quarta-feira, novembro 18, 2009

Nomenclaturas e parvoíces

Num edital de uma câmara deste nosso país de génios burocráticos podia ler-se: "proceder à captura, alojamento e abate de canídeos e gatídeos, nos termos da legislação aplicável". Uma rápida procura levou-me a fazer uma procura da palavra gatídeo no Google. Estranhamente - ou talvez não, tendo em atenção a parvoíce que grassa neste país - aparecem 626 resultados. Juntei à procura a palavra edital, e obtive 402 resultados, entre editais de câmaras e juntas de freguesia.
Ora urge, aqui, perguntar...: mas que raio é um gatídeo? Que família do Reino Animal é esta cujos espécimes, segundo os burocratas, é preciso registar e/ou abater nas mesmas condições aplicáveis aos animais da família dos canídeos. Mas canídeos sei bem o que são. Gatídeos... não sei, confesso.
A família dos canídeos (canidae) inclui, entre outros, o lobo (Canis lupus), o seu correspondente doméstico, a subespécie (Canis lupos familiaris), e a raposa (Vulpes vulpes). A família Canidae está incluída na Ordem Carnivora (ou dos carnívoros) cujas famílias se podem ver aqui. Não vislumbro, em lado nenhum, a família dos gatídeos. Talvez nem sejam carnívoros.
Podem pertencer, por exemplo, à Ordem Perissodáctila, que inclui muitos animais domésticos, raramente de estimação. Mas não vejo muitos cavalos, por exemplo, pelas nossas cidades abandonados e à procura comida no lixo. Mas novas procuras na Wikipedia me convencem de que a família gatidae pura e simplesmente não existe.
Então... a que animal se referem os nossos sapientes burocratas?

sexta-feira, outubro 09, 2009

Humor Sueco...

Se eu hoje acordasse com a notícia de que recebi o Prémio Nobel da paz, tendo feito coisa nenhuma que me fizesse sentir merecedor de tal distinção, a humildade seria avassaladora.

quinta-feira, setembro 10, 2009

A seguir, vem o quê?


Estes bem intencionados doutores levam a sua profissão tão a sério, que prestam os serviços de aconselhamento médico sem que tal lhes fosse contratado, e ainda passam receita para uma população inteira (incluindo quem não lhes pediu a opinião, por mais correcta que esta seja). Parece-me um abuso, mas eu sou um ignorante retrógrado que não acredita, de todo, que o estado é a cura para os males do mundo.
Falta, agora, censurar a publicidade aos produtos alimentares que potenciam a aparição de doenças como a obesidade ou as cardíacas. Fast-food gordurenta ou refrigerantes açucarados são acusados pelos especialistas de participarem no desenvolvimento de doenças daqueles tipos. Já imaginaram quantos engordaram por comer um hamburguer do MacDonalds por cada golo do Nuno Gomes? (Pronto, do Nuno Gomes... concedo que não são muitos hamburgueres.) E quantos não consumiram nocivas quantidades de açúcar, cafeína, e outros ingredientes por causa dos sempre memoráveis anúncios da Coca-Cola?

(continuarei a queixinha)

quarta-feira, setembro 09, 2009

Censura. Não há outra forma de o classificar

O livro do ex-inspector Gonçalo Amaral foi censurado. Por melhores que sejam as intenções que levam a esta decisão, não deixa de se tratar de censura. Por mais que se discorde ou abomine o que está lá escrito, por mais incompetente que se julgue o ex-inspector, nada justifica que ele não possa divulgar as suas ideias e teorias, fazendo o lucro que quem compra lhe confere.

segunda-feira, setembro 07, 2009

Asfixia Madeirense

Todos quantos dizem que há asfixia democrática na Região Autónoma da Madeira não acreditam no voto dos madeirenses.
Quem diz tal coisa não deve ter reparado que foi no meu distrito natal que dois autarcas (do PSD, não se enganem) foram julgados e condenados, com rapidez, por corrupção, sem interferência de nenhum poder sombrio, oculto ou declarado. Se quem fala de asfixia me souber dar algum exemplo de ausência de influência do poder político no poder judicial, não só agradeço como ficarei mais descansado.

segunda-feira, agosto 10, 2009

Prefiro...

