É dia de greve dos professores. Uma data mal escolhida, na minha opinião, porque se os docentes se queixam de que o Ministério da Educação anda a fazer uma campanha de degradação da imagem do professor, fazer a greve na véspera de um feriado só ajuda à intenção dos autores da hipotética campanha.
Não posso deixar de concordar que a autoridade dos professores anda muito por baixo (à excepção dos do ensino superior, onde é exagerada). Os alunos têm direitos até às orelhas, e o professor não passa de um capacho. Vi isto no caso da minha mãe, professora do antigo ciclo preparatório.
Lembro-me do orgulho e da gratificação que via na minha mãe quando chegava a casa. descrevia-me as peripécias do dia (principalmente depois de eu ter passado para o sétimo ano, com o ciclo preparatório para trás). Até a resolução dos problemas que encontrava parecia dar-lhe prazer, nunca fugindo ao aluno problemático, nem ao encontro com os pais. A partir da segunda metade da década de 1990, comecei a vê-la chegar a casa nervosa, irritadiça, e já só me descrevia as asneiradas e acessos de má educação dos alunos. Chegava a chorar quando me falava dos encontros com os responsáveis por tão protegida prole, que ainda a insultavam por cima.
Vejo-a, hoje em dia, aliviada. Não tem horário e faz trabalho de organização e dinamização na biblioteca da escola, onde só lhe aparecem os que têm interesse em aprender. Não tem horário por ordem médica (e é mesmo ordem médica, já que foi o médico quem a proibiu de dar aulas). De tanto esforçar a voz para se fazer ouvir pelos interessados no meio da poluição sonora dos não interessados, só tem uma corda vocal funcional, correu o risco de ficar muda. Também desenvolveu uma alergia (provavelmente de origem nervosa) ao pó de giz.
Há muito pai e encarregado de educação que exige do professor que o filho venha para casa doutourado e refinado de modos. Ele, o encarregado da dita, não lha dá.
A educação é da responsabilidade das famílias. A dos professores é dar formação técnica.
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