sábado, fevereiro 28, 2009

Segurança a três tempos (capítulo 1º)

Quem, daqueles que têm contacto mais próximo e regular comigo, nunca me ouviu queixar, como um velho disco de vinil riscado, sobre as peripécias a que nos obrigam nos aeroportos nos dias que correm. A enervante gincana que nos impõem em nome de uma segurança bacoca faz-me desesperar quase sempre, mas também já me deu uma ou duas histórias (resisto, ainda, a "estórias", e o verificador ortográfico do editor do blogger concorda comigo) que me deram algum gozo e me permitem escarnecer do processo.
Foi aquela do senhor de meia-idade que resolveu responder ao segurança dos sapatos, no aeroporto de Gattwick, e quis ter certeza de que tinha autorização para se calçar depois de ver o seu calçado ser devidamente perscrutado aos raios X. O segurança ficou calado enquanto o senhor, sorridente, lhe citava Lord Acton: "All power corrupts." Levado pelo momento, eu próprio completei "Absolute power" e ele entrou em sintonia comigo "corrupts absolutely."
Também houve a vez que me pediram para abrir a mochila e mostrar o carregador do meu Mac. O rapaz ficou atrapalhado quando, depois de lhe fazer a vontade, comecei também a tirar o carregador do meu telemóvel de SIM Português, seguido do carregador do telefone em que eu uso o cartão Britânico. "That's OK. That's OK" dizia-me ele, enquanto eu ainda tirava mais um fio, que ligava ao carregador do Mac. E o sorriso que certificava a minha simpática colaboração nunca me abandonou.
Mas a minha mais recente ida a casa bateu todos os recordes.


(Continua)

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