casaco em cima da lente. É arte...
Também se faz cultura na blogosfera, umas vezes mais que outras e raramente unânime, mas a mim ninguém subsidia.

segunda-feira, novembro 28, 2005

Uma dúvida que me assombra o espírito

Que raio é, afinal, a cultura?
Espero que alguém mo esclareça antes de começar o meu chorrilho de ideias e baboseiras acerca do assunto. Esta dúvida fervilha, e há já muito, dentro da minha mente.

Soares não se decide (ou a democracia "a la" Soares)

Mário Soares diz que não fala do que não quer falar. Soares já criticou Cavaco, mais do que uma vez, por não falar do que ele quer.
Afinal, que quer Soares? Quer que se fale só do que ele quer (mostrando a sua "democracia" egocêntrica), ou mudou de táctica, imitando Cavaco?

quinta-feira, novembro 24, 2005

Afinal, não estava completa

Não estava completa, a minha lista de candidatos (espero que agora esteja). Acrescentei quatro candidatos (três mais um, já que acredito que nem o próprio Manuel Vieira leva a sua candidatura a sério).
Manuel Vieira está de volta, mas o "site" tem pouca informação sobre a própria candidatura. Está em construção.
Nélson Magalhães é o candidato emigrante. Aliás, segundo o próprio "um EMIGRANTE Mundialmente conhecido". Confesso que não o conheço. O "site" é fraquinho.
Carmelinda Pereira candidata-se pelo POUS. Nem tem "site" próprio, apresentando-se numa recôndita página do "site" do partido. Deve ser uma questão de contenção de despesas. Os responsáveis por esta candidatura afirmam "estaremos prontos a abandonar a nossa candidatura" em favor da de Manuel Alegre, pelo que não sei se valerá realmente a pena fazer um "site" próprio.
Até o Partido Humanista apresenta candidato. Luís Filipe Guerra declara-se diferente dos outros políticos, tal qual os restantes candidatos, num "site" pequeno, eficaz para o efeito pretendido, acho eu.
Post Scriptum: Agradeço a chamada de atenção do anónimo que usou um "nick" colado ao meu, "gonçalinho ii", e ao K, do Kafka - O Antivilacondense pela lista de onde tirei os candidatos que me faltavam.

Mais dois

Espero ter completado a lista de candidatos e aspirantes a candidatos à Presidência da República Portuguesa, com a adição dos "link's" às páginas de Garcia Pereira e de Botelho Ribeiro.
Garcia Pereira apela às assinaturas de apoio, num "site" sóbrio, com acompanhamento musical à entrada, e uma frase já característica daquele quadrante político (PCTP/MRPP) em rodapé: "O Povo Vencerá!". Na lista da comissão de honra de Garcia Pereira, um nome chamou-me a atenção: o do Professor Doutor José Pinto da Costa, Professor Catedrático de Medicina Legal no Porto, aquele que já fez "mais de cem mil autópsias", irmão de Jorge Nuno Pinto da Costa. Descobri, na dura procura pelo "site" oficial (demorei uns três minutos!), um blogue de apoio a esta candidatura: Garcia Pereira a Presidente.
Botelho Ribeiro apresenta-se numa página a amarelo torrado, ou castanho-amarelado, ou lá que côr é aquela (dificuldades de um gajo que recusa, passivamente, ser metrossexual), com uma carta escrita na primeira pessoa. Lendo a lista do quadro de honra, não posso deixar de arriscar que este candidato é "motard", já que nesta lista figuram dois presidentes de motoclubes nacionais (mais propriamente dos de Faro e de Paços de Ferreira). Talvez arrisque mal. Um currículo técnico jeitoso não me puxaria muita simpatia, se não fosse rematado com um bom currículo social, mostrando que é um jovem adulto (tem menos de quarenta anos) que não se preocupa só com a carreira. Imaginem que até toca guitarra portuguesa num grupo de fados, e compõe. Não será muito simpático para os nossos amigos mais virados para a esquerda, já que confessa ser membro activo das campanhas pró-vida. Como há quem ache que esta é uma atitude de direita, podemos dizer que, se Botelho Ribeiro conseguir as assinaturas suficientes, Cavaco não será o único candidato desse lado político.
Já agora, o "site" de Cavaco já está muito melhor.

