quarta-feira, setembro 03, 2008

Wall.e tem que se lhe diga

No fim de tarde de hoje aproveitei que ia pôr o meu fato a lavar, já que a minha irmã se casa daqui a semana e meia e eu preciso de estar no meu melhor, e fui ver o filme Wall.e. Pode parecer estranho pensar "ah, vou ali à lavandaria e aproveito para dar um salto ao cinema", mas é preciso ver que eu não tenho horários no momento. Digamos que o tempo me vai sobrando, mesmo entre os vários projectos em que me tenho embrenhado. Mas vamos ao filme.
Não quero aqui fazer grandes considerações e ou críticas muito técnicas e cinematográficas. Quero só falar daquilo que me chamou mais a atenção e do que me interessa do ponto de vista da mensagem. O filme retrata uma sociedade em que os seres humanos não fazem nada mais senão consumir. E só há um fornecedor de serviços que trata do bem-estar dos seus consumidores em regime de monopólio, incluindo as decisões acerca das modas e gostos. Os cidadãos/consumidores desta grande nave espacial quase nem se mexem, obesos e rendidos a uma vida em que as máquinas fazem tudo por eles, incluindo ver. Sim, ver. Estas pessoas vivem em cadeiras reclináveis que os levam a todo o lado, com três ecrãs holográficos à frente da cara. Por estes ecrãs eles comunicam uns com os outros, vêem as novas modas e praticam desporto. Sim. Desporto. É óbvio que dão comandos a robots que fazem a parte física por eles. Estes seres humanos decidem muito pouco por si nem questionam nada do que é decidido pelo fornecedor de serviços. Estes seres vivos prescindiram da alma pela sobrevivência. E é o pequeno Wall.e quem causa distúrbios nesta sobrevivência e os faz ver que faz parte da natureza humana arriscar-se a viver ao invés de se resignar com a sobrevivência.
Esta é uma boa mensagem para todos quantos acreditam que a sociedade humana emana do estado, e se resignam à segurança da asa paternalista deste em troca de sobreviver. Pessoalmente não quero deixar que a minha alma fique obesa e inactiva. Quero viver.

Nota pessoal: A curta-metragem que antecede o filme é hilariante. A ver (sou mauzinho, não sou?).

6 comentários:

O Peregrino disse...

Sim, mas não esquecer que retrata também a existência de robots inteligentes, capazes de sentir e interagir conscientemente com o meio. Talvez seja por causa de outras peças cinematográficas com o mesmo "background", mas essa ideia de futuro inquieta-me. Matrix, I Robot, Blade Runner, 5th Element,... A lista é extensa e tende a alertar as mentes humanas ansiosaspelo progresso tecnológico. Verei de que forma se insere Wall.E nesta lista...

Gonçalo Taipa Teixeira disse...

O problema não é o avanço tecnológico, é o que fazemos com ele. É a disponibilidade que temos, ou não, para que nos amoleçam a alma e o corpo ao ponto de nos tornarmos gado.
Não tem a haver com tecnologia, mas antes com ideias.

O Peregrino disse...

With great power comes great responsability... só que o humano, como sabes, não é o mais iluminado dos seres. É por isso que é necessária cautela na criação de inteligência artificial.

Aves Raras disse...

Gonçalinho,
Fui ver com a pequenada, e gostámos bastante. Confirma-se o que eu já tinha ouvido dizer sobre as baratas.

Peregrino,
Note que dos filmes que referiu, pelo menos o "I, Robot" e o "Blade Runner" já têm para cima de 30 anos. São da altura das calças com boca de sino.

Gonçalo Taipa Teixeira disse...

aves raras,
São resistentes, não são?

Aves Raras disse...

As calças com boca de sino? :-)