Era uma vez um pano. Esse pano tinha umas cores e tal e alguém disse que representava Portugal. Sendo Portugal, como qualquer estado, um conceito arbitrário, o facto de ter um pano — uma bandeira, vá — a representá-lo não aquece nem arrefece. Os clubes de futebol também têm símbolos representativos da mesma espécie, e não vem mal nenhum ao mundo por causa disso. Agora, quando o hastear dessa bandeira de pernas para o ar suscita enervados e violentos protestos contra quem a hasteia — e não contra o responsável por a colocar na guia —, meus amigos, atingimos uma barreira do ridículo.
Entendo que, por parte dos militares, que tiveram treinos de condicionamento em volta daquela bandeira, possa existir alguma reacção de repugna, desgosto, ou até de raiva (cuidado, todos os patrioteiros de Portugal que colocam bandeiras do avesso à varanda). Por parte de quem nunca passou por esses treinos de condicionamento, é incompreensível a reacção. Chega a ser ridículo. Só pode ser explicado de duas formas: ou, como cães com um ódio de estimação, estavam à espreita de uma desculpa para dizer atacar o alvo do seu ódio, mesmo que o fundamento lógico seja um patriotismo oco de razão de ser; ou estão realmente imbuídos de um patriotismo oco que os convence de que aquele pedaço de pano tem alguma importância real da vida deles.
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