quarta-feira, novembro 23, 2005

Santa ILGA

O meu mau feitio vem à superfície sempre que vejo argumentações sem lógica, como esta. A ILGA queixa-se de que a Igreja Católica quer proibir a ordenação de homossexuais.
Tem lógica, a opção da Igreja, apesar de pouco efectiva, já que o homossexual que quiser ser padre tem bom remédio: não diz que é homossexual. Mas digo que existe lógica nesta decisão, pelo simples facto de, à luz da doutrina católica, a homossexualidade ser pecado. Ora onde está a lógica de ordenar alguém que confessa o pecado e não se arrepende (ênfase no não arrependimento).
E para que é que um homossexual quer ser padre? Fará, obrigatoriamente, um voto de castidade!

terça-feira, novembro 22, 2005

A tese geral

Sócrates apelidou de "tese geral" a versão de Manuel Alegre. Como se houvesse uma conspiração para o prejudicar, escondida no meio das palavras do poeta/deputado/candidato à presidência da República.
Senhor Secretário-Geral do Partido Socialista, Primeiro-Ministro de Portugal: eu não tenho tese nenhuma acerca de uma conversa que você teve, ou não, com Manuel Alegre. Tudo o que sei (e é facto, não tese) é que Alegre diz que sim, você diz que não.

Manuel Alegre mente

Ou pelo menos é o que diz José Sócrates. Ou então é Sócrates o mentiroso, segundo Alegre. A candidatura de Mário Soares continua a sangrar o Partido Socialista.
Suspeito que Soares pressionou os dirigentes do PS, impôs-se. Como? Porquê? Não sei, e prefiro não saber, por protecção.

segunda-feira, novembro 21, 2005

Olha-m'este...

Não conheço assim tão bem a Constituição socialista que me impuseram, mas dá-me a impressão que Alegre tem razão (quem souber que me corrija, por favor), nem me recordo de este candidato ter usado o termo "livremente".
Também não me parece assim tão descabido Cavaco propôr legislação, já que até eu o posso fazer. Que me tenha apercebido, Cavaco não disse que ia à Assembleia submeter directamente aos deputados legislação por si idealizada, apenas sugeri-la aos partidos. Volto a dizê-lo: também eu o posso fazer (se algum conhecedor da constituição ler estas minhas afirmações, e as interpretar como erradas, agradeço que me corrija).
Estas duas pequenas interpretações de Vital Moreira parecem-me facciosas e, logo, algo desonestas. Será caso para dizer: quem desatina sou eu!

domingo, novembro 20, 2005

Metendo o bedelho

Espero que o AMN do A Arte da Fuga me desculpe, mas ao ler o comentário do Tiago Mendes (às 5:56 PM) ao texto "O beijo de Gaia", senti que tinha que contestar por mi, de uma forma mais visível que um comentário (se bem que desconfio que um comentário naquele blogue tem mais visibilidade que um "post" no meu).
O Tiago Mendes escreveu "Mas ha' certos preconceitos que nao fazem sentido - muito ate' porque sao anti-cientificos (ex: julgar que a orientacao sexual e' uma "escolha", e que dai advém a "moral" e o "pecado" e o diabo que os carregue aos moralistas deste pais).". Anti-científicos porquê? Existe algum estudo científico, mínimamente unânime e que eu desconheça (e desconheço muitos), que prove que a homossexualidade não é uma escolha? Tanto quanto sei, essa é uma discussão que ainda decorre, não havendo conclusões.
Devo dizer que, se a homossexualidade é uma escolha, não a vejo como imoral. Não gosto, mas desde que não me incomodem... E se não é uma escolha? Dou-vos três hipóteses. Condição física adquirida, condição de origem ontológica (de desenvolvimento) ou condição genética.
A condição física adquirida, uma vez que é uma condição contrária à perpetuação da espécie, temos que a classificar de doença. Respeito todos os doentes, mas podem curar-se, ou tentar. É claro que toda o doente tem o direito de recusar tratamento.
A condição de origem ontológica (um "imprinting" mal dirigido, um acontecimento traumático, etc), pelas mesmas razões da hipótese anterior, também deve ser considerado como uma doença. Houve até, na década de 1980-90, um psiquiatra americano que afirmou ter-se curado da homossexualidade, e ofereceu-se para fazer o mesmo por quem o desejasse. Esse médico afirma ter curado dezenas. Se isto for verdade, é impossivel admitir-se que um casal homossexual crie uma criança, adoptada ou não.
Se a condição tem origem genética, mais uma vez, é uma doença, nem que seja específica (aqui "específica" tem a haver com espécie), já que é um gene, ou conjunto de genes, que não traz nenhuma vantagem aparente à espécie, e parece-me trazer desvantagem. Sendo assim, deixem-nos fazer o que lhes apetece, que o gene extinguir-se-á eventualmente.
Dito isto, opinem à vontade. Entre vós, no café. Aqui, na blogosfera, onde a discussão é sempre fértil. Mas nunca se deixem levar por sentimentos ou por colagens ao que é considerado políticamente correcto. Pensem, logicamente, pelas vossas cabeças.

