segunda-feira, setembro 19, 2005

E se ganhar o não?

Jaime Gama já decidiu, o PS já desviou algumas atenções das autárquicas, o BE já canta vitória (porque o BE é o baluarte da virtuosidade moral, portanto, fazer o referendo é, para eles, o mesmo que liberalizar o aborto. A não ser que o povo Português tenha feito algum pacto com a ralé moral do mundo), o PSD e o PP ficam melindrados e querem fazer queixinhas (só não sei se pela questão do aborto, se pelo sucesso do jogo político das cortinas de fumo). Os únicos que, a meu ver, têm a posição mais coerente, apesar de ser uma consequência da teimosia típica, são os comunistas. Defendendo a sua opinião de que o aborto deve ser liberado, não concordam com a decisão de Jaime Gama, pelas mesmas razões que os partidos de direita. Ao invés, defendem aquilo que o PS pode fazer, mas tem medo: fazer passar a lei de liberalização do aborto que quiserem na Assembleia. O PS não o faz para não perder votos das suas alas de apoio mais conservadoras, ou dos indecisos habituais que ora votam PSD, ora votam PS. Eleitoralismo do tipo Pôncio Pilatos.
E se, fazendo-se o referendo, ganhar o não à liberalização do aborto? PS e PSD lavam as mãos, o PP canta vitória, o PCP continuará a defender a liberalização na Assembleia, e o BE insultará o eleitorado (povo retrógrado!), e exigirá novo referendo (tentando uma tática de desgaste do eleitorado).

1 comentário:

Elise disse...

seja como for vou votar "não" no referendo.

aliás, nenhuma mulher foi presa por ter abortado. Apenas quem lucrou com este negócio é que teve pena de prisão- mas o nosso PR tratou logo de soltar as abortadeiras.