segunda-feira, setembro 05, 2005

Democracia côxa

"Marques Mendes desafia primeiro-ministro a debater crise económica e social no Parlamento". Foi este o título que me chamou a atenção ao abrir a página do Público na internet, mas não foi senão quando li o texto que senti vontade de, mais uma vez, me insurgir contra a falta de democracia desta 4ª República. O que realmente me criou um certo mal estar, foi o teor do desafio de Marques Mendes, que melhor se entende no seguinte excerto: "Aconselhando José Sócrates "a não ter medo de escolher este tema" e a não fugir do que "realmente está a preocupar o dia-a-dia dos portugueses", Marques Mendes considerou que uma recusa do chefe de Governo a este desafio será uma demonstração de falta de coragem.". Pergunto-me qual será a lógica democratica que leva a que, no debate mensal no Parlamento representativo (mais ou menos) dos eleitores Portugueses, o chefe do executivo responsável pela condução do país escolha o tema que lhe apetece?
Além de serem pouco frequentes (podiam ser semanais, na minha modesta opinião), estes debates deveriam acarretar uma verdadeira responsabilização dos membros do executivo pelos actos governamentais. (Pode acontecer, um dia, que a coisa esteja de tal maneira mal que um Primeiro Ministro escolha debater de que côr pintar uma das salas do Palácio de São Bento, só para não falar de nada em que se possa "enterrar")
Numa qualquer grande empresa, os executivos explicam aos accionistas o que fizeram e o que pretendem fazer, e depois assumem a responsabilidade de responder a qualquer dúvida que os accionistas tenham em relação aos seus planos. Era bonito se decidissem os gestores a que dúvidas responder...
Assim é a nossa democracia.

3 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado eu.
Saudações
Kafka

Gonçalo Taipa Teixeira disse...

Não é confusão: Sócrates é, neste momento o gestor; nós somos os accionistas; Marques Mendes e todos os outros deputados são os nossos representantes na assembleia de accionistas...
E é de mau gosto chamar-me camarada! ;)

AA disse...

Não concordo com a frequência semanal, mas tudo o que dizes é de bom senso, nomeadamente não haver agenda, pelo menos em metade da sessão...