sexta-feira, novembro 18, 2005

Maus fígados

Houve, recentemente, dois anúncios de estabelecimentos comerciais que despertaram o mau feitio. A título de curiosidade, discuto-os aqui.
Na montra de uma loja de artigos para bébés e crianças sub-12 do NorteShopping, lia-se uma oferta de trabalho standardizada, com o seguinte anúncio: "Empregado/a, procura-se". O que me deu mau fígado foi o facto de estar riscado, a marcador, o "o". Limitavam a escolha a membros do sexo feminino! Porquê? Alguém me explica? Sexistas!!
O outro, li ontem. Num conhecido e frequentado boteco especializado em café, que sempre teve serviço à mesa, tinha o seguinte panfleto sobre as mesas: "Estimados clientes vimos por este modo informar que o serviço à mesa é efectuado por pré-pagamento". Não me esqueci das vírgulas... Não existem no original (a culpa é do Saramago!). O que é que se entende com isto? Eu arrisquei que a intenção seria fazer o cliente pagar, sentar, e ser servido à mesa. Mas o que realmente acontece é que o cliente paga, espera pelo pedido de tabuleiro em riste, e senta-se com o pedido... E onde está o serviço de mesa nisto tudo?! Percebi pouco depois: é quando o cliente se levanta, pois vêm limpar a mesa.
Já estou mais aliviado. Às vezes é realmente necessário despejar pequenas coisas que nos enervam para não deixar úlcerar. Agradeço a paciência.

Sessões de "esclarecimento"

As sessões de esclarecimento sobre a democracia, promovidas pelo Concelho da Revolução de Abril, eram supostamente levadas a cabo pelos militares. Um tio meu, militar de carreira desde a Guerra Colonial, foi um dos militares que participou nessas sessões, e confessa que nunca percebeu grande coisa de democracia (ou não vivessem os militares em regime de ditadura). Estes militares, segundo o meu tio, eram acompanhados por membros do Partido Comunista Português, para os "ajudarem" na sua tarefa, à sua maneira, claro.
Não me parece ter sido muito democrático da parte do Conselho. Ao menos mandava um de cada partido, e os militares só para distribuiremtabefes se estes se pegassem. É sabendo isto que eu entendo como é que os Portugueses engoliram a constituição: "Democracia, é o socialismo!"
(Isto faz-me lembrar um pequeno excerto de umas filmagens feitas por um jornalista estrangeiro - não me lembra a nacionalidade - aquando de uma dessas sessões no Alentejo profundo. Um senhor que passava com a sua enxada foi interpelado, para servir de exemplo, a deixar ali a sua enxada, para usufruto de todos. Ri-me como um louco quando o senhor, já farto de dizer que não, que tinha pago vinte escudos pela ferramenta, que era dele, começou a ameaçar o finório de cidade com a dita. Ehehe!)

quinta-feira, novembro 17, 2005

Distribuição de bens

Defenda-se, então, a distribuição equitativa de toda a riqueza e bens mundiais. Que fazer com todos os bens cujo número é inferior à população humana? A sua distribuição é impossível. Pode fazer-se uma de três coisas: destruí-los, para que ninguém os possua a mais que os outros; ou construir mais, para que todos os possuam por igual; ou torná-los propriedade comum, para usufruto geral.
A segunda hipótese parece-me impossível por duas razões: é uma tarefa hercúlea fazer equivaler a manufactura seja lá do que fôr à velocidade de crescimento da população humana; em segundo lugar, quero ver alguém dar-se a esse trabalho se não fôr para melhorar o seu nível de vida, algo impossível quando se quer que todas pessoas tenham exactamente as mesmas coisas.
A terceira hipótese levaria a comportamentos competitivos que a distribuição de bens pretende eliminar. Ou alguém acha que, nos depósitos onde se guardariam os bens comuns, ninguém teria em ideia chegar antes dos outros todos para escolher o melhor, ou simplesmente usar os bens, em número insuficiente para satisfazer toda a gente? Ou que estalariam conflitos pessoais por alguém alegar que precisa mais que o outro. Podia tentar regular-se. Mas quem faria o serviço sem recompensa?
Sendo assim defendo a destruição.
E sem necessidade de produzir, o dinheiro deixaria de ter valor. Nem a troca directa valeria a pena, já que desiquilibraria as posses entre os negociantes.
A humanidade estagna. A sociedade desmorona-se.
E recomeça tudo de novo, em economia selvagem e solidariedade individual. Até nascer um novo Karl Marx (que viveu sempre às custas dos outros).
Por mim, tudo bem.
(Este exercício mental tem por princípio que ninguém teria vontade de deturpar a ordem mundial em favor próprio, que o Homem não é ambicioso...)
(Bem sei que exagerei, mas é isso que faz uma caricatura)