Prefiro correr o risco de dar com os cornos no volante do meu carro por incúria minha, a permitir que um qualquer burocrata decida castigar-me por pôr a minha cornadura em risco.
Prefiro correr o risco de morrer numa sarjeta por falta de ajuda a permitir que o burocrata me force um seguro de saúde que não negociei (nem aceitei), e que me sai mais caro, ao fim do dia, que um seguro de saúde privado, para o qual fiquei sem dinheiro devido à extorsão anterior.
Prefiro ser assaltado todos os dias a ser vigiado em todos os buracos e ruelas em que me passeio por câmaras que me podem filmar, até, o alívio já tardio da bexiga contra uma qualquer pública parede mais recatada.
Prefiro correr o risco de ser levado por uma qualquer onda menos socialmente consciente a ter os burocratas à perna se for dar o mergulhinho da praxe, apesar da bandeira vermelha.
...

quinta-feira, julho 16, 2009

O dedo na ferida

Que Alberto João Jardim gosta de chocar, já não surpreende ninguém. Que a imprensa nacional só dá ênfase ao que ele diz quando choca, também ninguém não é surpresa para ninguém. Sendo assim, alguém duvida que a melhor maneira de AJJ se fazer ouvir é mandar estas atoardas que muita onda e indignação levantam, mas que têm sempre uma ferroada séria? Claro que aqueles que não olham para além do acessório (e que têm todo o direito a fazê-lo), ou que o fazem, mas a quem a mensagem real incomoda, fixam-se no barulho.
O barulho, está mais que visto, é a proposta de proibição dos partidos de extrema esquerda por serem, também, proibidos partidos de ideologia fascista. Ora, na notícia da RTP, percebe, quem estiver atento e o quiser, que a crítica é a proibição à formação de partidos fascistas. Claro que AJJ também malha nos partidos de extrema esquerda, mas penso que o pode fazer num país livre... ou não?
Neste país em que a geração dos meus pais se advoga como dona da liberdade, podendo fazer com ela o que lhes apetece, todos se indignam com a parvoíce acessória de AJJ, mas ninguém se indigna com a injustiça que quem defende a ideologia fascista sofre com esta Constituição.
Mesmo que não concorde com a ideologia (o pesado controlo da economia Italiana por parte de Mussolini enoja-me), não estaria a agir de acordo com a minha consciência se não defendesse o direito dessa ideologia a ter voz política e até a ir a votos.

Também me diverte, porque não quero chorar, ouvir Francisco Anacleto Louçã dizer que devemos a liberdade à extrema esquerda portuguesa. Esquece-se do Gonçalvismo, decerto, e da tentativa de tomada do poder (porque as eleições eram desnecessárias, pelos vistos) por parte do PCP no pós 25 de Abril.

terça-feira, junho 23, 2009

Ética e valores morais II

"What, then, are the right goals for a man to pursue? What are the values his survival requires? That is the question to be answered by the science of ethics. And this, ladies and gentlemen, is why man needs a code of ethics." Ayn Rand, in The Virtue of Selfishness

Até aqui, Rand sugere que a verdadeira diferenciação entre o bem e o mal é se é bom ou mau para a sobrevivência do indivíduo. O código de ética a que ela se refere é egoísta, no sentido de colocar apenas a pergunta: em que medida é que esta opção me beneficia. O suicídio, por exemplo, só é compreensível se for mais favorável a quem escolhe terminar a sua existência. O sacrifício da minha vida em benefício da de outros não faz sentido do ponto de vista natural. David Hume escreveu, referindo-se também à escolha individual de cada um, "I believe that no man ever threw away life while it was worth keeping".
Mas Rand explica muito melhor do que eu:

