Que Alberto João Jardim gosta de chocar, já não surpreende ninguém. Que a imprensa nacional só dá ênfase ao que ele diz quando choca, também ninguém não é surpresa para ninguém. Sendo assim, alguém duvida que a melhor maneira de AJJ se fazer ouvir é mandar estas atoardas que muita onda e indignação levantam, mas que têm sempre uma ferroada séria? Claro que aqueles que não olham para além do acessório (e que têm todo o direito a fazê-lo), ou que o fazem, mas a quem a mensagem real incomoda, fixam-se no barulho.
O barulho, está mais que visto, é a proposta de proibição dos partidos de extrema esquerda por serem, também, proibidos partidos de ideologia fascista. Ora, na notícia da RTP, percebe, quem estiver atento e o quiser, que a crítica é a proibição à formação de partidos fascistas. Claro que AJJ também malha nos partidos de extrema esquerda, mas penso que o pode fazer num país livre... ou não?
Neste país em que a geração dos meus pais se advoga como dona da liberdade, podendo fazer com ela o que lhes apetece, todos se indignam com a parvoíce acessória de AJJ, mas ninguém se indigna com a injustiça que quem defende a ideologia fascista sofre com esta Constituição.
Mesmo que não concorde com a ideologia (o pesado controlo da economia Italiana por parte de Mussolini enoja-me), não estaria a agir de acordo com a minha consciência se não defendesse o direito dessa ideologia a ter voz política e até a ir a votos.
Também me diverte, porque não quero chorar, ouvir Francisco Anacleto Louçã dizer que devemos a liberdade à extrema esquerda portuguesa. Esquece-se do Gonçalvismo, decerto, e da tentativa de tomada do poder (porque as eleições eram desnecessárias, pelos vistos) por parte do PCP no pós 25 de Abril.