terça-feira, julho 31, 2007

Trinta horas por cem euros

Abriu o Ikea de Matosinhos. Como promoção de abertura os responsáveis da loja ofereceram cem euros em produtos próprios aos primeiros cem clientes. Houve quem esperasse à porta durante trinta horas. Por cem euros.
O país está desesperado.

sábado, julho 28, 2007

Abortar o Rally Vinho Madeira?

Segundo o Público, o aborto custará à Região Autónoma da Madeira cerca de 0,07% do orçamento total do Serviço Regional de Saúde. Se todo o dinheiro do SRS já estiver destinado, estão disponíveis 0,00%, um valor significativamente inferior aquele necessário. (ihihi)
E o artigo do Público é comentado nas televisões (não vi nada no artigo em si) com sendo um quarto do orçamento para o Rally Vinho Madeira. E depois? O orçamento para o fogo de artifício da noite de fim de ano deve ser ainda maior, e o do Carnaval e da Festa das Flores também dvem ser comparáveis aos 230 mil euros, mas todos são investimentos que dão lucro. A RAM vive do turismo. Será que o objectivo de tais insinuações é empobrecer a RAM e os Madeirenses?

sexta-feira, julho 27, 2007

Honestamente

Sócrates diz, e tem razão, que a Região Autónoma da Madeira é território da República Portuguesa e, como tal, deve fazer-se ali cumprir as leis da República.
Sócrates diz, e não tem razão, de que esta lei (aborto) foi validada pelo povo Português em referendo. Honestamente, deve dizer-se que o referendo não pedia uma lei do aborto. Votou-se no sentido de não penalizar criminalmente as mulheres que decidam abortar a sua gravidez, desde que esta ainda não tenha passado das dez semanas.

terça-feira, julho 24, 2007

Um exemplo de democracia, dizem eles...

Há objectivos... e objectivos

Quando o nosso Primeiro-Ministro anuncia milhões de euros para a «Escola do Futuro», podíamos pensar de imediato num objectivo de melhoria da educação em Portugal. Mas eis que o objectivo parece ser "colocar Portugal entre os 5 países europeus mais avançados na modernização tecnológica dos estabelecimentos de ensino". A melhoria do ensino, a acontecer, há-de ser uma consequência?...
Uma medida de consequencias potencialmente mais lentas mas provavelmente mais efectivas, é deixar o mercado actuar livremente sobre a educação.

domingo, julho 22, 2007

Não é casmurrice minha

Depois de andar às voltas com a internet à procura de informação sobre métodos abortivos, eis que saiu esta semana, no semanário Expresso (e não encontro o artigo na versão on-line), página 16, um artigo em que se afirma, tal como já tinha escrito, ser possível fazer o aborto nas primeiras nove semanas aviando receitas médicas.
Afinal, não era casmurrice minha.

Aborto por receita

A nova lei permite o aborto até às nove semanas e seis dias. Uma curta pesquisa pela rede global basta para que fique claro que, até às nove semanas (e não devem ser seis dias a fazer grande diferença), um aborto se pode fazer por receita médica.
Sendo assim, para quê tanta confusão com hospitais e objecções de consciência? Depois daquele prazo, o aborto ainda é ilegal.

quarta-feira, julho 18, 2007

Sexo, aborto e úlceras

A imposição do aborto sem justificação médica no Serviço Nacional de Saúde, às custas de todos os Portugueses, incluindo aqueles que consideram esta prática imoral, está em vigor. Alguns médicos (mais do que aqueles previstos) declaram-se objectores de consciência. Há quem os acuse de quererem levar o aborto para o lucro da sua prática privada. Mas um médico do meu círculo familiar desafiou-me a verificar a dificuldade do aborto no prazo permitido por lei. Fui à procura das técnicas.
As técnicas eminentemente cirúrgicas são mais comummente usadas em períodos mais tardios, apesar de haver um que pode ser usado logo desde o início, antes mesmo de confirmada a gravidez. Os outros são geralmente desaconselhados antes das seis semanas. Mas qualquer um destes exige mão-de-obra clínica.
As técnicas que não exigem ajuda médica, a não ser para acompanhamento consequente, são soluções farmacológicas. Uma delas, a RU486, ou Mifepristone, pode ser usada até as nove semanas. Mas esta droga é geralmente complementada pela droga mais interessante que encontrei, até porque pode ser usada como droga abortiva só por si, e ainda tem outras aplicações. O Misoprostol é uma prostaglandina sintética usada na protecção da mucosa gástrica, sendo útil tanto na cura como na prevenção da úlcera-gástrica. É muitas vezes receitada com anti-inflamatórios não esteróides, como a aspirina ou o paracetamol, exactamente para prevenir a úlceração da parede gástrica.
Sendo assim, para que é que é preciso meter uma mulher num hospital para fazer um aborto? Basta que o SNS esteja preparado (como estou certo que está) a fazer o acompanhamento posterior da mulher que decide ir à farmácia comprar um abortivo. É claro que não ponho de parte uma consulta de aconselhamento, mas esta pode ser feita em qualquer Centro de Saúde.

