Ainda não ouvi nenhum líder muçulmano, religioso ou não (nos raros casos em estas duas condições não coincidem), dizer que as caricaturas o ofendem, mas paciência. Nem os mais moderados. Esses dizem que nada têm contra a liberdade de expressão, pretendem defendê-la até, mas falam em bom senso, em limitações.
Quanto ao bom senso, cada um sabe de si, e ninguém tem nada a ver com isso. Já as limitações, quaisquer que sejam, à liberdade de expressão, são inadmissíveis. Não consigo encaixar a definição de liberdade de expressão parcial. Ou é ou não é.
Ou será que a liberdade de expressão não é poder dizer tudo que nos vier à cabeça? Se me disserem que posso dizer o que penso, a não ser que isso ofenda um ou outro badameco, já me tiraram a liberdade. Se mentir, ou não puder provar alguma acusação que faça, processem-me, mas não me proíbam de o dizer.
4 comentários:
Concordo no caso concreto, mas deixo algumas ideias para reflexão/comentário. Acho que nem tudo é tão "Preto e Branco" com o seu post indica.
Em primeiro lugar: dizia Voltaire que "Common sense is not so common". Se somarmos a isto que a "falta de senso" é algo que nunca dizemos sobre nós próprios, mas só sobre os outros, o "bom senso" é um critério perigoso, porque demasiado subjectivo. É isto que justifica que, na Alemanha, sejam proibidos partidos de ideologia Nazi, o que é uma limitação às liberdades individuais, ou não?
Quanto a dizer o que lhe vem à cabeça, acho que faz muito bem. Mas note o seguinte: o risco de ser processado por algo que disse é, em si mesmo, uma limitação à sua liberdade (justificada pelo direito à honra e ao bom nome do "badameco").
Como disse, no caso em concreto concordo; só não estou seguro da extrapolação e do absolutismo da liberdade de expressão.
Exactamente por o bom senso não ser universal é que me insurgi contra o seu uso como desculpa para a limitação da liberdade de expressão. Não sei se o fiz claramente, mas era essa a minha intenção.
O principio da democracia é que a liberdade deve ser de tal modo grande que não limite a liberdade do outro.
Ou seja, o limite é (bem) evidente, ou devia ser, se o tal bom senso abundasse.
Mas o meu bom senso nem sempre é senso comum, e nem ninguém deve ser obrigado e ceder ao senso comum.
Enviar um comentário