"Now you can assess the meaning of the doctrines which tell you that ethics is the province of the irrational, that reason cannot guide man's life, that his goals and values should be chosen by vote or by whim - that ethics has nothing to do with reality, with existence, with one's practical actions and concerns - or that the goal of ethics is beyond the grave, that the dead need ethics, not the living.
Ethics is not a mystic fantasy - nor a social convention - nor a dispensable, subjective luxury, to be switched or discarded in any emergency. Ethics is an objective, metaphysical necessity of man's survival - not by the grace of the supernatural nor of your neighbors nor of your whims, but by the grace of reality and the nature of life." Ayn Rand, in the Virtue of Selfishness

sexta-feira, junho 19, 2009

Ética e valores morais

"The first question is not: What particular code of values should man accept? The first question is: Does man need values at all? - and why?"
Ayn Rand


"Many of them [the philosophers] attempted to break the traditional monopoly of mysticism in the field of ethics and, allegedly, to define a rational, scientific, nonreligious morality. But their attempts consisted of trying to justify them on social grounds merely substituting society for God"
Ayn Rand


Adenda: Ambas as citações são do livro The Virtue of Selfishness.

sexta-feira, maio 29, 2009

Algum dia tinha que ser

Entreguei o meu último trabalho. Foi a Dissertação de Escrita Criativa que escolhi fazer em poesia. Dezanove poemas na língua de sua majestade. Salvo alguma coisa correr mal esta fase da minha vida fica agora para trás ao fim de catorze anos de ensino superior cheio de copos, praxe, e equívocos vocacionais. Não foi cheio de mulheres, como aqueles que têm mais fé no meu poder de sedução podem estar a pensar, mas antes cheio de uma só, durante onze anos. Não me arrependo nem um pouco, apesar de agora estar a preparar-me enfrentar o mundo sozinho.
Desde cedo encontrei refúgio na escrita. Vi palavras minhas serem publicadas pela primeira vez quando tinha doze anos e confesso que me fez bem. Mas o mundo convenceu-me de que essa paixão devia ser relegada para a categoria de actividade recreativa, e que o caminho a seguir seria o da minha outra paixão. Os animais e a ciência da vida tomaram, assim, conta da minha vida académica. A escrita refugiou-se nas publicações estudantis e nas aulas menos interessantes. Muita da minha poesia nasceu entre cálculos de parâmetros populacionais e testes de chi-quadrado.
Há três e meio anos atrás decidi-me a puxar a escrita para o primeiro lugar das minhas prioridades por troca com a biologia. Tive que mudar de língua e de país, já que em Portugal não era, à altura, aceitável que uma pessoa trocasse de área académica de forma tão radical sem regressar ao ensino secundário. Não sei como funcionam essas burocracias nos dias de hoje.
Três anos depois de chegar ao País de Gales, eis-me pronto a regressar a Portugal com uns truques a mais na manga e uma vontade quase inocente de começar a trabalhar a sério naquilo que me dá mais prazer: escrever. Poesia ou prosa, tanto faz, mas escrever.
Se não chumbar nada agora, acabei. Finalmente.

quinta-feira, abril 16, 2009

Manipulação da palavra

Tenho reparado que a frase aquecimento global tem vindo a desaparecer dos meios de comunicação social. No seu lugar ouço mudanças climáticas. Porquê?

quinta-feira, abril 09, 2009

São só dois

Depois de me equipar para tratar do físico no ginásio do campus universitário, resolvi gastar algum tempo a tirar o cabelo da frente dos olhos, ou talvez tenha sido a minha vaidade o que me atraiu ao espelho dos balneários. Enfim. Em frente. Eis que este meu gesto me rendeu uma nova preocupação: dois cabelos brancos, um em cada lado da cabeça.
Conspurcado que está o maior alvo do meu narcisismo, nada mais me resta que aceitar a passagem do tempo.
Juntam-se dois cabelos ao pêlo na barba, branquinho de estimação.

terça-feira, abril 07, 2009

Só para se pensar um pouco, porque o Mundo não é perfeito

Um dos argumentos usados na defesa do controlo estatal é que as pessoas não são fiáveis, e por isso precisam de ser controladas e moralizadas. Ora, se o ser humano não é fiável, também não terá lógica que esse controle e moralização sejam feitos por seres humanos.

