Desta vez foi o Mirror Mirror de Tarsem Singh, que (não sei porquê) suspeito ter invejado os dotes dos realizadores dos filmes que via ao crescer, criados naquele radioso, se bem que irritante, nicho da indústria cinematográfica conhecido por Bollywood. E não o digo pelo nome; depois explico. Fui ver, como se adivinha, a versão original, que o tradutor não se inibiu de intitular de Espelho Meu, Espelho Meu! Há Alguém Mais Gira do Que Eu?, sem dúvida uma partida aos desgraçados responsáveis por inserir os títulos nos quadros electrónicos das bilheteiras deste país. Agora, o filme.
A base do enredo não é segredo para ninguém, mas esta é uma versão — e é uma versão com piada. O melhor da história está nas personagens, bem trabalhadas pelos actores que as representam, com um especial destaque para Julia Roberts. A amiga Julia desenrasca-se bem como bruxa/madrasta má, com toques de humor requintados, dando alguma profundidade a uma personagem que não tem profundidade — é má, ponto. O colorido, por vezes exagerado, trazido (penso eu) de Bollywood, traz uma sensação de desenho animado ao filme, o que dá dar jeito para satisfazer os petizes, e os fãs de desenhos animados. (Eu?! Mentira! Pronto... um bocadinho.)
Para quem se quer rir um pouco, vale a pena. Para quem quer distrair os miúdos, vale a pena. Para quem sente náuseas ao ver aqueles enormes e musicais finais de assinatura de Bollywood, com coreografia tipo flash-mob-em-que-todos-participam-mesmo-que-só-lá-tenham-ido-para-mostrar-o-figurino, fuja da sala mal os heróis trocam o beijo que lhes sela o matrimónio. Mas fuja a sete pés...
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