quarta-feira, novembro 16, 2005

O racismo propriamente dito

Esclareci, no "post" anterior, o meu conceito de raça humana, que considero apenas definivel do ponto de vista cultural. Aí as diferenças são flagrantes, mas de foro unicamente ontogénico (de desenvolvimento), sendo o genético - onde as diferenças não são significativas - como um monte de barro que o meio molda. Na ontogenia interessam, portanto, coisas como a educação (familiar e populacional) ou até o ecossistema do local onde o indivíduo estudado cresce. Se ele crescer num ambiente de guerra, por exemplo, vai ser uma pessoa diferente de um clone seu (genéticamente idêntico) que cresceu em tempo de paz.
Inerente à espécie humana, está uma xenofobia latente, que emerge sempre que o indivíduo se vê confrontado com algo a que não está habituado, e tem diferentes níveis de reacção conforme as diferenças e/ou os estímulos anteriores de cada um. A somar a isto temos as ideias pré-concebidas: Se cresci a ouvir histórias (ou estórias) de ciganos enganadores e assassinos por dá cá aquela palha, e ainda por cima, em quase todos os contactos que tive com pessoas dessa cultura parecem confirmar essas histórias, é natural que me sinta pouco seguro na presença deles. É verdade que também eles partem do princípio de que eu não confio neles, e por isso me hostilizam mais. Em ambos os casos podemos ver racismo. Se calhar nem eu, nem o cigano que me hostiliza temos culpa, foi-nos incutido.
Mas não é a isso que eu chamo racismo. Chamo racismo a todos os actos de discriminação que prejudiquem um indivíduo ou grupo, tendo apenas como base as características físicas normalmente associadas às "raças".
É racismo obrigar os empregadores a um número mínimo de indivíduos de minorias rácicas, por exemplo. Prejudica os que não fazem parte das minorias, além de não fazer sentido, por não fazer sentido falar-se em raças humanas.
Do ponto de vista cultural, por outro lado, faz todo o sentido que os empregadores prefiram este ou aquele tipo. Só no emprego estatal é que não se deve ter em conta nada para além do currículo. O empregador privado, em caso de dúvida (empate, ou algo próximo, curricular), tem todo o direito a escolher quem prefere. Quem corre o risco é ele.
Sei que o que aqui escrevo não é politicamente correcto, nem foi essa a minha intenção. Não pensem que não sou generoso, ou que sou insensível, apenas acho que a emoção (como a pena) não tem nada que se intrometer nas discussões racionais. Eu sou solidário, ou não, por decisão minha, e ninguém tem nada com isso.
É que há por aí muito anti-racista que o é por imagem, ficando "bem" na fotografia.
Eu sou anti-racismo, por que admito que tanto o mal, como a solução, começam em mim.

Racismo sem raça

Racismo. Aí está uma definição fácil para muitos, equivalendo o conceito a xenofobia. Engano perigoso. Xenofobia é o medo, ou aversão, por tudo aquilo que é estranho, ou estrangeiro. Já o racismo é muitas vezes definido como discriminação de indivíduos, ou grupos, considerando apenas a côr da pele. Há quem defenda o racismo com características cientificamente definidas, alegando comportamentos enraizados no código genético.
A ciência biológica usa, hoje em dia, o estudo das diferenças genéticas para a classificação de espécies, subespécies e raças, para além de outro tipo de relações mais amplas, onde, aí sim, se misturam um pouco mais as vertentes fenotípica e genotípica (as características visíveis e as genéticas, respectivamente).
O exemplo do Canis lupus é bastante claro. A análise genética ao lobo e ao cão doméstico levou os taxonomistas (os cientistas que lidam com as relações entre as espécies) a considerarem a existência de uma só espécie, que inclui duas subespécies: o Canis lupus propriamente dito, e o Canis lupus familiaris, o “nosso” cão. Penso que ninguém tem dúvidas em dizer que os cães de diferentes raças são, visivelmente, muito diferentes entre si. Têm fenótipos muito variados. Mas essas diferenças não significam, obrigatoriamente, grandes diferenças genéticas, sendo estas, no caso dos cães, insignificantes para se definirem como espécies (ou até subespécies) diferentes. Já para definir a raça usam-se essas diferenças físicas visíveis. Desde que seja possível definir, de forma quase hermética, onde começam as características de uns e começam as dos outros. Nos cães isso é possível.
E no Homo sapiens, é possível? Se pegarmos em dois indivíduos à sorte, um escandinavo e outro sub-sahariano, existem fortes hipóteses de termos diferenças evidentes. Mas onde é que estas acabam, ou começam? É possível escolher vários fenótipos intermédios entre estes dois indivíduos, sem nunca nos apercebermos de nenhuma mudança radical, ao contrário do que acontece com os cães. As “raças” humanas, no meu entender, não vão além de um conceito cultural.

