Para se parar a criminalidade violenta dificulta-se o acesso às armas a quem cumpre a lei. É esta a reacção alérgica dos sucessivos governos deste nosso pesado e paternal estado.
De cada vez que se vê um cidadão obviamente muito pouco cumpridor da lei apontar uma arma à cabeça de um cidadão legalmente desarmado, os nossos legisladores correm para os seus gabinetes rabiscar formas de dificultar o acesso a essas ferramentas de má fama. Tanto quanto me é dado a perceber, os cidadãos que dão uso a essas ferramentas no exercício da antiga arte de suprimir a propriedade alheia, não passaram pelos morosos processos burocráticos eu, cidadão cumpridor da lei, terei que passar para adquirir a pistolinha que o legislador considera apropriada. Nem algumas das armas usadas pelos cidadãos que apontam e disparam contra os agentes da autoridade estão dentro do grupo aceite pelo burocrata. Têm mais poder de fogo, admitamos.
Sendo assim, o cidadão cumpridor da lei não possui arma ou, se se aventurar a passar pelo processo burocrático exigido, está em desvantagem em termos de poder de fogo. Quem não cumpre a lei e escolhe subtrair o fruto do trabalho do concidadão à força da arma de fogo, não passa pela burocracia imposta pelo bem-intencionado legislador.
Sabendo disto, o patife armado sabe que é pouco provável que a sua vítima esteja capaz de se defender, e não terá de pensar duas vezes antes de puxar da fusca e pedir, educadamente, que o trabalhador que até paga impostos lhe providencie liquidez sem muito trabalho e pouco risco.