terça-feira, julho 17, 2007

Onde é que...?

Fui ontem ver o mais recente filme do Harry Potter. Confesso que tenho seguido a saga deste feiticeiro adolescente apenas nas salas de cinema, e por isso só agora conheço esta parte do enredo, ao contrário de muitas pessoas que conheço.
Esta é uma história (estória, para quem aprendeu português depois dos acordos/cedências) em que o poder tem medo de deixar de o ser. Para se proteger, reprime aqueles que põem dúvida as suas linhas de acção, até através do controlo da imprensa. Chega ao ponto de se impôr no sistema educativo de Hogwarts, introduzindo mudanças nos programas certificando-se de que os aprendizes de feiticeiro e bruxa não têm capacidade de se defender por si próprios no futuro. Impõem-se regras que eliminam a possibilidade de discussão e premeiam-se os delatores com créditos extra. A verdade do Ministério da Magia é a única aceite.

Agora... Onde é que eu já vi isto?...

segunda-feira, julho 16, 2007

Praias de abstenção

A abstenção nestas intercalares de Lisboa humilha todos os candidatos. E culpou-se logo a praia. Disse-se logo que o lisboeta não foi votar porque queria ir para a praia.
Apesar de concordar que é muito mais agradável ir nadar para o mar (bandeira verde ou não), num cenário que se espera de muito corpo feminino em boa forma, em vez de passar tempo demais numa fila para votar, não me parece que a praia seja uma causa. É talvez uma consequência. Se eu decido não votar, então vou para a praia ou mergulho em qualquer outra actividade de lazer que me agrade.
Ou preferiam os políticos que os eleitores que não se interessam pelas suas demagogias, ou que consideram as suas promessas ocas, se mobilizassem em volta das assembleias de voto, ficando a olhar para quem vota?

sábado, julho 14, 2007

Sugestão Socialista... Da minha parte!

O cancro do sol anda aí. Os especialistas dizem que a radiação solar que chega ao solo entre as onze e as quatro é muito perigoso. Então porque é que o Estado não protege os mais incautos, ou mesmo os loucos que não vêem que fazem mal a si próprios, e torna proibido andar na rua nesse intervalo de tempo a não ser que o cidadão esteja devidamente tapado da cabeça aos pés? Sugiro uma multa. E em caso de resistência, talvez até se deva encarcerar o cidadão enquanto a radiação solar não estiver dentro dos limites tecnicamente estipulados.
E mais sugiro que se amenize a resistência, por parte da sociedade, a tão nobre e bem intencionada medida, tornando evidente, para além dos claros benefícios na saúde de cada indivíduo, a poupança futura no orçamento do Serviço Nacional de Saúde.

Ironia e Adrenalina

Passei cerca de sete meses no País de Gales, terra onde o rugby é mais importante que o futebol. Mas foi na Região Autónoma da Madeira, hoje, que o joguei pela primeira vez. Em seven's. Um joelho dorido, uma marca de pitão no outro, e uma pontada no lado esquerdo da base do pescoço podiam fazer os mais sensíveis jurar não voltar a arriscar a experiência. Mas um ensaio e algumas placagens bem sucedidas, para além do meu gosto por desportos carregados de adrenalina (ou epinefrina) e agressividade, fazem-me considerar seriamente repetir a brincadeira.

quinta-feira, julho 12, 2007

Algo diferente

Em comentário a este meu post, uma ave rara lançou-me um desafio. Um relato (ou uma explicação, tomo a liberdade de interpretar) do pouco mais de meio ano em terras de Sua Majestade, Queen Elizabeth. Começando pelo princípio, foi por ter a vida estagnada, preso num curso de Biologia há já demasiado tempo (oito anos, depois de um ano em Microbiologia e dois em Ciências do Meio Aquático), que em Janeiro de de 2006 decidi mudar radicalmente.

