quinta-feira, maio 18, 2006

O código dos palpites

Dan Brown escreveu um livro. Nele o autor explora uma teoria de um outro livro "Holly Graal, Holly Blood". Vi isto e outras coisas num documentário da BBC que acabou agora na 2:, em que o actor, que aqui serviu de apresentador (era o actor que fez de Baldrick nas quatro séries do Black Adder, mas não me lembro do nome), sai numa busca à verdade do livro.
Pelo que ouvi da própria boca do autor do livro, este foi escrito para revelar uma dolorosa cabala da Igreja para abafar a verdadeira história da vida de Cristo. Pôs-lhe uma capa de ficção em cima, e disparou uma data de hipóteses e palpites. Eu não o faria. Eu escreveria uma obra mais científica, mais consistente, sem misturar o sério com a fantasia, confundindo os leitores, que ficam sem saber onde acaba a ficção e onde começa a afirmação séria do autor.
Entre as várias afirmações, contradições, suspeitas, palpites e assumpções menos provadas, o Baldrick foi deixando cair as diferentes teorias por terra, entre embustes e afirmações sem nexo. Lá pelo meio, algumas coisas foram ficando na minha consciencia, jogando bilhar com os meus neurónios (algum uso têm que ter). A tese de que Maria Madalena seria o primeiro discípulo, muito próxima de Cristo, e que talvez tenham tido descendência em conjunto, não me assusta nem um pouco.
Cristo foi um activista dos direitos humanos, advogava contra a ordem social da época, e dar a uma mulher um lugar de destaque encaixa nesta lógica. Existe até a hipótese de que há um Evangelho segundo Maria, e que foi escondido, tal como a presença mais significativa de Maria Madalena na vida de Cristo, por não ser de fácil aceitação na altura uma mulher representar tal papel. Mas os defensores desta teoria vão mais longe e dizem que eles eram casados. Se assim fosse, qual seria o interesse em apagar um matrimónio da vida de Jesus? Não seria mais interessante tomá-lo como exemplo da família cristã? Se Cristo tivesse procriado com Madalena fora do casamento, aí sim, teríamos um escândalo digno de ser apagado pelos homens da época. Não afasto esta hipótese.
Mesmo assim, tendo estas hipóteses, e outras, em mãos, não me arrefece em nada a minha fé em Cristo e nos seus ensinamentos. A mensagem permanece, e é isso que me interessa.

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