terça-feira, novembro 15, 2005

Chirac também é racista social

Afinal, Chirac também acha que os pais dos anjinhos incendiários também devem ser responsabilizados. Não estou sozinho nesta opinião.

segunda-feira, novembro 14, 2005

Conseguiram

Os "manifestantes" dos subúrbios de Paris, e das outras cidades francesas que tiveram a honra de conhecer os protestos dos jovens franceses (por vontade própria, ou por mero acaso geográfico), conseguiram. Deram mais uma razão para a Frente Nacional Francesa de Le Pen se manifestar, e ocupar um nicho político aberto à força de "cocktails" incendiários. Não é que Le Pen não tenha um nicho político em França, mas o susto (anti-democrático) das últimas eleições presidênciais desse país, mas abriram o buraco.
Ninguém se surpreenda se houver tumultos.

Soares quer Cavaco na Presidência!

Pequena provocação:
Soares diz que "ninguém pode ser eleito pelo silêncio". Soares insta Cavaco a falar, a abandonar o silêncio. Logo, Soares quer que Cavaco seja eleito.

sexta-feira, novembro 11, 2005

Sou mesmo estúpido

Não entendo... Cravinho que me desculpe, mas não entendo. "As SCUT's pagam-se a si próprias"?!? Como? Emprego?
Na construção, ninguém perde dinheiro, logo os empregos gerados não dão para cobrir, via impostos, o pagamento da obra (que é feito em fracções, logo, acrescido de juros, logo, mais caro para o estado).
Empregos subsequentes à obra? Serão assim tantos (limpeza da via, e mais umas coisas no género)? E serão assim tão bem pagos que se tornem relevantes em termos de orçamento fiscal?
Não percebo. Mas se me explicarem por A mais B, sem "se"s, nem "talvez", nem qualquer outra condicionante pelo meio, como é que é possível fazer-se tal afirmação, acreditarei.

Não são aves, mas voam

Um amigo meu, que se apresenta na blogosfera como Goethe, chamou-me à atenção, via correio electrónico, para esta notícia. Acredito que por me saber Madeirense, achou que a notícia me interessaria . Tinha razão.

Estado Novo em Paris

As autoridades francesas decidiram proibir os ajuntamentos de pessoas na Cidade de Luz, no próximo fim-de-semana. Este tipo de atitude, que encontra justificações nos recentes episódios de violência e na suspeita de que se preparam novos incidentes para aquele período, faz lembrar as leis que em Portugal vigoravam antes de 25 de Novembro de 1975 (provocação propositada, confesso, e cheia de convicção).
Prova-se, assim, que as manifestações de violência sem causa generalizada apenas dão força à supressão, ainda que temporária, de direitos de liberdade dos restantes cidadãos. Ainda mais grave, fazem-no com a conivência desses cidadãos que pretendem segurança, agora a todo o custo.

quinta-feira, novembro 10, 2005

Agradeço...!

Ao João Miranda, o Blasfemo que desvenda o segredo.

