No post anterior vemos um casal que prefere ser frontal e gabar-se de que o produto que vendem é roubado de fresco. Deve até ser uma forma de convencer o potêncial cliente de que o produto é genuíno, e não contrafeito. Se calhar até é contrafeito, mas rende mais se tiver epíteto de roubado. Se assim for, a desonestidade é a dobrar.
Mas temos que ver que há mais desonestos nesta equação: o comprador. É tão desonesto quem rouba, como quem o recompensa por isso. É tão ladrão aquele que rouba, como aquele que compra o produto do acto.
Este assunto fez-me lembrar um caso de burla que aconteceu em França, e que uma pessoa próxima me descreveu: Um negociante de arte, sendo dono de um quadro genuíno e valioso de um determinado pintor, pô-lo à venda como falso. Os entendidos coleccionadores de arte, reconhecendo tratar-se do original e não de uma imitação, em vez de avisarem o aparentemente incauto comerciante, ofereciam valores acima do custo de uma imitação mas muito abaixo do valor do original. Assinado o contrato de venda de uma cópia do original, o comerciante de arte enviava aos desonestos compradores, imagine-se, uma cópia... O comerciante foi acusado de fraude, pois os coleccionadores queriam comprar especificamente o quadro exposto, e pagaram mais do que o real valor da cópia que receberam, mas eu deduzo que o caso foi de difícil conclusão já que o vendedor afirmava estar a vender uma cópia, e fê-lo.
No meio destas falcatruas todas quem é, afinal, honesto?
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