Não será preferível correr o risco de falhar por responsabilidade própria, que ter a certeza de que não se atingirão os sonhos por imposição alheia?

terça-feira, março 31, 2009

Corrida às armas

Para se parar a criminalidade violenta dificulta-se o acesso às armas a quem cumpre a lei. É esta a reacção alérgica dos sucessivos governos deste nosso pesado e paternal estado.
De cada vez que se vê um cidadão obviamente muito pouco cumpridor da lei apontar uma arma à cabeça de um cidadão legalmente desarmado, os nossos legisladores correm para os seus gabinetes rabiscar formas de dificultar o acesso a essas ferramentas de má fama. Tanto quanto me é dado a perceber, os cidadãos que dão uso a essas ferramentas no exercício da antiga arte de suprimir a propriedade alheia, não passaram pelos morosos processos burocráticos eu, cidadão cumpridor da lei, terei que passar para adquirir a pistolinha que o legislador considera apropriada. Nem algumas das armas usadas pelos cidadãos que apontam e disparam contra os agentes da autoridade estão dentro do grupo aceite pelo burocrata. Têm mais poder de fogo, admitamos.
Sendo assim, o cidadão cumpridor da lei não possui arma ou, se se aventurar a passar pelo processo burocrático exigido, está em desvantagem em termos de poder de fogo. Quem não cumpre a lei e escolhe subtrair o fruto do trabalho do concidadão à força da arma de fogo, não passa pela burocracia imposta pelo bem-intencionado legislador.
Sabendo disto, o patife armado sabe que é pouco provável que a sua vítima esteja capaz de se defender, e não terá de pensar duas vezes antes de puxar da fusca e pedir, educadamente, que o trabalhador que até paga impostos lhe providencie liquidez sem muito trabalho e pouco risco.

sábado, fevereiro 28, 2009

Segurança a três tempos (capítulo 3º)

(continuação) (começa aqui e tem este entretanto)


Já com o passaporte de volta à minha mão, devidamente acompanhado pelo cartão de embarque, decidi-me a passar pela segurança antes que perdesse o vôo, que era já daí a duas horas e meia. Passei, descontraído, descalço, e sem cinto por dois postos de controlo, sempre de passaporte e cartão de embarque lado a lado. Já na fila para embarcar, resolvi fazer algo que podia ter feito logo no balcão de check-in. Olhar para o cartão de embarque. Pedro Gonçalves. Pedro Gonçalves? Resolvi verificar o meu passaporte, não fosse eu estar errado, confirmando que me chamo realmente Gonçalo Taipa Teixeira. Passei, lembro, por dois controlos de segurança de passaporte em punho e talão de embarque ao lado. Ninguém viu nada. Resolvi disfarçar, a ver se a apertada segurança me deixava embarcar em nome de outra pessoa. Mas a Espanhola que horas antes me tinha ajudado com o Português reparou que os nomes não coincidiam. Comentou, a esperta hermana evidenciando uma perspicácia fora do comum, que devia ser por isso que não estava registada nenhuma reserva para a minha bagagem. De seguida, e sem grandes burocracias, a simpática morena resolveu o problema com mestria: traçou um risco a caneta azul por cima de Pedro Gonçalves e escreveu Almeida, Gonçalo Taipa no passe de embarque...
Ao entrar no avião, outra coisa me veio à cabeça: a minha mala estava com o nome errado, e havia uma reserva de uma mala que não tinha sido registada. "Vai dar confusão", pensei eu. Adivinhei.
Já sentado e sem saber se me ria ou ficava nervoso, fiquei a ver o pessoal de cabine a entrar e a sair do avião, a chamar o piloto, e este a pegar no intercomunicador para chamar o senhor Pedro Gonchalves (o cedilha faz-lhes confusão, compreenda-se). Não sou eu, fiquei sentado. Um rapaz foi lá à frente e foi levado porta fora. Provavelmente era ele o Pedro. O Sr Gonçalves sentou-se e o piloto pegou no intercomunicador de novo, desta vez para perguntar se havia no avião alguém chamado Almeida. Levantei o braço. O comissário veio pedir-me que o acompanhasse lá à frente. A minha pequena mala azul-escura estava tristemente pousada no topo da escada, à espera que eu a confirmasse como minha.
Depois de tudo isto, cheguei ao Funchal com uma mala que se declarava como sendo de outra pessoa, mas cheguei seguro. Muito seguro.