A frase demoníaca

Escrevi num "post" anterior a frase "Os pais desses meninos deviam ser postos atrás das grades com a prole por que são responsáveis.", referindo-me aos pais dos jovens cavalheiros que gostam de praticar arremesso do peso com "cocktails molotov". Fui acusado, por meio de comentários anónimos, de ser "um racista social". Porquê? Devo ser realmente estúpido, porque não percebo a razão de tal crítica. Talvez seja um problema de interpretação da frase.
Por isso explico, aqui a frase (não o que quiz dizer, mas a frase): "Os pais desses meninos deviam ser postos atrás das grades" não será a parte problemática, penso eu, sendo a segunda parte mais melindrosa para quem faltou às aulas de Português (ou, simplesmente tem uma interpretação das palavras diferente da minha); continuando, "com a prole" quer dizer "com os filhos", e "por que são responsáveis" é o mesmo que dizer "pelos quais são responsáveis". Se alguém tiver uma interpretação diferente diga-mo, por favor. Não gosto de cometer erros na minha língua mater.
Se a questão não é de interpretação, então agradeço que me expliquem onde está o racismo social. Eu acho tão responsável pela educação da sua prole o endinheirado que se ausenta da vida daquela, por vezes omitindo-se de lhe incutir uma moral sólida, como o pobre que faz o mesmo. Conheço muita gente que fez sacrifícios difíceis, sem posses, para que os filhos nunca se sentissem abandonados, ou imunes ao castigo.
Esclareçam-me, se necessário, mas com jeitinho. ;)

quarta-feira, novembro 09, 2005

E continua

O estilo agressivo a roçar a má educação de Sócrates continua. Demasiados comentários pessoais. Ele está ali para discutir o Orçamento de Estado, e não para pôr em dúvida as competências alheias, até porque quem tem telhados de vidro...
Argumentou que "já não há pachorra para ouvir o seu discurso", referindo-se ao discurso anti-fortunas de um deputado do PCP, cujo nome não me lembro. Partilho da sua opinião, mas não é para um debate no Parlamento...

Parlamentares

Ouvindo a discussão do orçamento de estado na SICnotícias, desiludi-me com uma frase de Marques Mendes, em que se confundiu e soou a um diálogo dos personagens de Hergé, Dupond e Dupont. Não sabia bem o queria dizer, repetiu-se em "tandem".
Mas, na resposta, Sócrates roçou o insulto, mostrou enervação (interrompeu o próprio discurso com um amargo e surpreso - e não surpreendente - "Ah! Já se calaram". Ele próprio ficou sem saber como reagir...), e quando Jaime Gama lhe pediu para concluir, fê-lo em mais de quatro minutos... sem mais nenhuma interpelação por parte do Presidente da Assembleia. Ao menos, nesses quatro minutos, fez a sua única argumentação de jeito: lembrou a bancada social-democrata de que, quando estavam no governo, assinaram contratos com os congéneres espanhóis para fazer o famigerado TGV.
A falta de qualidade começa a ser gritante...

Escumalha, malandros...?

Sarcozy, Ministro das polícias e segurança interna francês, usou "escumalha" para adjectivar os bravos revolucionários que incendeiam propriedade alheia (danos "colaterais(!)" inerentes a qualquer movimento de contestação social, pelos vistos...). Por este deslize diplomático, por ser passível de perniciosa generalização a todos os habitantes daqueles bairros, as cândidas e pacíficas crianças desistiram de quase todas as reinvindicações, para se concentrarem no pedido de demissão do tal Ministro (como se isso resolvesse alguma coisa), representante de Mefistófeles neste mundo dos mortais.
Ao que parece, a televisão francesa tem adoptado o termo "voyou" para apelidar esses anjinhos. Essa palavra tem um sentido perjurativo, muito próximo de "escumalha", o que vem confirmar as teorias das seitas que por aí pululam, segundo as quais a televisão é um instrumento de Satanás.
Será que os alegres e reinvindicativos jovens franceses, discriminados por quem ganha dinheiro (selvagens capitalistas sem escrúpulos) vão boicotar as televisões, ou até mantê-las reféns, como tentam fazer com o seu país de nascença? É uma questão de coerência.

segunda-feira, novembro 07, 2005

Violência em França, ainda

Acabei de ouvir chamar aos episódios de violência em França de "crise social". Que se diga que surgiram por causa de uma crise social (e também é verdade que originam uma crise social), mas os actos em si não são outra coisa senão delinquência.
Os pais desses meninos deviam ser postos atrás das grades com a prole por que são responsáveis.
Sentem-se preteridos em relação aos dos bairros menos pobres, os meninos. Então provem que têm juízo! Assim só dão razão aos que os classificam de "não confiaveis", no mínimo.

... e não acaba!

França: 34 polícias feridos na noite de confrontos mais violenta. 1408 veículos queimados. Ao menos 395 energúmenos foram presos.
Tenho lido e ouvido falar muito sobre políticas de integração, mas ainda estou para as perceber. Se por integração se entende quotas nas empresas, sou contra. Muito contra. Não se pode combater discriminação com discriminação. Eu, maioria, tenho tanto direito ao trabalho quanto eles, minoria. E um patrão privado deve ter a liberdade de escolher quem bem entender para trabalhar para si. Se escolher mal, problema dele.

domingo, novembro 06, 2005

SCUT's... solidárias!?

