quarta-feira, dezembro 14, 2005

Nacionalizações

Jerónimo de Sousa pretende que se pare a dinâmica de privatizações dos últimos governos. Não é de espantar. Até imagino que por ele, ou qualquer outro comunista, se nacionalizava tudo de novo. E para quê? Porquê? Não posso senão deduzir, a partir daquilo que tenho entendido dos rumos políticos que defendem os comunistas Portugueses.
Em primeiro lugar, deduzo que seja para acabar com os ricos e as famílias do capital que, segundo eles, têm mais dinheiro que a média, aparentemente sem trabalhar. Não entendem os comunistas nacionais que nem todos os que fazem fortuna, o fazem de forma ilegal. Com exploração do proletariado, talvez, mas não podemos dar à palavra exploração uma conotação negativa neste caso. Os grandes empresários exploram as suas ideias e os benefícios risco que assumiram, as ideias daqueles que são pagos por eles para as ter, e o trabalho, mais ou menos manual, mais ou menos especializado, daqueles que também para isso são pagos. Se o operário não o quizer ser, que assuma ele o risco. Não ter capital é uma desculpa fraca, já que todos temos, no mínimo, capital humano. Somos indivíduos com ideias únicas.
Por outro lado, posso arriscar que se pretende o emprego pleno. Com o estado como patrão, pode inventar-se trabalho para todos. Mas um patrão que tem em vista apenas dar emprego esquece-se do lucro, muito difícil numa empresa em que ninguém precisa de produzir para manter o emprego. Cortar nos gastos reduzindo os salários seria a solução mais fácil, já que até o gestor da empresa se acomoda ao posto, sem ameaça de falência (a não ser que esta seja a do próprio Estado). Seria o fim da concorrência, que nos faz correr mais depressa numa pista de atletismo, por exemplo. A ambição seria reduzida à política, pois os patrões decidem o seu próprio salário... Verdade? O Estado caíria em depressão, tanto económica, como política, e até psicológica, sem nada por que lutar.
Já agora: ouvi na rádio, há uns dias atrás, noticiar-se um estudo europeu em que os Portugueses foram retratados como aqueles que menos querem assimir o risco de serem o patrão. Preferem que os outros o assumam, e que lhes dêem emprego. É uma questão de níveis de responsabilidade.
(Não me afirmo, nem posso, como um exemplo de responsabilidade. "Faz o que eu digo, não faças o que eu faço". Ehehe)

5 comentários:

ZP disse...

A razão das nacionalizações (ou de evitar as privatizações) não é nenhuma das que referiste mas sim para evitar que empresas privadas possuam recursos vitais e estratégicos de um pais (não esquecer que a água, por exemplo, é classificada a partir da aprovação da directiva quadro da água, pela União Europeia, como um recurso estratégico para qq país) e possam manipular os preços à sua vontade. A função de um Estado, nesse caso, ou de uma "empresa estatal" é fazer com que os recursos que controla estejam disponíveis para todas as pessoas e não apenas para quem pode pagar mais por ele! Papel esse que considero cada vez mais importante e que se torna neccessário assegurar para o futuro!

Abraço!

Gonçalo Taipa Teixeira disse...

Mas a água não é de ninguém, e o estado pode perfeitamente fixar os preços (excepção!) da sua distribuição. Mas a TAP, a EDP (depois de liberalizado o mercado) e outras, fariam melhor serviço ao consumidor se ficassem à mercê das leis de mercado.

ZP disse...

Exactamente! Concordo totalmente com o nosso amigo abtursio! O grande problema é que o Estado perde o controle sobre recursos estratégicos do pais (energia, água, saúde e comunicações são um bom exemplo)e fica sem forma de reagir se os novos "donos" desses recursos manipularem os preços como se viu nos combustiveis mas também como se ve ao nível das comunicações móveis onde os tarifarios são prácticamente iguais! A manipulação de preços por parte das empresas é proibida mas é nítido que é práctica comum em Portugal! Aliás é só recordar como há bem pouco tempo foram multadas uma série de companhias farmaceuticas por fazerem isso!
No caso da privação dos recursos estratégicos do país os mecanismos de controle são ineficazes (para não dizer nulos ou que existem apenas no papel) e não se pode arriscar que empresas privadas possam mandar e desmandar à sua vontade, pois, como se sabe, quem se lixa é sempre o mexilhão (que em Portugal cada vez mais é mexilhinho... ;))!

Abraço!

Gonçalo Taipa Teixeira disse...

Vocês só vêem o imediato. O emprego pleno é o ideal, mas não real.
O emprego pleno imposto, que é o que apregoa o PCP, conscientemente ou não, só leva à acomodação: Se eu tenho emprego garantido, para que é que me hei-de esforçar? Se vocês acham que um país anda para a frente com pessoas que não fazem NADA nada além do nacessário, digam-me o que é que andam a fumar... ;)
Abtúrsio: Então uma empresa que sabe que se tiver prejuízo o estado paga, é competitiva? Acorda e olha para o Mundo, rapaz. Posso dar-te o exemplo da TAP, que antes de chegar este brazuca só dava prejuízo, e o estado injectava capital... Além disso, como é protegida por rotas que nenhuma outra empresa pode fazer, prejudica os utentes. (posso falar das linhas Continente - Madeira, por exemplo: sabes que, neste momento, é mais barato ires do Porto a umas quantas capitais europeias, do que do Porto à Madeira? E não estou a falar de vôos low-cost)

GoEThe disse...

Se calhar fica mais barato passarem por Amesterdão para me visitarem antes de passarem umas férias na Madeira. E aí podem fumar o que quiserem, e continuam esta discussão. Um abraço.