António Pedro Vasconcelos, realizador de cinema conhecido também por outras razões, alimenta um blogue no novo semanário Sol.
Tem um únco post, já com algumas semanas, mas é uma leitura que aconselho a quem defende uma cultura subsídio-dependente, protegida do "mau gosto" de quem realmente a subsidia. Lembro que o próprio A.P. Vasconcelos é um homem da cultura. De uma área da cultura, até, que em Portugal pouco ou nada sobrevive sem o produto dos impostos nacionais.
A política da cultura, num país inculto, não deve privilegiar o apoio directo aos criadores, mas sim a criação de condições para que eles encontrem um mercado para as suas obras. A prioridade não deve ser o subsídio aos artistas, mas a criação de públicos: o que nos falta são leitores, ouvintes e espectadores. E isso não é tarefa do MC, mas de outros dois Ministérios: o da Educação e o das Comunicações, que tutelam, respectivamente, esses dois instrumentos decisivos para a cultura de um país, que são as escolas e a televisão." in Das duas, uma, por APedroVasconcelos, no Sol (o negrito é meu, e já lá vou)
Só a frase que assinalei com o negrito me suscita algumas dúvidas. Que não é tarefa de um MC, que na minha modesta opinião até nem devia existir, não duvido. Mas pedir intervenção estatal na educação ou nas televisões, é sempre perigoso.
A educação deve ser independente do Estado, não só porque acredito que a própria seria melhor, mas também porque acredito que as imposições estatais no ensino redundam em programas de condicionamento social. Hoje temos jovens adultos que entram na Universidade sem saber sequer usar a língua materna correctamente, mas sabem de cor e salteado a cartilha do politicamente correcto, pouco ou nada duvidando da bondade do sistema.
Por outro lado, não duvido que as estações estatais podem, e devem, divulgar a cultura nacional (acredito que o fazem, sinceramente. Pode não ser a meu gosto, mas fazem-no). Mas APedroVasconcelos não discrimina o público do privado, espero que por distracção. É que se o Estado começa a impôr linhas de programação aos privados (como as quotas para a música portuguesa na rádio), abre as portas da censura. Em pequena escala, é certo, mas não deixa de ser censura.
Já agora, para quem tem ou teve a curiosidade de abrir os links que aqui coloquei, aprecie-se a "elevação" do debate imposta pela única pessoa a comentar aquele post... E a discussão que se lixe, não é?
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