Quantos de nós já não gozaram de alguém que diz "subir para cima" ou "descer para baixo"? Mas estas duas expressões podem ter usos perfeitamente válidos, como a indicação do local para onde se sobe ou desce — subir ali para cima, ou para cima do banco. Também posso dizer que vou subir ali para baixo (apesar de causar alguma estranheza), tendo em conta que estou num local mais alto que o destino, e que para chegar a esse destino preciso, eventualmente, de subir — estou em cima da mesa e vou para um banco que está longe demais para fazer a deslocação directa. Agora... "novas novidades"? Se são novidades, está implícito que são novas. Se são novas em relação às anteriores, estas já não são novidades, logo não há necessidade de as distinguir das "novas".
Ouvi esta expressão na TSF, dito por uma investigadora médica. A formação superior deste país parece que se limita a treinar técnicos que seguem protocolos à risca, mas não os educa para a eventualidade de terem que lidar com situações fora do alcance da mera técnica. Esta investigadora, que ainda por cima quer dar a cara (neste caso foi a voz) por aquilo que produz na sua investigação, porque não caiu no estúdio por acidente, deduzo, deu vários pontapés na lógica retórica e até na construção gramatical das frases. Mostrou, no fundo, o analfabetismo que grassa no ensino superior português. A culpa não é dela; é de quem quis extinguir Provas Globais e coisas que tais; a culpa é de quem abafou ou extinguiu — até perseguiu — a exigência pela excelência naquilo que se produz, seja acessório, ou não, à linha principal da sua educação. É, no mínimo, uma questão de imagem. Mas é muito mais.