Segurança a três tempos (capítulo 2º)

(continuação) (começa aqui)


Passo a contar-vos:
Tudo começa no balcão de check-in do aeroporto de Bristol. Entreguei o meu passaporte para que a menina, branca, loura e roliça como uma Britânica tende a ser, encontrasse a minha reserva e verificasse a minha identidade. Encontrada a reserva, ela anuncia-me que vou ter de pagar pela peça de bagagem que acabara de declarar que queria mandar para o porão, já que na minha reserva não havia registo de eu ter pago tal serviço. Fui assertivo na minha garantia de que o tinha feito, ao que ela me pediu que provasse o dito pagamento. Só tinha uma coisa a fazer: ligar o meu Mac e mostrar-lhe o ficheiro PDF da reserva, onde o pagamento em causa vinha registado. Só depois de abrir o ficheiro se tornou evidente que a coisa não seria fácil. Eu tinha efectuado a reserva na minha língua materna, pelo que a simpática menina, conhecendo apenas linguagem de Shakespeare e J.K. Rowling, não podia entender muito mais que a imagem de bagagem e o dígito 1 ao lado. Isto confundiu a loura cabecinha. Por sorte (ou talvez não), a menina que atendia no balcão contíguo era do país das touradas e tomatadas. Demorou algum tempo até perceber que o "O" que estava por baixo do tal símbolo de bagagem (acompanhado de um número um, volto a lembrar) não era um zero, mas o equivalente ao "El" na língua da família Iglesias. "O passageiro" era o que se lia. Chegou ao ponto em que as duas, simpáticas e solícitas que eram, lá me permitiram embarcar a malinha sem pagar mais um pence. Um favor, fiquei com a impressão.


(continua)

Segurança a três tempos (capítulo 1º)

Quem, daqueles que têm contacto mais próximo e regular comigo, nunca me ouviu queixar, como um velho disco de vinil riscado, sobre as peripécias a que nos obrigam nos aeroportos nos dias que correm. A enervante gincana que nos impõem em nome de uma segurança bacoca faz-me desesperar quase sempre, mas também já me deu uma ou duas histórias (resisto, ainda, a "estórias", e o verificador ortográfico do editor do blogger concorda comigo) que me deram algum gozo e me permitem escarnecer do processo.
Foi aquela do senhor de meia-idade que resolveu responder ao segurança dos sapatos, no aeroporto de Gattwick, e quis ter certeza de que tinha autorização para se calçar depois de ver o seu calçado ser devidamente perscrutado aos raios X. O segurança ficou calado enquanto o senhor, sorridente, lhe citava Lord Acton: "All power corrupts." Levado pelo momento, eu próprio completei "Absolute power" e ele entrou em sintonia comigo "corrupts absolutely."
Também houve a vez que me pediram para abrir a mochila e mostrar o carregador do meu Mac. O rapaz ficou atrapalhado quando, depois de lhe fazer a vontade, comecei também a tirar o carregador do meu telemóvel de SIM Português, seguido do carregador do telefone em que eu uso o cartão Britânico. "That's OK. That's OK" dizia-me ele, enquanto eu ainda tirava mais um fio, que ligava ao carregador do Mac. E o sorriso que certificava a minha simpática colaboração nunca me abandonou.
Mas a minha mais recente ida a casa bateu todos os recordes.


(Continua)

terça-feira, janeiro 27, 2009

Londres

Estou a estudar no Reino Unido há pouco mais de dois anos e meio. Nunca pus os pés em Londres, neste período, a não ser de passagem de e para um dos aeroportos que servem a cidade. Estive lá aos catorze anos com os meus pais, e mais nada. Desde que estou no País de Gales já visitei, de forma rápida, York, Middlesborough, Bristol, Loughborough e Wrexham. Tudo por causa do futsal. Também foi através do futsal que visitei Brno (Rep. Checa), Hasselt e Bruxelas (Bélgica). Pretendo, ainda antes de ir embora de vez, ir com a equipa a Totelos (Holanda) e Erdre, mas entretanto vou calar todos aqueles que me criticam por não dar um pulo a Londres. Vou este fim-de-semana à capital do Reino Unido, a ver se me entusiasmo.
Eu gostei da minha primeira visita, mas era novo e estava ansioso por testar o meu domínio da língua Inglesa. Hoje a língua de Sua Majestade é a língua que ouço e uso todos os dias mal saio de casa. Mesmo em casa tenho que a usar, embora em quantidades menores, já que a divido com um Inglês e outros dois Portugueses.
Espero ver outra Londres sem a supervisão dos pais e já adulto. Estou curioso.

