Numa certa comunidade existem muitas árvores de fruto sem dono. Os frutos, portanto, são de quem as apanhar. Um dia um membro dessa comunidade caiu e lesionou-se em ambas as mãos. As árvores estavam carregadas, pelo que era altura de apanhar a fruta, mas aquele indivíduo não podia. Por decisão unânime, e porque aquela era uma comunidade de grande sentido de entre-ajuda, todos decidiram contribuir com dois dos frutos que apanhassem para entregar ao seu vizinho que estava impossibilitado de competir com eles na colheita. Escolheram um outro membro da comunidade para fazer a recolha. Este membro da comunidade, por ter essa função, também ficaria sem poder participar na apanha, pelo que teria direito a dez frutos da cesta da colecta.
Apanhados os frutos, feita a colheita, o indivíduo responsável pela recolha do cesto solidário retirou as dez peças de fruta a que tinha direito. Como não tinha sido isentado da contribuição (nem aceitaria tal coisa!) fez regressar dois desses frutos ao cesto da colecta. No fundo, em vez de tirar dez, tirou oito.
Agora... não tirando mérito nenhum ao trabalho deste indivíduo, devidamente recompensado com os oito frutos (se é justo ou não, cabe-lhe a ele decidir, uma vez que concordou com o negócio), é possível dizer que esta pessoa contribuiu, efectivamente, para o aumento do número de frutos no cesto?
Agora digam-me lá como é que o funcionário público paga impostos. (E não é melhor ou pior pessoa por isso!)