Sócrates diz que é dever do país ser solidário com as regiões menos desenvolvidas, defendendo as SCUT’s. Recuso. Não me sinto minimamente obrigado a pagar os custos de construção, utilização e manutenção de uma estrada que de pouco me serve, só para que outros façam dinheiro. Sim, esta é uma questão económica, não social.
Eu não me importo de pagar portagens, tendo em troca um bom serviço, ou seja uma autoestrada boa, segura, com boa manutenção e um traçado bem pensado.
Além disso, do ponto de vista da solidariedade, eu gostaria de ter a liberdade de escolher as minhas causas, e não que as escolham por mim.
(Se é uma questão económica, eu não sou rico, também não quero pagar portagens, para poder poupar para investir. Se, por outro lado, é uma questão de solidariedade, venham falar-me pessoalmente, ou façam uma campanha na comunicação social que contribuo. Provavelmente.)

Racismo em França

Os delinquentes (a quem a irresponsável imprensa começa a apelidar de manifestantes) que agora queimam propriedade alheia, acusam o Governo e a sociedade Franceses de racismo e de não lhes respeitar a liberdade de culto. Soube ontem que resolveram queimar uma Sinagoga. Deve ter sido acidental, já que eles não são racistas e respeitam o culto religiosos alheio. Ou então seguem a lei de Talião: olho por olho, dente por dente.
Tenham juízo todos aqueles que ainda os defendem!

sexta-feira, novembro 04, 2005

Anti-Bush

Pelos vistos, os pacifistas anti-Bush, não são lá muito pacíficos. É o costume: querem impôr a sua vontade, o defeito que apontam a Bush...
Para haver um teimoso, é preciso outro teimoso.

De quem é a culpa?

Os distúrbios dos arredores de Paris continuam. E de quem é a culpa? Culpemos, antes de mais, os próprios delinquentes. Sem desculpas.
Há sempre quem justifique este tipo de acções, sempre injustificadas, com um hipotético racismo por parte das autoridades. Balelas. Ou não será racista da parte deles acharem-se no direito, por serem uma minoria, de fazer o que lhes dá na tola? Terei eu menos direito que eles à indignação? Não me parece.
Por isso culpo as associações de "anjos" anti-racistas que só vêem racismo por parte das maoirias europeias, muitas vezes porque fica bem. Ou será que alguém duvida que se fossem jovens como eu a pegar fogo a tudo o que lhes aparecesse pela frente, a polícia tinha entrado à bastonada e mandado uns quantos para o hospital? Mas como não são como eu... Existe uma imagem humanitária das forças de segurança a preservar.
Os proprietários das viaturas e edifícios queimados não têm direito à protecção polícial, pelos vistos, sob pena de se dar umas marretadas numa minoria racial.
Admirem-se se começarem a aparecer bandos de vigilantes... Serão logo apelidados de neo-nazis (e não duvido que alguns o sejam), enquanto que estes anjinhos são vítimas de discriminação. Justifica-se?

Não sabe o que diz

Pus-me a ler, no Público, excertos da entrevista da TVI a Mário Soares. Depois de ter acusado Cavaco de ser, na verdade, um político profissional, contrariando-o, disse agora que o Professor "Dificilmente dá [um bom Presidente da República] porque o professor Cavaco Silva tem uma concepção de democracia muito pouco estruturada, como político intermitente que é". Afinal é profissional ou intermitente? Acho difícil ser-se ambos, mas quem sou eu para contrariar o grande Soares?...
E Soares continuou, mostrando o quanto a sua vida revolve à frente de um espelho muito lisonjeador, afirmando que "Para um Chefe de Estado é preciso saber de história, de filosofia, ter uma formação humanista. É só a economia que conta? (...) Eu publiquei nove livros desde que deixei de ser Presidente da República. (...) Ouviu alguma palavra do professor Cavaco Silva sobre globalização ou a guerra do Iraque?". Claro que é esta a opinião dele, uma vez que tirou o curso de Ciências Histórico-Filosóficas, seguido do de Direito, ambos cursos da área de humanidades. Se fosse eu a definir o perfil ideal para Presidente da República (e tivesse alguma pretensão ao cargo, além da idade mínima - ainda não cheguei lá), identificá-lo-ia com a prática de karate e canoagem, alguma experiência nos escuteiros marítimos, nascido na Região Autónoma da Madeira e cujas iniciais sejam GDATT (não valho muito mais)...
Don Mário também se prestou a uma pequena inconfidência, demonstrativa de total falta de educação, relatando uma conversa privada entre ele e Cavaco, que teve lugar numa cimeira Íbero-Americana, em que Soares pediu ao Professor que expusesse a posição Portuguesa sobre Cuba a Fidel Castro: "Ele disse-me: ´fale o senhor, fale o senhor porque eu não tenho muito jeito". Só prova a humildade de Cavaco (e possivelmente evitar um incidente diplomático ;) - se fosse eu, havia um de certeza) e o descaramente vaidoso de Soares.
Cada vez gosto menos desse senhor... Nota-se?

