Aprovada a proposta de lei que autoriza a venda de medicamentos que não necessitam de receita médica, fora das das farmácias (leia-se "grandes superfícies"), colocam-se várias perguntas:
O lobby farmacêutico insurge-se, não porque perde o monopólio, perde lucro, dizem eles, mas cheios de preocupação pela saúde pública. Acredito que haja um ou outro farmacêutico bem-intencionado, mas não sou assim tão ingénuo, Srs farmacêuticos. Dizem eles que existem medicamentos na lista dos que não necessitam de receita médica, que são perigosos, que não devem ser vendidos sem supervisão técnica. Então, essas drogas não deviam ter sido postas na lista. E quem é que fez pressão para ficassem na lista? O lobby das farmácias. Só não sei se por terem mais lucro com isso, se por acharem que são tão competentes como os médicos na escolha das terapias. Talvez se deva alterar a lista.
Outro dos pontos de crítica a esta lei é a possibilidade de aumentar a auto-medicação dos Portugueses. Só se fôr pela disponibilidade, física e económica, que as grandes superfícies oferecem, porque eu nunca vi um farmacêutico recusar vender de um medicamento de venda livre... Além disso, postas as limitações na idade daqueles que podem comprar medicamentos, até neste assunto sou contra a protecção dos cidadãos. Não vejo ninguém a sugeir a venda de bebidas alcoólicas nas farmácias, apesar destas serem drogas mais nocivas que as vitaminas a ser vendidas fora das farmácias. Ninguém está protegido contra o consumo de álcool. Enquanto o comportamento de risco de um ser Humano não puser em causa a saúde de outros, eu não tenho nada a ver com isso. Estando a lista de medicamentos de venda livre bem feita, só muito difícilmente se tem problemas com a auto-medicação. Esta constitui, verdadeiramente, um problema quando um "técnico qualificado" facilita a venda de um medicamento de receita médica obrigatória...
A presença, ou não, de um farmacêutico numa zona especial dentro das grandes superfícies, foi outro dos assuntos discutidos. A zona especial tem lógica, como tem lógica que se vendam os refrigerados numa zona específica, e não na secção dos enlatados, por exemplo. O farmacêutico presente, deixa de ter lógica quando se fizer uma revisão séria da lista de medicamentos de venda livre. Até lá é claro que se deve manter um farmacêutico por perto, até porque as pessoas podem ter dúvidas. Mas, na minha modesta opinião, isto não é tirar os medicamentos de venda livre das farmácias, mas antes meter uma farmácia dentro de uma grande superfície, mudando a direcção dos lucros. Tem mais lógica, acho eu, refazer a bendita lista de forma a que o farmacêutico deixe de ser essencial nas grandes superfícies, sendo aconselhável tê-lo por perto para dar um parecer técnico aos clientes. Seria um bom início de carreira para muitos farmacêuticos recém-formados.
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