quinta-feira, junho 21, 2012

Lei de Murphy

"Quando algo pode correr mal, corre mal." É mais ou menos isto, certo? Mas, e que tal fazer a experiência? Foi o que fiz hoje.

É sabido que, de cada vez que não sabemos o caminho para algum lugar, mas mesmo assim temos de levar a viatura connosco e seguimos outra viatura que vai para o mesmo local, há sempre um semáforo que se fecha logo atrás do nosso guia. Ou são às dezenas os intrusos que pretendem mudar de faixa ou entrar na estrada em que seguimos justamente entre as duas viaturas. Ora, hoje resolvi fazer a experiência controlo, ou seja, testar o que acontece se seguir alguém sem ser absolutamente necessário tê-lo sempre no meu campo de visão.
Aproveitei que fui jogar à bola fora do Porto, e que um dos meus colegas de desporto faria cerca de 90% do meu percurso de regresso a casa, para o seguir, sem que a nossa separação significasse que me perderia no caminho e fosse parar a Espanha.
Nada. Passamos por um semáforo que me sorriu sempre a verde. Nenhum — nem um — condutor alheio à nossa curta procissão se meteu, ou sequer tentou meter, entre nós. Em situação em que aquilo que pode correr mal, quando é importante que não corra, corre tudo mal. Quando esses acontecimentos não potenciam ataques de pânico instantâneos, ou a aprendizagem do castelhano à força, nada corre mal.
Será que isto prova a Lei de Murphy?

domingo, junho 17, 2012

São todos uns anjos, diz o outro.

Às vezes divirto-me a ler os comentários às notícias da versão "online" d'A Bola. Entre pontapés e trambolhões tanto da gramática como da ortografia, passando pelo simples desconhecimento da língua portuguesa, há pessoas que nem sabem o que escrevem — saem-lhes umas coisas que nem frases são, por vezes sem sequer uma palavra identificável num dicionário da língua. Mas também dá para rir do que é dito, como um adepto do Benfica que, referindo-se ao que aconteceu no 3º jogo da final do campeonato de futsal, diz que no Benfica ninguém diz mal nem provoca os adversários. Chamar porcos aos adversários na vitória do campeonato de hóquei em patins, e um treinador pedir aos adeptos adversários que façam não-sei-o-quê ao seu ânus na vitória do campeonato de basquete não contam. Ou não contam, ou este adepto é inepto. Mentecapto, vá.
Vá lá que conheço pessoalmente Benfiquistas que têm alguma inteligência (apesar do mau gosto), o que me faz ter esperança.

quarta-feira, junho 06, 2012

Ensino superior para adultos

Portugal é o quinto país da Europa onde as famílias mais gastam para pôr os filhos no ensino superior? Acredito. Também deve ser um dos países da Europa onde mais filhos vão para a Universidade às custas dos pais (culpado...). Quando estudei no Reino Unido tinha colegas de curso mais velhos que eu, que cheguei lá com 29 e de lá saí com 32, que pagavam o curso por si. Também reparei que, entre os mais novos que eu, eram muito poucos aqueles que lá tinham chegado saídos de fresco do secundário, e eram eles próprios a pagar os seus estudos. E a propina anual, naquela altura, era de 3070 libras — hoje é três vezes mais.
As universidades até tinham preferência por estudantes com experiência profissional prévia, e davam, de moto próprio — qual estado, qual quê! — facilidades aos estudantes. Um bom exemplo era a responsabilização do aluno pela sua educação (em Portugal, um aluno do ensino superior é tratado como um estudante do secundário), pelo seu estudo e pela sua frequência. Nenhum curso do estabelecimento que frequentei fazia cair sobre os exames finais, a 100%, a avaliação do aluno. A norma eram 50 a 70% da nota final; o resto vinha dos trabalhos, entregues ao longo dos semestres. Não havia número de aulas obrigatório. A partir de um certo limite, começavam a perder pequenas percentagens da classificação final, mas continuavam elegíveis para passar no fim do ano.
De qualquer das formas, ali os alunos eram responsáveis por si, incluindo, na sua maioria, do lado financeiro.
Eu senti-me mal, ali, sendo ajudado pelos meus pais, quando os meus colegas estavam ali na mais completa independência, responsáveis por si... adultos.

terça-feira, junho 05, 2012

Cosmopolis

E foi este o filme que me apeteceu ir ver. Fui ver porque a escolha era já reduzida, e porque tinha alguma curiosidade em perceber o trailer que por aí circula, sabendo que o filme tem mão nacional.
Com suficientes actores europeus a fazer papéis de americanos, a sessão pareceu-me longa (nunca é bom sinal) e teve desistências. Pelas minhas contas, foram oito os mecenas que não honraram o filme com a sua presença até o começo dos créditos finais. cerca de metade dos presentes no início, portanto. E eu compreendi-os.
Este filme pretende ser um filme provocador, mas não passa disso mesmo, da pretensão. Uma amálgama de discursos demagógicos disfarçados de diálogo, pontuada a monólogos pejados de um pretensiosismo doloroso, é a base do filme. Os actores, quase todos com actuações suficientes (Sarah Gadon tem uma cena ou outra algo fraca), nem interessam muito nesta minha partilha. Vou só destacar Paul Giamatti, que não consegue ter desempenhos inferiores a "muito bom".