Acaba hoje o prazo para a entrega das propostas de reformulação dos cursos superiores portugueses conforme a Declaração de Bolonha. Queixam-se os Politécnicos (também se queixam as Universidades, mas sem a veemência daqueles) de que não tiveram tempo para fazer os estudos e consequentes alterações aos cursos. Se levarmos em conta que a famigerada Declaração vem de Junho 1999, concluimos que 7 anos não foram suficientes. A meu ver eram mais que suficientes.
O problema da efectivação de Bolonha não está na falta de tempo, acho eu, mas no medo de perda de emprego por parte de alguns instalados que não querem perder o seu posto de supra-sumos que podem vir a perder o seu poder sobre a vida dos estudantes do ensino superior. Podem deixar de ser absolutamente necessários. Nunca o foram, mas tinham esse estatuto.
Em quase sete anos, tanto quanto sei, só uma Universidade tentou testar os seus cursos com o modelo de Bolonha, mas teve logo que recuar porque os professores das cadeiras que deixaram de ser obrigatórias fizeram pressão. Tinham que mostrar serviço, eficácia, mérito, e coisas ridículas do género. Tinham que tornar a sua cadeira aliciante para os alunos. Ultraje! O aluno tem é que os engulir, senão estes profes podem tornar-se desnecessários e serem dispensados. O aluno que se lixe. Na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto esse problema salta à vista.
Se há alguma coisa que eu acho que a Declaração de Bolonha pode trazer, é um aumento no número de cadeiras leccionadas, entre opcionais e especializações. Dependem é do interesse do aluno, razão de ser dos estabelecimentos de ensino superior, e o maior interessado na efectivação de Bolonha.
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