Existem, quanto a mim, duas formas de combater eficazmente o desemprego. Pelo pouco que me tem sido dado a perceber, podemos criar emprego artificialmente, através do Estado, ou criar condições para que o emprego surja por si, pela mão da sociedade civil.
Podemos escolher a via mais rápida, criando vagas suficientes para todos na estrutura do estado, ou até, radicalizando, nacionalizando as empresas que laboram por este país fora, e empregando mais do que o estritamente necessário para o funcionamente destas. Este método parece-me mais rápido mas, além de injusto para quem trabalhou uma vida inteira a criar uma mais valia sua e assim a perde, tornando-se empregado do Estado, é também prejudicial para os cofres públicos. Garantindo o Estado o rendimento de todos os seus cidadãos, produzam mais ou menos, se de todo,vai precisar de gastar mais. O excesso de mão-de-obra em cada função subiria os gastos da produção em causa, sendo assim ou os preços sobem, ou descem os salários, ou o Estado fixa os preços. Se os salários descem, desce o poder de compra. Se sobem os preços, desce o poder de compra. Se o Estado, dono da produção, mantém os preços artificialmente, mais cedo ou mais tarde tem que subir os impostos sobre os seus empregados, diminuindo o poder de compra. Corre-se até o risco de o Estado começar a pagar em géneros, numa espécie de economia de troca directa entre serviços, através de senhas, perdendo o cidadão comum a possibilidade de escolher o que fazer com o seu rendimento em total liberdade. É o fim do luxo (e não me refiro à mansão, à casa de férias ou ao topo de gama... Tudo o que não é essêncial à sobrevivência é um luxo. Veja-se a televisão, por exemplo).
Individualmente, e como nem todos trabalham por prazer mas sabem que não são despedidos, a produção desce. É possível que a descida de eficácia por indivíduo seja compensada pelo número de trabalhadores, mas aí voltamos ao número de salários por produto. Moralmente criam-se injustiças aqueles que pouco ou nada produzem terem os mesmos direitos e rendimentos que aqueles que efectivamente se esforçam. Dilui-se o mérito.
Se, por outro lado, se criarem condições à sociedade civil para que se mobilize por si e crie os seus próprios postos de emprego, demorará mais tempo. Há quem sugira incentivos pontuais para que grandes empresas estrangeiras se fixem no país, mas esta é sempre uma solução a prazo e que abre a porta à corrupção na luta pelos incentivos. Pessoalmente acredito que o incentivo real e permanente está na facilitação na criação de empresas e no alívio dos impostos sobre os lucros empresariais. Cobre-se, por exemplo, só pelos lucros pessoais. Assim o empresário prefere deixar o capital na empresa, baixando o seu rendimento individual e aumentando a capacidade de investimento da empresa. Com o aumento desta capacidade, potência-se a criação de mais emprego, o que pode gerar mais lucros pessoais taxáveis.
E se o Estado abdicar de alguns serviços que controla, deixaria de ter despesas com estes, abriria caminho a novas empresas, serviços e produtos mais consumer-friendly, e mais lucros individuais para taxar. Com essa eventual poupança o Estado poderia dedicar-se mais ainda (se por acaso já se dedica) à sua função de fiscalização.
Ainda tenho mais algumas sugestões que guardadei para outras ocasiões, pois o tempo é curto, e o texto já vai longo.