quarta-feira, novembro 02, 2005

Os subúrbios parisienses

Os distúrbios que se perpetuam há já 5 dias no subúrbio parisiense de Clichy-sous-Bois, levantam muitas questões. Se esquecermos a esfarrapada desculpa das mortes de dois adolescentes que morreram electrocutados ao fugir da polícia (não deviam bater muito bem da bola), temos a desculpa que acabei de ouvir no Jornal da Tarde, na RTP: a inveja, por haver, ali perto, em Paris, bairros luxuosos que contrastam com os bairros sociais em que vivem estes delinquentes (peço desculpa aos mais sensíveis a chamar jovens que destroem e roubam propriedade alheia à mínima desculpa esfarrapada de delinquentes, mas não vejo que outra classificação lhes dar). Inveja, sim. Não existe outro sentimento ali.
Serão maltratados pela sociedade francesa? Pelo menos vivem em bairros sociais, em que, se bem entendo o conceito, pouco ou nada pagam pela habitação, enquanto que nos tais bairros luxuosos de Paris se pagam rendas astronómicas. São emigrantes ostracizados? Mas julguei que fugissem de condições piores... Se não melhoraram a sua vida, podem sempre voltar para trás, ou escolher outro país que lhes dê carros e casarões melhores. Afinal querem é ser ricos, instantâneamente e sem esforço.
Dirão os mais esquerdistas: a distribuição igualitária da riqueza resolveria todos os problemas sociais do Mundo. Balelas. Se assim fosse, os tais bairros luxuosos deixariam de existir, por falta de quem os pagasse. Se se conseguisse suprimir as ambições do ser humano, para que se contentasse em ter o mesmo que o vizinho, ter-se-ia conseguido travar a produção humana. Se não é para melhorar o meu nível vida pessoal, para que é que me esforço? O essêncial "chove"!
Tenham juízo!

Eis uma questão pertinente

Por Paulo Gorjão, no Bloguítica.

Político profissional

Tenho ouvido classificar o candidato Cavaco Silva, por Soares e Alegre, de hipócrita, por não se considerarum político profissional. Não sei quem é mais hipócrita. Acho que depende da definição de político profissional.
E o que é, afinal, um político profissional? Não sei. Posso apenas fazer um exercísio de especulação acerca do que cada um dos dois lados considera como tal:
Soares e Alegre consideram como profissionais todos os que ganhem dinheiro com a política, acho eu. Isso inclui todos quantos alguma vez tenham desempenhado algum cargo político ou governativo. Mesmo aqueles que não tenham direito a subvensões posteriores se podem incluir neste conceito, uma vez que, se não são, pelo menos já foram políticos profissionais.
Já Cavaco prefere classificar como profissionais todos aqueles que dependem da política para manter o nível de vida, e se mantêm sempre ligados à ribalta política. Considerando apenas a manutenção do nível de vida, podemos excluir quase todos os políticos. Cavaco é professor universitário, e tenho a certeza que se fará pagar regiamente por ocasionais trabalhos de consultadoria. Soares tem dinheiro próprio e muitos negócios, por vezes pouco claros (EMAUDIO, a Fundação privada com dinheiros públicos), pelo menos em boatos. E Manuel Alegre, é conhecimento de todos, é um bem sucedido poeta, com uma vasta lista de publicações (será, mesmo assim, o menos desafogado dos três). Se a isto juntarmos a ribalta política, o mais profissional é Soares, sem dúvida nenhuma, e Cavaco o menos.
Têm, assim, todos razão, à sua maneira. Cabe-nos a nós, eleitores, escolher o melhor, de preferência ignorando esta discussão.
Post Scriptum: A meu ver, esta discussão tem a ver com uma tentativa de Cavaco de fazer valer a sua vantagem de técnico, e Soares de a fazer esquecer. Alegre cai aqui um pouco como o gajo que se quer fazer ouvir mas ninguém lhe liga.