Sempre vivi no mundo da lua, como diziam vários professores que me aturaram, e cedo senti uma admiração pelo mundo dos livros, por influência da minha mãe professora de Português e Inglês, e do meu avô materno professor de História e Filosofia, ambos amantes do alfarrábio. O meu avô lia e escrevia muito, mas sempre foi demasiado perfeccionista para se deixar publicar.

Com este tipo de incentivo, fui-me safando nos testes de Português com notas máximas nas composições. E lá para os onze ou doze anos vi publicado num diário madeirense um texto meu sobre o dia da árvore. Depois ganhei um concurso escolar com um poema de página e meia. Por estas e por outras, fui-me convencendo de que podia um dia tornar-me um profissional da escrita por puro prazer. Mas o empirismo da sociedade em minha volta, aliado ao meu gosto pessoal pelas ciências da vida levaram-me a percorrer os caminhos da Biologia. Desde cedo defini como objectivo tornar-me biólogo de profissão e escrever como actividade extra.

Mas a verdade é que, apesar ter algum jeito para certas disciplinas da Biologia, outras havia que me tiravam toda e qualquer vontade pegar num livro e marrar. Aliás, esta última actividade também nunca caíu nas minhas boas graças ou simpatias. Decorar, sem provar competência, era só o que queriam de mim. E eu sou teimoso, para não dizer casmurro. Fiz algum esforço no início, mas a vontade foi-se esbatendo, só reavivada pelas mudanças de curso.

Durante este percurso demasiado comprido nunca perdi a caneta, e escrevi letras para as duas tunas de que fiz parte, participei em projectos literários na segunda Universidade em que me inscrevi. Foi quando, naquele Janeiro de 2006, me apercebi de que já não estudava para os exames, mas passava as noites em branco ao teclado, escrevendo prosa e poesia rasca. Falei com o meu pacientíssimo pai, e comecei a procurar um curso superior de escrita, pelo menos na altura inexistente em Portugal. Como não me acanho com a língua de Shakespeare, decidi procurar no Reino Unido.

Em Junho de 2006 soube que fui admitido em quatro Universidades Britânicas, incluindo aquela que era a minha primeira escolha.

E aqui estou, de férias depois do meu primeiro ano no curso de Creative and Professional Writing na University of Glamorgan, à espera das primeiras notas.

quarta-feira, julho 11, 2007

Uma questão de forma

O Goethe, num comentário ao post anterior, realça o facto de eu fazer a apologia da conservação da Natureza através deste blogue, e ao mesmo tempo criticar fortemente os movimentos ecológicos pelo simples facto de este serem conotados com movimentos revolucionários comunistas. É ao lado. Eu faço a apologia da conservação pela informação, e critico esses movimentos de informar o menos possível (muito fumo e pouca parra) e de quererem impôr a sua defesa da Natureza pela força da lei. Para, sejamos sinceros, prejuízo daqueles que eles dizem defender. São movimentos que se dizem humanistas, mas que não acreditam nem no ser humano, nem na liberdade, e ainda se dizem donos da verdade e de todas as boas intenções do Mundo. E eu nada mais faço que denunciar aquilo que me parece ser uma hipocrisia, e levantar a dúvida, ainda que herética do ponto de vista da correcção política contemporânea.
Sei que o Goethe não é um destes ecofascistas, e por isso senti necessidade de me explicar melhor (espero) e desta forma mais visível. Além de que, como bem diz este meu amigo no seu comentário, eu gosto de discutir tudo, incluindo (ou especialmente) a correcção politica da moda. E não acho que isso seja defeito. Antes isso que ser mais um no rebanho.

segunda-feira, julho 09, 2007

Um debate muito esquisito...

Debate é uma discussão amigável entre duas ou mais pessoas que queiram colocar as suas ideias em questão ou discordar das demais, tentando fazer prevalecer a sua própria opinião ou sendo convencido pelas opiniões opostas. (tentei, dentro dos limites da minha pachorra, eliminar os tiques brasileiros de linguagem desta definição encontrada na Wikipédia)


Muito esquisito este debate que agora passa na RTP, dirigido por Maria Elisa Domingues. Discutir-se-ia, foi publicitado, o aquecimento global. Nem aquecimento global nem as suas causas. O que agora vejo é um simples colóquio sobre as consequências de um futuro projectado, e não previsto (para usar as palavras de um dos participantes), e soluções sugeridas. Debate, nenhum.

