sexta-feira, setembro 16, 2005

Referendo sobre o aborto e o Pai Natal

Ao ler o post "Polvo" de JCS no Lóbi do Chá, não pude deixar de lhe fazer referência. Mas enquanto JCS comenta a mais que conhecida falta de inteligência e de democracia de António Costa, e o desrespeito institucional que as declarações do pedante Ministro evidenciam, apetece-me comentar a situação propriamente dita.
Pedir ao Presidente da Assembleia Nacional que torça as regras para cumprir uma promessa eleitoral? Juízo! O mandato de governo que o PS obteve nas últimas legislativas não acaba (obrigatoriamente) antes de 2009, dando muito tempo ao Governo muito tempo para cumprir esta promessa. A não ser que a intenção seja outra.
Pode ser uma estratégia, ao estilo de Luís de Matos, de fazer movimentos muito conspícuos com uma mão, desviando a atenção do eleitorado para a outra mão. Falar disto agora retira visibilidade às autarquicas, e ter o referendo antes das presidenciais retira-lhes tempo de campanha e, também, visibilidade. E fica o eleitorado sem saber o que se discute.
Por outro lado, pode este Governo estar a prever uma vitória de Cavaco nas presidenciais, e a pensar que isso pode ser o fim da sua legislatura, escaldados que estão da sua própria estratégia de golpe de estado constitucional. Se isto acontecer, não poderão impôr ao povo Português o dito referendo. Pessoalmente, não acredito que Cavaco demita este Governo, só por o fazer. Acredito muito mais que Soares lhes faça forte oposição às políticas de contenção (cada vez mais fracas e raras), ao ponto de voltar a ser aquela força de bloqueio que já demonstrou com Cavaco como Primeiro Ministro.
A minha aposta vai para a tática "Luís de Matos". É cada vez mais evidente que o PS só governa para o voto. Cala-se o povo com políticas sociais, e quando o estado social rebentar pelas costuras, a culpa é dos ricos.

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