Em comentário a este meu post, uma ave rara lançou-me um desafio. Um relato (ou uma explicação, tomo a liberdade de interpretar) do pouco mais de meio ano em terras de Sua Majestade, Queen Elizabeth. Começando pelo princípio, foi por ter a vida estagnada, preso num curso de Biologia há já demasiado tempo (oito anos, depois de um ano em Microbiologia e dois em Ciências do Meio Aquático), que em Janeiro de de 2006 decidi mudar radicalmente.
Sempre vivi no mundo da lua, como diziam vários professores que me aturaram, e cedo senti uma admiração pelo mundo dos livros, por influência da minha mãe professora de Português e Inglês, e do meu avô materno professor de História e Filosofia, ambos amantes do alfarrábio. O meu avô lia e escrevia muito, mas sempre foi demasiado perfeccionista para se deixar publicar.
Com este tipo de incentivo, fui-me safando nos testes de Português com notas máximas nas composições. E lá para os onze ou doze anos vi publicado num diário madeirense um texto meu sobre o dia da árvore. Depois ganhei um concurso escolar com um poema de página e meia. Por estas e por outras, fui-me convencendo de que podia um dia tornar-me um profissional da escrita por puro prazer. Mas o empirismo da sociedade em minha volta, aliado ao meu gosto pessoal pelas ciências da vida levaram-me a percorrer os caminhos da Biologia. Desde cedo defini como objectivo tornar-me biólogo de profissão e escrever como actividade extra.
Mas a verdade é que, apesar ter algum jeito para certas disciplinas da Biologia, outras havia que me tiravam toda e qualquer vontade pegar num livro e marrar. Aliás, esta última actividade também nunca caíu nas minhas boas graças ou simpatias. Decorar, sem provar competência, era só o que queriam de mim. E eu sou teimoso, para não dizer casmurro. Fiz algum esforço no início, mas a vontade foi-se esbatendo, só reavivada pelas mudanças de curso.
Durante este percurso demasiado comprido nunca perdi a caneta, e escrevi letras para as duas tunas de que fiz parte, participei em projectos literários na segunda Universidade em que me inscrevi. Foi quando, naquele Janeiro de 2006, me apercebi de que já não estudava para os exames, mas passava as noites em branco ao teclado, escrevendo prosa e poesia rasca. Falei com o meu pacientíssimo pai, e comecei a procurar um curso superior de escrita, pelo menos na altura inexistente em Portugal. Como não me acanho com a língua de Shakespeare, decidi procurar no Reino Unido.
Em Junho de 2006 soube que fui admitido em quatro Universidades Britânicas, incluindo aquela que era a minha primeira escolha.
E aqui estou, de férias depois do meu primeiro ano no curso de Creative and Professional Writing na University of Glamorgan, à espera das primeiras notas.
1 comentário:
E estamos todos a torcer para q corra melhor do q biologia.
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