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Ele há gajos com a mania (ou Parabéns, Sr Obama)

Tenho mais medo daquele que procura o poder cheio de boas intenções, que daquele que o faz com as piores das intenções. É mais fácil defender-me das más intenções.

terça-feira, janeiro 20, 2009

Desafiado que fui...


... pela Elise, aqui vai:

A foto:  um dos meus amigos em quem confio cegamente:

A banda: Nick Cave and The Bad Seeds

1. Homem ou mulher?  O meu pai
2. Descreve-te:  Free Bird (Lynyrd Skynyrd)
3. O que pensam de mim?  Milk and Alcool (Dr Feelgood)
4. Descreve a tua última relação:  Jilted John (Jilted john)
5. Descreve o estado actual da tua relação:  Loved Ya to Pieces (Phantom blue)
6. Onde querias estar agora?  The Upstairs Room (The Cure)
7. O que pensas do amor?  Fool in the Full Moon (Violent Femmes)
8. Como é a tua vida?  Dancing With Myself (Billy Idol)
9. O que pedirias se pudesses ter só um desejo?  Freedom (Rage Against the Machine)
10. Escreve uma frase sábia: Stop Your Sobbing (The Pretenders)

Vou passar esta corrente a:


... e porque não me apetece, a esta hora, chatear-me a procurar mais gente a quem desafiar.

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Frio? Naaa!

Aqui estou eu de volta ao Reino Unido. Está um frio de rachar. Mas nada de mais se me lembrar que amanhã parto para a República Checa para participar num torneio de futsal. Não espero apanhar temperaturas acima dos 0ºC. Mas o que mais preocupa são as sovas que o Glamorgan Academics Futsal Club vai apanhar no pavilhão. É que as outras equipas são todas profissionais ou perto disso. Como foi que nos metemos nisto?
Bem, só há uma coisa a fazer... Aprender e divertir-mo-nos um pouco.

Recta final

Cá estou eu sentado ao teclado, com a fantasmagórica luz do ecrã a servir de candeeiro para não acordar os meus pais antes da hora pretendida. Tenho as pernas um pouco doridas pela falta de alongamentos depois das duas horas de futebol com amigos na noite passada. Por vezes esqueço-me de que já não tenho 18 anos, e que o meu corpo já precisa de ajuda para recuperar de esforços físicos daquele calibre.
Estou aqui à espera que o relógio me aponte a hora certa para ir para o aeroporto. Vou directo do Funchal para Bristol. É a primeira vez que não passo pelo Porto a caminho do Reino Unido, mas a razão para que lá fosse todas as vezes que regressava da casa dos meus pais já não existe.
Mas vamos lá ao título e razão de ser deste meu primeiro post do ano. Este é o ano em que me defino. Este foi ano que escolhi para todas as grandes mudanças da minha vida, de emancipação deste trintão adolescente que se acomodou durante demasiado tempo à vida de estudante. É este o ano em que, espero com convicção, finalmente acabo um curso superior e me embrenho na vida normal de um homem da minha idade. Depois de experimentar três cursos muito diferentes daquele que agora se aproxima do fim, eis-me muito perto de ser aquilo que sonhei ser desde tenra idade.
Falta pouco, digo a mim mesmo, tremendo de medo da escalada que se avizinha, em permanente esforço para completar os desafios propostos para este trabalhoso último ano. Em pânico, confesso, por me saber próximo de largar o ninho onde me deixei estar por demasiado tempo. Ansioso por superar os meus receios e voar, sabendo que vou cair uma vez ou outra, mas na certeza de que existe um lugar para mim no mundo.