Fui ver o filme Gone, de Heitor Dhalia (que as distribuidoras portuguesas venderam como Gone - 12 Horas), com a Amanda Seyfried, na interpretação da única personagem com volume naquele enredo (escrito por Allison Burnett), classificado como thriller dramático. Este é daqueles filmes cujo trailer promete. Promete nervos em franja e faz adivinhar surpresas em catadupa, pondo o cinéfilo que há em mim — e que ocupa muito espaço — a adivinhar conjunturas, conspirações, cambalhotas de enredo e outros tropeções nas resoluções alternativas da imaginação de quem o vê. Promete... mas não cumpre.
Desde personagens cujas primeiras aparições parecem sugerir importância na criação dos conflitos a resolver durante o filme, e que depois não são mais que placas de indicação do caminho, até à tentativa de manter a linha de dúvida inicial acerca do que realmente se passa, tudo falha. E falha por falta de vontade, parece-me. É como se o argumentista traçasse uma recta e a enfeitasse com uns pífios raminhos quebradiços. As cenas de suspense duram curtos segundos, muito curtos, e não alteram grande coisa no enredo. A resolução final do conflito lembrou-me daquela sensação de pegar no copo de refrigerante, para dar o último gole, e descobrir através do palato que já só há água do gelo no copo. Sempre temos alguma sensação de "bem feito!", mas não é suficiente.
Ainda há uma cena final, pós resolução, que pretende lançar novas dúvidas sobre o que acabamos de ver, mas, fazendo outra referência à gastronomia das salas de cinema, é mais como ir buscar as últimas pipocas ao balde e não encontrar nada a não ser migalhas, milho por rebentar e as casquinhas que se agarram à língua e se colam aos dentes. Já vem tarde, e vem sem força.
Depois de tanta volta que imaginei, e não dei, de tanta bofetada mental antecipada, e não recebida, fiquei sem saber se não seria essa a intenção — fazer a malta pensar que vai acontecer algo, mas afinal... nada — se realmente a coisa foi mal feita. Será este um golpe de um génio tão superior que me ultrapassa a compreensão, ou será mesmo uma desilusão? Não sei.
Ao ler a curtíssima sinopse deste filme no IMDb, fico com a sensação de que leio 90% do enredo — só falta dizer como acaba (mas não é difícil de adivinhar).
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