Soube hoje que há professores neste país a quem foram atribuídas uma e duas horas semanais. Não deixa de ser um bom truque de propaganda da parte do Ministério da Educação, que contabiliza estes educadores como tendo sido colocados. O problema, além da desonestidade implícita, é que são muitas vezes colocados longe da sua área de residência, com despesas de deslocação, para dar apenas um par de aulas por semana.
Não sei para que é que se esconde não há emprego para todos os professores. Aliás, se o ensino fosse decente em Portugal, as turmas seriam mais pequenas (eu digo quinze alunos, no máximo, mas os meus amigos docentes sugerem vinte), logo, haveria mais vagas para professores.
Mas o real motivo para este texto, está na deslocalização dos docentes. Na minha opinião o problema não existiria se cada ecola pudesse escolher os seu quadros, e pagá-los como bem entendesse. Seria imposto apenas um ordenado mínimo. Se não forem privadas, que sejam geridas como tal. Compreendo que este método seria muito mais permeável a cunhas e favores, mas isso resolver-se-ia facilmente num país civilizado, onde a fiscalização funciona e as pessoas orgulham-se em saber que têm o cargo que têm por mérito próprio.
Mas a sugestão que quero realmente fazer é a seguinte: façamos concursos independentes por cada distrito (pelo menos), com a tal liberdade de remuneração a ser decidida conforme as necessidades de cada escola, obedecendo às variações de oferta e procura. Assim um professor que queira ganhar um pouco mais faz o sacrifício de ir para onde ninguém quer ir, por decisão própria. Um professor que não queira deslocalizar-se, faz a escolha consciente de ficar a ganhar menos. Claro que há sempre quem tenha a sorte de já viver nos locais onde a falta de oferta de docentes faz subir o ordenado, mas a escolha dependerá sempre do próprio: este professor pode preferir viver num centro urbano, onde há mais profissionais a competir pelos postos de trabalho.
O sistema de concurso nacional em vigor obriga os professores a deslocalizarem-se, e sem grandes contrapartidas. É um sistema ditatorial, em que os interessados apenas podem dizer "se não for muito incómodo, gostaria de ficar perto deste ou daquele local", sem quaisquer garantias de serem atendidos nas suas atenções.
Quase me apetece chamar a este sistema de colocação dos professores... de fascista!
1 comentário:
Nada tenho contra isso, mas há que fazer sugestões de meio termo, para não assustar os fascistas de esquerda.
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