A dança dos Ministros já começou. É uma moda que consiste em mudar as caras de um executivo governamental, antes de umas eleições que se prevêm más para o partido de governo, deitando fora a careta que representa o factor de descontentamento, ou depois de uma eleição que correram mal, como que culpando aqueles que saem (geralmente de forma menos airosa, no caso pós-eleitoral) pelo mau desempenho eleitoral.
É uma moda interessante, apesar de ter um propósito comparável às modas de pulseiras e brincos... só serve para enfeitar. Não muda a roupa. Atenção que às vezes a combinação das cores e dos estilos muda alguma coisa, mas eu não percebo bem o quê (não sou grande fã de pulseiras e brincos).
Mas, atenção: não tentem atribuir a invenção desta moda ao Augustus ou a qualquer outro estilista do nosso tempo. Esta moda é antiga, do tempo da monarquia, ainda. Já Antero de Quental e seus companheiros o denunciavam, e Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão, críticos de moda da época, descreveram as suas oscilações numa publicação periódica a que chamaram de As Farpas. Houve um período cinzento no século vinte que, como uma nuvem tapa o sol, inibiu a criatividade nas modas governamentais. Salazar foi um estilista algo monocromático que açambarcou as modas políticas para ele e para os seus escolhidos, transfomando a política nacional numa enfadonha vitrina. Com a sua morte, ainda houve quem lhe tentasse ocupar o lugar de monopólio, mas com pouco sucesso.
Numa interessante revolução, comparável ao movimento Punk dos anos 70, surgiu, qual Mary Quant, um tal de General Vasco Gonçalves, que tentou instalar uma moda de mudança de tons, sempre da mesma côr, muito rápida. Este ritmo alucinante destinava-se, segundo os historadores que estudaram aturadamente o assunto, a confundir os criadores rivais, que ficavam sem saber que tom usar.
No fundo, ou talvez não, é destas modinhas que o Português gosta.
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