Ora aqui está uma notícia que me fez pensar um pouco. Pessoalmente, diz-me pouco — não sou nem alguma vez fui cliente de qualquer meretriz, com ou sem relações públicas/segurança/violentador. Nada tenho contra a prostituição, tal como nada tenho contra, por exemplo, colonoscopias. Simplesmente nunca adquiri nenhum dos serviços, e espero nunca vir a sentir necessidade de o fazer. Já contra o empresário multifacetado que faz uso de qualquer tipo de violência para manter a funcionária na linha, tenho muito contra. Dá-me asco, confesso.
Mas heis que, o presidente do município lisboeta, influenciado pelas caridosas noivas de Cristo, pretende recolher as outras senhoras, aquelas que alugam os seus carinhos a quem se dispõe a pagá-los, debaixo da asa da burocracia.
Em vez de legalizar, por completo, um negócio cujo único desfavor é de índole moral (algo que é privado e diferente de indivíduo para indivíduo), levando a que os bordéis — isso de safe house, além de um estrangeirismo desnecessário, é estritamente estético — pudessem surgir naturalmente, quer pela mão de um ou outros empresário multifacetado (e que assim ficariam sujeitos à mesma relação laboral de, digamos, um empresário da restauração com os seus empregados, e que não inclui a sova), quer pela mão de um qualquer grupo de prostitutas que se quotizem numa cooperativa, ou se promovam a madames. Mas não. O presidente da Câmara pretende, em vez disso, obrigar as profissionais à cooperativa e ao controlo burocrático. Talvez ganhe votos da parte de algumas almas mais filantrópicas, das meninas que exercem tão antiga profissão, ou de alguns dos seus clientes menos tímidos e menos propensos à efectivação do acto ao relento ou na apertada viatura. Perde, de certeza, os votos dos empresários do ramo, digo eu.
Talvez se a fome de poder sobre as decisões dos indivíduos não fosse tão grande, a ideia passasse, antes do resto, pela despenalização total. A moral e a ostracização social fica à responsabilidade de cada um.
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