A culpa humana do aquecimento global é um dogma, portanto, e as opiniões opostas são politicamente incorrectas.


É um orgulho fazer parte desta raça de semi-deuses que se conseguem impôr a Hélios ou Gaia com tanta facilidade.

sábado, julho 07, 2007

Fala o roto...

PCP pede ao Governo para recuar nos tiques anti-democráticos


Ora, quem defende um sistema em que o Estado regula até a qualidade das minhas cuecas, não tem assim tanta moral para acusar outros de anti-democracia.

Luminoso Live Earth

Não resisto, ao ver as imagens dos vários concertos do movimento Live Earth, a fazer uma pergunta provocatória:
Quantas toneladas de dióxido de carbono foram e estarão ainda a ser libertadas para a atmosfera para dar energia a tão faustosos espetáculos de luz e som?

sexta-feira, julho 06, 2007

Preconceitos

Ouve-se muitas vezes, principalmente nos meios de comunicação audio-visuais, atribuir uma espécie de auréola de imparcialidade aos jornalistas que os coíbe de tomar partido, pelo simples facto de serem jornalistas. Parece que o ser humano com opinião, gostos e simpatias desaparece debaixo de um manto mágico, Só porque este tem uma carteira profissional de jornalista. Nada mais ridículo. Existem, é certo, jornalistas que conseguem manter as suas simpatias longe do seu relato. São estes os que eu considero bons jornalistas. Mas é só uma opinião.
Um jornalista é bom ou mau conforme os critérios editoriais do seu patrão. A entidade patronal é boa ou má conforme a opinião dos potênciais consumidores. Por mais que eu não goste de um dado serviço noticioso, escrito, falado ou televisionado, basta que haja um número suficiente de consumidores para que este tenha condições de existir, imparcial ou não. Mas eu não sou obrigado a consumi-lo.
Nem o jornalista, pelo simples facto de o ser, tem alguma obrigação de ser imparcial, nem eu tenho que partir do princípio de que o jornalista, pelo simples facto de o ser, é imparcial.

quinta-feira, julho 05, 2007

Delinquência recorrente

Ontem fui nadar com bandeira vermelha. Nem percebi ao certo a razão para tal bandeira, excepção feita a uma ou outra onda que arrastava um pouquinho para um lado e outro. Nada que pusesse fosse quem fosse em perigo de vida. Até desconfio que era a pessoa mais velha dentro de água, e ninguém precisou de ajuda alguma. Nem as crianças de doze anos.
Hoje a bandeira desbotou apesar de o mar não ter amenizado as suas correntes de vai-e-vem. Fui para a água na mesma, desta vez de óculos e barbatanas. Fui fazer apneia (levezinha, sem fato nem cinto de pesos), e nem assim senti qualquer dificuldade durante os quarenta e cinco minutos que gastei a olhar para debaixo de água, junto às rochas.
Ninguém me multou, apesar da lei, nem os nadadores-salvadores se viram obrigados a mexer uma palha para tirar uma pessoa sequer do mar. Que maluco! Que irresponsável! Qualquer dia vou preso...

Moral

Considero errado o suicídio. A educação Católica a que fui sujeito assim me formou. Acredito que o suicídio não traz vantagem nenhuma, e vejo-o como uma desistência.
Mas isto é a minha moral. Eu não a imponho aos outros.

terça-feira, julho 03, 2007

Também eu me atraso

Parabéns, atrasados, ao AA e ao AMN pelo terceiro aniversário do seu A Arte da Fuga.

segunda-feira, julho 02, 2007

Atrasado

Escrevo do Aeroporto Sá Carneiro, no Porto. A esta hora devia estar já no ar, mas o já pouco surpreendente cenário do atraso concretizou-se. Lê-se nos ecrãs que o vôo sai às vinte e três... A ver vamos.
Não sei se foi da inauguração da presidência do Conselho Europeu por parte dos políticos cá do burgo (como se um concerto e uns brindes tornassem a coisa mais ou menos relevante, ou os responsáveis governamentais mais competentes), ou se foram os bem sucedidos ataques* falhados no Reino Unido, ou outra razão qualquer, mas a verdade é que ainda estou de pés assentes no chão.

*Ou querem convencer-me de que o objectivo (aterrorizar Estados e respectivos povos, ao ponto de estes últimos abrirem mão de direitos e liberdades) não foi conseguido?