segunda-feira, dezembro 04, 2006

Sexualidade pouco consistente

Na continuação de um post anterior, em que defendo o meu direito à discriminação (como comentou o António), quero agora divagar um pouco sobre o alvo da minha antipatia.
Um dos argumentos recorrentes, que ouvi recentemente pela enésima vez, é o de que não se pode escolher quem se ama. A título particular, nem entre heterossexuais concordo inteiramente com essa afirmação, mas não é isso que está em discussão.
O argumento peca por escasso, ou por não abranger toda a população que se diz homossexual. Porque se estivesse o amor em causa, não teria lógica haver promíscuidade entre pessoas do mesmo sexo, a não ser por taradice (bissexualidade), nem haveria engates one-night-stand. Nem ninguém se definiria como homossexual sem existir a tal relação de amor involuntário e avassalador.
É uma questão de sexo, e não de amor. Como diz a canção "sexo é animal". Se é animal, e como a utilidade biológica da homossexualidade é nula, esta é, no mínimo, uma doença comportamental.
Já estou a imaginar alguns leitores a argumentar que há animais na natureza que exibem comportamentos homossexuais. Nada mais falso. Podem envolver-se sexualmente com um indivíduo do mesmo sexo, mas nunca recusam o sexo oposto, pelo qual se sentem sempre atraídos. São, no máximo, comportamentos de bissexualidade.
Existem casos de cães domésticos que não se interessam pelo sexo oposto. Normalmente são animais que foram retirados da influência materna demasiado cedo e postos num ambiente que os isolou de outros indivíduos da sua espécie. O seu imprinting social e sexual (são quase a mesma coisa...) foi deficiente, o que provoca aquilo que os veterinários comportamentalistas chamam de comportamento desviante (ou doença comportamental). Alguns desses cães até só se sentem sexualmente atraídos por seres humanos. Resumindo, o animal não sabe quem ou o que é, e identifica-se com o que ou quem está à sua volta durante o seu desenvolvimento. Isto é mais verdade quanto mais subimos na escala da inteligência, que comporta comportamentos sociais mais complexos que têm que ser aprendidos ou treinados através do exemplo, durante o período de aprendizagem. Nos animais de cérebro pouco complexo, o comportamento sexual é menos ambíguo, porque é definido exclusivamente pelo genoma, sem hipóteses de influencia ontogénica.
Escolha ou doença, não me interessa. Respeito a sua existência como seres humanos e defenderei sempre os seus direitos como indivíduos responsáveis pelas suas escolhas e comportamentos como qualquer outro cidadão. Não é por não gostar da homossexualidade que não gosto de um indivíduo que se diz homossexual.
Há quem não goste de Madeirenses. Nunca me chateei muito com isso.

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