No fim de tarde de hoje aproveitei que ia pôr o meu fato a lavar, já que a minha irmã se casa daqui a semana e meia e eu preciso de estar no meu melhor, e fui ver o filme Wall.e. Pode parecer estranho pensar "ah, vou ali à lavandaria e aproveito para dar um salto ao cinema", mas é preciso ver que eu não tenho horários no momento. Digamos que o tempo me vai sobrando, mesmo entre os vários projectos em que me tenho embrenhado. Mas vamos ao filme.
Não quero aqui fazer grandes considerações e ou críticas muito técnicas e cinematográficas. Quero só falar daquilo que me chamou mais a atenção e do que me interessa do ponto de vista da mensagem. O filme retrata uma sociedade em que os seres humanos não fazem nada mais senão consumir. E só há um fornecedor de serviços que trata do bem-estar dos seus consumidores em regime de monopólio, incluindo as decisões acerca das modas e gostos. Os cidadãos/consumidores desta grande nave espacial quase nem se mexem, obesos e rendidos a uma vida em que as máquinas fazem tudo por eles, incluindo ver. Sim, ver. Estas pessoas vivem em cadeiras reclináveis que os levam a todo o lado, com três ecrãs holográficos à frente da cara. Por estes ecrãs eles comunicam uns com os outros, vêem as novas modas e praticam desporto. Sim. Desporto. É óbvio que dão comandos a robots que fazem a parte física por eles. Estes seres humanos decidem muito pouco por si nem questionam nada do que é decidido pelo fornecedor de serviços. Estes seres vivos prescindiram da alma pela sobrevivência. E é o pequeno Wall.e quem causa distúrbios nesta sobrevivência e os faz ver que faz parte da natureza humana arriscar-se a viver ao invés de se resignar com a sobrevivência.
Esta é uma boa mensagem para todos quantos acreditam que a sociedade humana emana do estado, e se resignam à segurança da asa paternalista deste em troca de sobreviver. Pessoalmente não quero deixar que a minha alma fique obesa e inactiva. Quero viver.
Nota pessoal: A curta-metragem que antecede o filme é hilariante. A ver (sou mauzinho, não sou?).
6 comentários:
Sim, mas não esquecer que retrata também a existência de robots inteligentes, capazes de sentir e interagir conscientemente com o meio. Talvez seja por causa de outras peças cinematográficas com o mesmo "background", mas essa ideia de futuro inquieta-me. Matrix, I Robot, Blade Runner, 5th Element,... A lista é extensa e tende a alertar as mentes humanas ansiosaspelo progresso tecnológico. Verei de que forma se insere Wall.E nesta lista...
O problema não é o avanço tecnológico, é o que fazemos com ele. É a disponibilidade que temos, ou não, para que nos amoleçam a alma e o corpo ao ponto de nos tornarmos gado.
Não tem a haver com tecnologia, mas antes com ideias.
With great power comes great responsability... só que o humano, como sabes, não é o mais iluminado dos seres. É por isso que é necessária cautela na criação de inteligência artificial.
Gonçalinho,
Fui ver com a pequenada, e gostámos bastante. Confirma-se o que eu já tinha ouvido dizer sobre as baratas.
Peregrino,
Note que dos filmes que referiu, pelo menos o "I, Robot" e o "Blade Runner" já têm para cima de 30 anos. São da altura das calças com boca de sino.
aves raras,
São resistentes, não são?
As calças com boca de sino? :-)
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