quinta-feira, setembro 28, 2006

O monstro biotécnológico

Depois de décadas a falar-se dos malefícios dos tratamentos das culturas com pesticidas, quando a ciência arranja uma forma de os evitar, reclama-se na mesma. É a vida.
Mas deixem-me partilhar conhecimento convosco. Existem três formas (que e me lembre) de modificar uma espécie a nosso prazer.
Naquela referida no artigo, o cientista\técnico trata de inserir o gene cuja função interessa, normalmente vindo de outra espécie, num local específico da informação genética da espécie receptora. Isto cria um mutante (que é o que a nossa espécie é em relação à espécie que nos precedeu), igual em tudo à espécie original, mas com a característica que se pretende da espécie dadora.
Outra forma de moldar uma espécie é o cruzamento de espécies próximas, cujas características individuais podem ser benéficas para o objectivo pretendido. Neste caso os resultados são mais imprevisiveis, porque as características que pretendemos realçar podem não ser dominantes, ou os genes que as codificam podem não ser compatíveis.
A forma mais antiga, usada pela espécie humana desde a pré-História, é a pressão selectiva. Na Natureza as espécies evoluem através de processos de mutação espôntanea (em oposição à mutação induzida descrita acima) e selecção das características, através de vários processos diferentes. Mas o Homo sapiens, além de seleccionar as espécies que mais lhe convêm, também lhes selecciona características que lhe são benéficas. As raças caninas e felinas são um bom exemplo de selecção que não aconteceria na Natureza, mas são o mais inofensivo. Nunca pensaram os puristas da Natureza que a vaca, o porco ou a galinha que comem, por exemplo, são produtos de uma selecção forçada de características que beneficiam o nosso consumo? Não são transgénicos, é verdade, mas são produtos da mais simples e antiga das biotecnologias.
Pior são os cães, gatos, roedores e aves, cujas características que hoje seleccionamos são essencialmente lúdicas e\ou estéticas. Alguns, verdadeiras aberrações. Mas quem sou eu para julgar?

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