Numa certa comunidade existem muitas árvores de fruto sem dono. Os frutos, portanto, são de quem as apanhar. Um dia um membro dessa comunidade caiu e lesionou-se em ambas as mãos. As árvores estavam carregadas, pelo que era altura de apanhar a fruta, mas aquele indivíduo não podia. Por decisão unânime, e porque aquela era uma comunidade de grande sentido de entre-ajuda, todos decidiram contribuir com dois dos frutos que apanhassem para entregar ao seu vizinho que estava impossibilitado de competir com eles na colheita. Escolheram um outro membro da comunidade para fazer a recolha. Este membro da comunidade, por ter essa função, também ficaria sem poder participar na apanha, pelo que teria direito a dez frutos da cesta da colecta.
Apanhados os frutos, feita a colheita, o indivíduo responsável pela recolha do cesto solidário retirou as dez peças de fruta a que tinha direito. Como não tinha sido isentado da contribuição (nem aceitaria tal coisa!) fez regressar dois desses frutos ao cesto da colecta. No fundo, em vez de tirar dez, tirou oito.
Agora... não tirando mérito nenhum ao trabalho deste indivíduo, devidamente recompensado com os oito frutos (se é justo ou não, cabe-lhe a ele decidir, uma vez que concordou com o negócio), é possível dizer que esta pessoa contribuiu, efectivamente, para o aumento do número de frutos no cesto?
Agora digam-me lá como é que o funcionário público paga impostos. (E não é melhor ou pior pessoa por isso!)
3 comentários:
Não sou funcionario publico nem nunca o fui... Mas esse texto falha em muitas coisas. Pois o funcionario publico tem salario, e perde uma parte deste em impostos. O que me assusta e que acabem os funcionarios publicos e eu deixe de ter educacao para o meu filho paga pelos meus impostos, seguranca e saude....
Mantendo a alegoria, enquanto que toda a comunidade vai colher os frutos porque fica com eles para si, se as árvores forem muito altas alguém teria que fazer as escadas para outros colherem. Como comer degraus é indigesto, ninguém quer fazer escadas e preferem colher frutos então, para poderem ter mais qualidade de vida (de acordo com os seus desejos) a comunidade aceita dar duas maçãs aos tipos que fazem escadas e lhes permitem colher as maçãs.
1. O que o texto diz é exactamente que o funcionário tem ordenado, mas que esse ordenado sai exactamente do mesmo bolo para onde vai a sua contribuição. Pensei que isso estivesse claro no texto, uma vez que é o alvo do texto.
2. Se as árvores forem muito altas, há-de haver quem se disponibilize a trepar por elas acima, com óbvias vantagens, e correndo os riscos que entender. Se houver interesse em subir ao topo das árvores sem correr o risco que trepar implica, alguém se há-de lembrar de fabricar escadas — como bem apontaste — e vender ou alugá-las em troca de frutos (tem trabalho a fazer as escadas, mas não tem trabalho a colher). Nem era preciso a comunidade decidir que são precisas escadas... Eu quero fazer escadas porque não porque um burocrata decidiu que eram precisas escadas, mas porque eu posso ter frutos com duas ou três escadas. Dizes que os degraus são indigestos? Os frutos que eu recebo em troca não são. Tu é que não tens fé nenhuma na motivação e nos incentivos e na inventividade de quer frutos sem trepar às árvores. É pena.
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