Diz-se dos Britânicos, especialmente dos Ingleses, são viciados na etiqueta e boas maneiras. De tal forma que um Português menos atento pode fazer figura de urso. Por sorte, além de avisado, vou-me lembrando por aqui da educação que recebi, das lições de etiqueta que fui tendo da minha mãe e de uma tia (principalmente), entre calmas conversas e ocasionais puxões de orelha. Devo dizer que não me preocupo muito com isso em Portugal, mas por terras de Sua Majestade vou derramando alguma etiqueta aqui e ali.
Mas agora que vejo os tipos ao vivo e no seu aquário, começo a achar que eles são mas é uns cínicos de primeira água. Os Galeses são simpáticos e brincalhões, sempre entre cerveja e cidra, mas no momento correcto são educados o quanto baste. Já os Ingleses que por aqui vejo, de peito inchado e soberba na barriga, são barulhentos (bebem duas pints e já ninguém dorme na residência), não sabem usar a sanita (como é que ainda algumas bombas da RAF acertaram no alvo, começa a ser um mistério para mim), e acham que todas as mulheres têm que lhes cair aospés com um apalpão espontâneo na nádega. Dizer que são uns porcos é uma ofensa grave até para o mais rijo dos javalis. São Ingleses!
São distantes, frios e carregam famílias reais inteiras na barriga, mas dêem-lhes uma hora num bar, e já apalpam tudo (literalmente), e esquecem a etiqueta. Em vez de etiqueta, e principalmente no caso dos mais jovens, seria mais correcto dizer-se que eles têm post-its. Descolam com o suor derramado pela força exercida para levantar uma caneca.
Bem comportados...? Cínicos! Duas-caras, como bem diziam os índios Norte-Americanos.
Ontem fui beber uma pint ao meu pub favorito pelo meu trigésimo aniversário. Bebi duas e meti-me ao caminho de volta ao dormitório. Quase a chegar à porta do campus, um carro carregado de estudantes, incluindo raparigas, abranda e eu sinto uma pancada nas costas quando o veículo acelera de novo. O Português que estava comigo aponta para o chão, onde estão os restos de um ovo cru. O resto do ovo senti-o na minha mão, quando a levei às costas... Os selvagens estrangeiros foram agredidos no meio da rua por corajosos e valorosos cavaleiros (e damas) de sua majestade, que se pisgaram logo dali, não fossem eles obrigados a magoar os seres inferiores.
É isto a educação Britânica? Que orgulho tenho em ser Português.
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